São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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Marcos Valério esteve sete vezes na Casa Civil

ANDRÉA MICHAEL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado ser o principal operador do "mensalão", esteve pelo menos sete vezes no Palácio do Planalto entre maio de 2003 e abril de 2005. Em todas as ocasiões, seu destino foi a Casa Civil, chefiada entre janeiro de 2003 e meados do mês passado pelo deputado José Dirceu (PT-SP).
Além da ex-assessora especial Sandra Rodrigues Cabral, Valério visitou o também ex-assessor especial da Casa Civil Marcelo Sereno, recém-afastado da função de secretário de Comunicação do PT. Nos demais registros, o empresário apresentou como "visitado" o nome de três secretárias da Casa Civil.
De acordo com os registros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República obtidos pela reportagem, Sereno foi visitado pelo empresário em 8 de janeiro de 2004. O GSI faz o controle de visitas no Planalto.
Procurado ontem pela Folha, Sereno informou que o empresário demonstrou interesse em fazer campanhas eleitorais no Estado do Rio de Janeiro.
Acabou, efetivamente, fazendo a campanha derrotada do petista Paulo Roberto de Oliveira à Prefeitura de Petrópolis -uma das três únicas campanhas de petistas que o empresário diz ter feito, ao lado de São Bernardo do Campo e Osasco (ambas na Grande São Paulo).
Sereno foi exonerado da Casa Civil em maio do ano passado, três meses após ter vindo à tona o caso Waldomiro Diniz. O economista Sereno atuava no Planalto na distribuição de cargos e nomeações partidárias no governo, principalmente as ligadas ao PMDB.
Já Sandra Cabral, exonerada nesta semana da Casa Civil depois de ter seu nome ligado a Marcos Valério, recebeu o empresário nos dias 7 de dezembro de 2004 e 19 de abril deste ano.
Em entrevistas à imprensa, ela afirmou que, nas "poucas vezes" que recebeu o empresário, tratou do futuro político do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que pretenderia se candidatar a deputado federal por Goiás.
Apontada como interlocutora de Valério no Planalto, Cabral e Sereno atuaram juntos na CUT. Sua função era chefiar a equipe de assessores especiais e acompanhar o preenchimento de cargos de confiança na Esplanada dos Ministérios.
Em recente entrevista à "Veja", Valério disse que costumava visitar Sandra Cabral na "ante-sala" de Dirceu, que também deixou o cargo de ministro após onda de denúncias contra ele.
O primeiro registro da entrada de Valério no Palácio no governo petista é de 14 de maio de 2003. Procurou a secretária da Casa Civil Marleide Lopes, que autorizou sua entrada. Em 20 de abril de 2004, a entrada do empresário foi autorizada pela secretária da Casa Civil Marília Ramos Chaves. A secretária Mônica Masneschy Teixeira, que deixou o cargo no Planalto em abril passado, foi visitada duas vezes por Valério: em 11 de janeiro e em 1º de fevereiro deste ano. Ontem, a assessoria da Casa Civil disse que as secretárias citadas tinham a função de apenas autorizar a entrada do empresário no Planalto.


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