São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Publicitário propõe acordo com CPI

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O empresário Marcos Valério Fernandes propôs um acordo à CPI dos Correios: se compromete a dar mais detalhes sobre as operações financeiras realizadas entre ele, suas empresas e o PT. Em troca, quer que a CPI desista de ouvir os depoimentos de sua mulher, Renilda Cristina, e de Simone Vasconcelos, gerente financeira da SMPB e responsável por vários saques no Banco Rural.
O acordo foi proposto pelo advogado de Valério, Marcelo Leonardo, na última sexta, ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). A proposta ainda está no âmbito extra-oficial. Delcídio conversou com vários parlamentares, mas apenas hoje, em sessão administrativa secreta, a proposta deve ser votada.
Os parlamentares da CPI se dividiam ontem. Enquanto alguns avaliavam que as novas informações prometidas por Valério poderiam ser importantes, outros diziam que, dada sua preocupação, os depoimentos de Simone e de Renilda se tornaram imprescindíveis.
A Folha apurou que Valério tem preocupações distintas. O estado de Renilda é descrito por membros da CPI como de "desequilíbrio", em razão das denúncias envolvendo seu marido e do suposto caso que ele teria tido com a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio.
Já Simone, que aparece como a maior sacadora das contas das agências de Valério no Rural -cerca de R$ 9 milhões-, estaria "revoltada" e disposta a contar detalhes do que sabe.

Remessas para o exterior
Análise da movimentação bancária dos saques e das transferência eletrônicas nos últimos dois anos e meio das contas de Marcos Valério no Banco Rural indica que ele remeteu dinheiro para fora do Brasil. Só uma fração dos saques foi destinado a políticos.
De acordo com o que a Folha apurou, há indícios de que Marcos Valério transacionava com doleiros e há transferências para as contas de empresas de trading em outros bancos. Segundo especialistas, esses dados são inteiramente compatíveis com os de pessoas que remetem dinheiro para o exterior.
Os documentos que chegaram à CPI dos Correios indicam que o total da movimentação financeira nas contas de Marcos Valério supera os saques de congressistas, assessores e fornecedores, o que indica que ele não distribuía recursos apenas para políticos ligados ao PT e a partidos aliados.
Nas suas contas, há transferências para contas de tradings em outros bancos que não o Rural, o que é um indício de remessa de dinheiro ao exterior. Outro sinal é o fato de muitos saques terem sido realizados por policiais civis, que trabalhariam para doleiros.


Colaborou GUILHERME BARROS, colunista da Folha

Texto Anterior: STF impede saque de mulher de Valério
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Os doadores: Caixa 2 do PT recebeu R$ 48 mi de empresas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.