|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marcos Valério esteve sete vezes na Casa Civil
ANDRÉA MICHAEL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza,
acusado ser o principal operador do "mensalão", esteve
pelo menos sete vezes no Palácio do Planalto entre maio
de 2003 e abril de 2005. Em
todas as ocasiões, seu destino foi a Casa Civil, chefiada
entre janeiro de 2003 e meados do mês passado pelo deputado José Dirceu (PT-SP).
Além da ex-assessora especial Sandra Rodrigues Cabral, Valério visitou o também ex-assessor especial da
Casa Civil Marcelo Sereno,
recém-afastado da função de
secretário de Comunicação
do PT. Nos demais registros,
o empresário apresentou como "visitado" o nome de
três secretárias da Casa Civil.
De acordo com os registros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da
Presidência da República
obtidos pela reportagem, Sereno foi visitado pelo empresário em 8 de janeiro de
2004. O GSI faz o controle de
visitas no Planalto.
Procurado ontem pela Folha, Sereno informou que o
empresário demonstrou interesse em fazer campanhas
eleitorais no Estado do Rio
de Janeiro.
Acabou, efetivamente, fazendo a campanha derrotada do petista Paulo Roberto
de Oliveira à Prefeitura de
Petrópolis -uma das três
únicas campanhas de petistas que o empresário diz ter
feito, ao lado de São Bernardo do Campo e Osasco (ambas na Grande São Paulo).
Sereno foi exonerado da
Casa Civil em maio do ano
passado, três meses após ter
vindo à tona o caso Waldomiro Diniz. O economista
Sereno atuava no Planalto
na distribuição de cargos e
nomeações partidárias no
governo, principalmente as
ligadas ao PMDB.
Já Sandra Cabral, exonerada nesta semana da Casa Civil depois de ter seu nome ligado a Marcos Valério, recebeu o empresário nos dias 7
de dezembro de 2004 e 19 de
abril deste ano.
Em entrevistas à imprensa,
ela afirmou que, nas "poucas
vezes" que recebeu o empresário, tratou do futuro político do ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares, que pretenderia se candidatar a deputado federal por Goiás.
Apontada como interlocutora de Valério no Planalto,
Cabral e Sereno atuaram
juntos na CUT. Sua função
era chefiar a equipe de assessores especiais e acompanhar o preenchimento de
cargos de confiança na Esplanada dos Ministérios.
Em recente entrevista à
"Veja", Valério disse que
costumava visitar Sandra
Cabral na "ante-sala" de Dirceu, que também deixou o
cargo de ministro após onda
de denúncias contra ele.
O primeiro registro da entrada de Valério no Palácio
no governo petista é de 14 de
maio de 2003. Procurou a secretária da Casa Civil Marleide Lopes, que autorizou sua
entrada. Em 20 de abril de
2004, a entrada do empresário foi autorizada pela secretária da Casa Civil Marília
Ramos Chaves. A secretária
Mônica Masneschy Teixeira,
que deixou o cargo no Planalto em abril passado, foi
visitada duas vezes por Valério: em 11 de janeiro e em 1º
de fevereiro deste ano. Ontem, a assessoria da Casa Civil disse que as secretárias citadas tinham a função de
apenas autorizar a entrada
do empresário no Planalto.
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Hora das provas: Entregava dinheiro a estranhos, diz diretora Próximo Texto: STF impede saque de mulher de Valério Índice
|