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Decisão deve mudar cursos de jornalismo
Fim da obrigatoriedade do diploma, determinada na semana passada pelo Supremo, provoca discussão em universidades
Diretores de escolas dizem
que procura por cursos não
deve diminuir e comparam
futuro da carreira ao que
ocorre com publicitários
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O fim da obrigatoriedade do
diploma de jornalismo, determinada pelo STF (Supremo
Tribunal Federal), deve aumentar a qualidade dos cursos
e trazer mudanças nas grades
curriculares ou nas opções de
formação oferecidas.
A opinião é de professores e
diretores dos principais cursos
de jornalismo do país. Para
muitos deles, a decisão irá
"reestruturar a categoria".
À frente das escolas de jornalismo, especialistas preveem a
oferta de mais opções de pós-graduação na área e até a possibilidade de uma volta ao currículo em que os alunos faziam
primeiro disciplinas humanísticas e, nos últimos anos da graduação, as disciplinas práticas.
A opção abriria a chance para
pessoas com formações em outras áreas cursarem uma habilitação em jornalismo, mais curta que um curso universitário
integral. Todas essas possibilidades estão em discussão no
Ministério da Educação, onde
um grupo vem estudando modificações nos currículos.
Hugo Santos, diretor de Comunicação e Artes da Estácio
Ensino Superior, aposta em
cursos mais tecnológicos e ampliação das opções de pós-graduação em jornalismo.
O professor José Marques de
Melo, que atua na Universidade
Metodista de São Paulo, vê nos
mestrados profissionalizantes
uma tendência, como ocorre
nos EUA. Apesar disso, ele defende a boa formação de jornalistas generalistas, para que os
jornais atendam a um público
cada vez mais amplo.
A valorização da formação
universitária específica na área
e a procura por vagas oferecidas nos vestibulares não devem
sofrer modificações, dizem
professores e diretores.
Muitos comparam o futuro
de seus cursos ao que já ocorre
na publicidade -profissão na
qual o diploma não é uma exigência. "Os empresários da publicidade procuram estagiários
e profissionais com formação
na área e a procura pelos cursos
é muito alta", diz Ricardo
Schneiders, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
José Luiz Proença, da Escola
de Comunicação e Artes da
USP, lembra que os cursos de
jornalismo são anteriores ao
decreto-lei de 1969 -parcialmente derrubado pelo STF.
"No tempo anterior à obrigatoriedade [do diploma], os cursos
já tinham procura", diz.
Leonel Aguiar, coordenador
do curso de jornalismo da PUC-RJ, diz que os cursos "com excelência acadêmica" continuarão sendo procurados pelos que
querem se iniciar na profissão.
"Quem tem talento e quiser
ser um bom jornalista vai aproveitar muito se escolher um
bom curso", afirma Carlos Costa, coordenador de Jornalismo
da Cásper Líbero.
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