São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE

Em discurso de improviso em Recife, presidente afirma que governo vai enfrentar dificuldades de "momento excepcional" do país

"Melhor falar do que fazer bobagem", diz Lula

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

No mesmo dia em que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares reafirmava em Brasília que o partido usou recursos não declarados para quitar dívidas de campanhas eleitorais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia, em Recife, que seus discursos de improviso podiam resultar em deslizes, mas que achava melhor falar bobagem do que fazer bobagem.
"Quando a gente fala de improviso, a gente pode cometer um erro e falar uma palavra imprevista. Mas, em se tratando de bobagem, é melhor a gente falar do que a gente fazer", disse a uma platéia de 1.200 jovens carentes na Universidade Federal de Pernambuco. Ainda na universidade, mas já em outro evento, o presidente disse, em novo improviso, que separava as perspectivas do Brasil da atual crise política. Segundo ele, o país "entrou em um momento excepcional" de sua história, e o governo está disposto a "enfrentar o que for necessário" para provar que o Brasil "não vai jogar fora essa oportunidade que tem".
"Doa a quem doer, machuque a quem machucar, sensibilize a quem sensibilizar, este país não fugirá ao seu destino. Este país não tem o direito de pensar no atraso." Aos jovens carentes atendidos pelo programa Pró-Jovem, de educação, assistência e profissionalização, Lula falou durante meia hora sobre a sua vida de retirante nordestino e da sua trajetória de lutas e conquistas.
Mais tarde, na inauguração do Centro Regional de Ciências Nucleares, ouviu o agora ex-ministro da Ciência e Tecnologia Eduardo Campos despedir-se do cargo afirmando que "a vida de oposição é muito melhor que a de governo". Diante do constrangimento geral, Campos emendou: "Mas nós vamos passar ainda muitos anos no governo".
Lula disse saber "das dificuldades e dos momentos" pelos quais o país está passando, mas afirmou também acreditar que "Deus não faz nada que não seja preciso fazer". Em seguida, fez um balanço dos seus 30 meses de seu governo. Na platéia, políticos e intelectuais, entre eles o escritor Ariano Suassuna, ouviram o presidente falar dos programas sociais e da política de integração internacional.
Ao comentar a geração de empregos, comparou o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso com o seu. "Em 30 meses, chegamos a 3,135 milhões novos empregos de carteira profissional assinada neste país. De 1994 a 2002, foram criados 737 mil empregos de carteira assinada. A média mensal de empregos criados em oito anos, de carteira assinada, foi de apenas 8.000 empregos. A nossa média é de 101 mil novos empregos criados a cada mês."
Segundo Lula, "algumas pessoas" ficam incomodadas quando vêem o governo "gastando R$ 7 bilhões com pobre". "Ele já fica: "por que esse dinheiro não está no banco para eu pedir emprestado?". É aquele empréstimo a tempo [sic] perdido, aquele que não paga nunca mais." Segundo ele, "este país tem que agir enquanto nação. Estou feliz, porque os dados que podemos mostrar nesse país, são dados extremamente significativos", afirmou.
Antes dos discursos na universidade, Lula tomou café da manhã com o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).


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