|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Publicitário propõe acordo com CPI
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O empresário Marcos Valério
Fernandes propôs um acordo à
CPI dos Correios: se compromete
a dar mais detalhes sobre as operações financeiras realizadas entre ele, suas empresas e o PT. Em
troca, quer que a CPI desista de
ouvir os depoimentos de sua mulher, Renilda Cristina, e de Simone Vasconcelos, gerente financeira da SMPB e responsável por vários saques no Banco Rural.
O acordo foi proposto pelo advogado de Valério, Marcelo Leonardo, na última sexta, ao presidente da CPI, senador Delcídio
Amaral (PT-MS). A proposta ainda está no âmbito extra-oficial.
Delcídio conversou com vários
parlamentares, mas apenas hoje,
em sessão administrativa secreta,
a proposta deve ser votada.
Os parlamentares da CPI se dividiam ontem. Enquanto alguns
avaliavam que as novas informações prometidas por Valério poderiam ser importantes, outros
diziam que, dada sua preocupação, os depoimentos de Simone e
de Renilda se tornaram imprescindíveis.
A Folha apurou que Valério
tem preocupações distintas. O estado de Renilda é descrito por
membros da CPI como de "desequilíbrio", em razão das denúncias envolvendo seu marido e do
suposto caso que ele teria tido
com a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio.
Já Simone, que aparece como a
maior sacadora das contas das
agências de Valério no Rural
-cerca de R$ 9 milhões-, estaria "revoltada" e disposta a contar
detalhes do que sabe.
Remessas para o exterior
Análise da movimentação bancária dos saques e das transferência eletrônicas nos últimos dois
anos e meio das contas de Marcos
Valério no Banco Rural indica
que ele remeteu dinheiro para fora do Brasil. Só uma fração dos saques foi destinado a políticos.
De acordo com o que a Folha
apurou, há indícios de que Marcos Valério transacionava com
doleiros e há transferências para
as contas de empresas de trading
em outros bancos. Segundo especialistas, esses dados são inteiramente compatíveis com os de
pessoas que remetem dinheiro
para o exterior.
Os documentos que chegaram à
CPI dos Correios indicam que o
total da movimentação financeira
nas contas de Marcos Valério supera os saques de congressistas,
assessores e fornecedores, o que
indica que ele não distribuía recursos apenas para políticos ligados ao PT e a partidos aliados.
Nas suas contas, há transferências para contas de tradings em
outros bancos que não o Rural, o
que é um indício de remessa de
dinheiro ao exterior. Outro sinal é
o fato de muitos saques terem sido realizados por policiais civis,
que trabalhariam para doleiros.
Colaborou GUILHERME BARROS, colunista da Folha
Texto Anterior: STF impede saque de mulher de Valério Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Os doadores: Caixa 2 do PT recebeu R$ 48 mi de empresas Índice
|