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Abrir mão de SP é "decadência", diz Rui Falcão
Líder do PT na Assembleia indica que bancada não cogita ceder candidatura própria ao governo em favor de Ciro (PSB)
"Quem acha que o PT não deve ter candidato próprio é também porque acha que nós vamos perder, o que contraria nossa história", diz
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A possibilidade de o PT não
ter candidato próprio ao governo do Estado seria um "atestado de decadência" do partido
em São Paulo, avalia o líder da
sigla na Assembleia Legislativa,
deputado estadual Rui Falcão.
Na semana que passou, a
bancada paulista dos petistas
reagiu à articulação para fazer
do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) o candidato do
presidente Lula em São Paulo.
O grupo vai apresentar nota em
defesa da candidatura própria
em reunião amanhã com representantes da ala nacional para
debater o cenário eleitoral no
Estado para 2010.
Um dos homens mais próximos da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), Falcão afirma que
ela já decidiu ser candidata,
mas ainda não sabe a que cargo.
Na hipótese de a candidatura
do deputado federal Antonio
Palocci (PT-SP) não se viabilizar, estaria aberta a tentar mais
uma vez o governo.
Um dos principais alvos das
críticas de Falcão são os articuladores, dentro do PT, do projeto Ciro em São Paulo. "Quem
acha que o PT não deve ter candidato próprio é também porque acha que nós vamos perder,
o que contraria nossa história."
"O pavão de hoje pode ser o
espanador de amanhã", diz,
sem citar nomes, numa referência indireta a negociações
por meio da imprensa, e não
nos mecanismos partidários.
FOLHA - A bancada do PT decidiu
emitir uma nota reafirmando a candidatura própria. É uma resposta à
alternativa Ciro Gomes?
RUI FALCÃO - O PSB tem todo o
direito de lançar o deputado Ciro Gomes a qualquer cargo. Ele
tem qualidades políticas para
qualquer função. Nossa decisão
não é contrária ao Ciro.
FOLHA - Um dos argumentos em
favor da candidatura Ciro é que o PT
não tem nomes fortes.
FALCÃO - Não concordo. A participação do PT nas eleições estaduais tem sido crescente. Em
2006, para os que achavam que
o PT fora liquidado pelo episódio do dossiê, nós fizemos o
candidato do PSDB recuar na
votação no segundo turno.
Pretender que o PT não tenha candidato forte em São
Paulo é uma espécie de atestado de decadência do PT de São
Paulo. Isso não significa que a
gente não converse com os aliados, que não procure chapa
conjunta ou não possa ter pacto
de primeiro e segundo turno.
FOLHA - O senhor descarta um
apoio do PT à candidatura Ciro?
FALCÃO - Na minha opinião, isso não soma nada ao objetivo
prioritário, que é a eleição da
ministra Dilma. A melhor maneira de fortalecer a candidatura da ministra em São Paulo seria candidatura própria do PT.
FOLHA - O senhor teme uma intervenção do PT nacional?
FALCÃO - Não acredito que isso
vá ocorrer. Entre outros motivos, porque essas tentativas de
anular o PT nos principais Estados já têm provocado um certo mal-estar, seja em Minas, seja no Rio Grande do Sul.
Justamente num período em
que o PT tem chance de vitória,
abdicar disso, a um ano da eleição, significa também entrarmos em qualquer negociação
futura em desvantagem.
FOLHA - Qual a possibilidade de o
PT-SP apoiar a candidatura Ciro?
FALCÃO - Hoje o que nós temos
é a decisão de candidatura própria. E nós não sabemos se há
disposição do PSB de apresentar a candidatura do Ciro.
FOLHA - Ciro Gomes disse que não
seria o PT se o partido não defendesse candidatura própria.
FALCÃO - Também disse que
considerava essa hipótese uma
fofoca. Prefiro não discutir fofoca. É preciso tomar cuidado
com iniciativas individuais que
às vezes são bem-intencionadas e acabam criando constrangimentos. Há quem diga que o
pavão de hoje pode ser o espanador de amanhã.
FOLHA - Qual a disposição de Marta
de concorrer ao governo em 2010?
FALCÃO - Eu a respeito muito,
mas não sou seu porta-voz. Ela
disse que apoia a candidatura
ao governo de Palocci. Ela disse
o seguinte: "Caso ele não seja
candidato, eu considero a questão em aberto". Outra declaração dela: "Vou ser candidata".
Tire daí as conclusões.
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