|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Em discurso de improviso em Recife, presidente afirma que governo vai enfrentar dificuldades de "momento excepcional" do país
"Melhor falar do que fazer bobagem", diz Lula
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
No mesmo dia em que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
reafirmava em Brasília que o partido usou recursos não declarados
para quitar dívidas de campanhas
eleitorais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia, em Recife,
que seus discursos de improviso
podiam resultar em deslizes, mas
que achava melhor falar bobagem
do que fazer bobagem.
"Quando a gente fala de improviso, a gente pode cometer um erro e falar uma palavra imprevista.
Mas, em se tratando de bobagem,
é melhor a gente falar do que a
gente fazer", disse a uma platéia
de 1.200 jovens carentes na Universidade Federal de Pernambuco. Ainda na universidade, mas já
em outro evento, o presidente disse, em novo improviso, que separava as perspectivas do Brasil da
atual crise política. Segundo ele, o
país "entrou em um momento excepcional" de sua história, e o governo está disposto a "enfrentar o
que for necessário" para provar
que o Brasil "não vai jogar fora essa oportunidade que tem".
"Doa a quem doer, machuque a
quem machucar, sensibilize a
quem sensibilizar, este país não
fugirá ao seu destino. Este país
não tem o direito de pensar no
atraso." Aos jovens carentes atendidos pelo programa Pró-Jovem,
de educação, assistência e profissionalização, Lula falou durante
meia hora sobre a sua vida de retirante nordestino e da sua trajetória de lutas e conquistas.
Mais tarde, na inauguração do
Centro Regional de Ciências Nucleares, ouviu o agora ex-ministro
da Ciência e Tecnologia Eduardo
Campos despedir-se do cargo
afirmando que "a vida de oposição é muito melhor que a de governo". Diante do constrangimento geral, Campos emendou:
"Mas nós vamos passar ainda
muitos anos no governo".
Lula disse saber "das dificuldades e dos momentos" pelos quais
o país está passando, mas afirmou
também acreditar que "Deus não
faz nada que não seja preciso fazer". Em seguida, fez um balanço
dos seus 30 meses de seu governo.
Na platéia, políticos e intelectuais,
entre eles o escritor Ariano Suassuna, ouviram o presidente falar
dos programas sociais e da política de integração internacional.
Ao comentar a geração de empregos, comparou o governo do
tucano Fernando Henrique Cardoso com o seu. "Em 30 meses,
chegamos a 3,135 milhões novos
empregos de carteira profissional
assinada neste país. De 1994 a
2002, foram criados 737 mil empregos de carteira assinada. A média mensal de empregos criados
em oito anos, de carteira assinada,
foi de apenas 8.000 empregos. A
nossa média é de 101 mil novos
empregos criados a cada mês."
Segundo Lula, "algumas pessoas" ficam incomodadas quando
vêem o governo "gastando R$ 7
bilhões com pobre". "Ele já fica:
"por que esse dinheiro não está no
banco para eu pedir emprestado?". É aquele empréstimo a tempo [sic] perdido, aquele que não
paga nunca mais." Segundo ele,
"este país tem que agir enquanto
nação. Estou feliz, porque os dados que podemos mostrar nesse
país, são dados extremamente
significativos", afirmou.
Antes dos discursos na universidade, Lula tomou café da manhã
com o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Texto Anterior: Helena "vai à forra" contra ex-tesoureiro Próximo Texto: Frases Índice
|