São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Abrir mão de SP é "decadência", diz Rui Falcão

Líder do PT na Assembleia indica que bancada não cogita ceder candidatura própria ao governo em favor de Ciro (PSB)

"Quem acha que o PT não deve ter candidato próprio é também porque acha que nós vamos perder, o que contraria nossa história", diz


PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A possibilidade de o PT não ter candidato próprio ao governo do Estado seria um "atestado de decadência" do partido em São Paulo, avalia o líder da sigla na Assembleia Legislativa, deputado estadual Rui Falcão.
Na semana que passou, a bancada paulista dos petistas reagiu à articulação para fazer do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) o candidato do presidente Lula em São Paulo. O grupo vai apresentar nota em defesa da candidatura própria em reunião amanhã com representantes da ala nacional para debater o cenário eleitoral no Estado para 2010.
Um dos homens mais próximos da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), Falcão afirma que ela já decidiu ser candidata, mas ainda não sabe a que cargo. Na hipótese de a candidatura do deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) não se viabilizar, estaria aberta a tentar mais uma vez o governo. Um dos principais alvos das críticas de Falcão são os articuladores, dentro do PT, do projeto Ciro em São Paulo. "Quem acha que o PT não deve ter candidato próprio é também porque acha que nós vamos perder, o que contraria nossa história."
"O pavão de hoje pode ser o espanador de amanhã", diz, sem citar nomes, numa referência indireta a negociações por meio da imprensa, e não nos mecanismos partidários.

 

FOLHA - A bancada do PT decidiu emitir uma nota reafirmando a candidatura própria. É uma resposta à alternativa Ciro Gomes?
RUI FALCÃO
- O PSB tem todo o direito de lançar o deputado Ciro Gomes a qualquer cargo. Ele tem qualidades políticas para qualquer função. Nossa decisão não é contrária ao Ciro.

FOLHA - Um dos argumentos em favor da candidatura Ciro é que o PT não tem nomes fortes.
FALCÃO
- Não concordo. A participação do PT nas eleições estaduais tem sido crescente. Em 2006, para os que achavam que o PT fora liquidado pelo episódio do dossiê, nós fizemos o candidato do PSDB recuar na votação no segundo turno. Pretender que o PT não tenha candidato forte em São Paulo é uma espécie de atestado de decadência do PT de São Paulo. Isso não significa que a gente não converse com os aliados, que não procure chapa conjunta ou não possa ter pacto de primeiro e segundo turno.

FOLHA - O senhor descarta um apoio do PT à candidatura Ciro?
FALCÃO
- Na minha opinião, isso não soma nada ao objetivo prioritário, que é a eleição da ministra Dilma. A melhor maneira de fortalecer a candidatura da ministra em São Paulo seria candidatura própria do PT.

FOLHA - O senhor teme uma intervenção do PT nacional?
FALCÃO
- Não acredito que isso vá ocorrer. Entre outros motivos, porque essas tentativas de anular o PT nos principais Estados já têm provocado um certo mal-estar, seja em Minas, seja no Rio Grande do Sul. Justamente num período em que o PT tem chance de vitória, abdicar disso, a um ano da eleição, significa também entrarmos em qualquer negociação futura em desvantagem.

FOLHA - Qual a possibilidade de o PT-SP apoiar a candidatura Ciro?
FALCÃO
- Hoje o que nós temos é a decisão de candidatura própria. E nós não sabemos se há disposição do PSB de apresentar a candidatura do Ciro.

FOLHA - Ciro Gomes disse que não seria o PT se o partido não defendesse candidatura própria.
FALCÃO
- Também disse que considerava essa hipótese uma fofoca. Prefiro não discutir fofoca. É preciso tomar cuidado com iniciativas individuais que às vezes são bem-intencionadas e acabam criando constrangimentos. Há quem diga que o pavão de hoje pode ser o espanador de amanhã.

FOLHA - Qual a disposição de Marta de concorrer ao governo em 2010?
FALCÃO
- Eu a respeito muito, mas não sou seu porta-voz. Ela disse que apoia a candidatura ao governo de Palocci. Ela disse o seguinte: "Caso ele não seja candidato, eu considero a questão em aberto". Outra declaração dela: "Vou ser candidata". Tire daí as conclusões.


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