São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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PP exige e Lula dá Cidades a Fortes

EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo diante da pressão de petistas e de movimentos sociais pela manutenção de Olívio Dutra (PT-RS) no Ministério das Cidades, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ao presidente do PP, Pedro Corrêa, que a pasta será entregue hoje à tarde a Márcio Fortes, atual secretário-executivo do Desenvolvimento e amigo do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Ontem, durante visita a Pernambuco, Lula ficou sabendo das sinalizações de Severino nas quais a nomeação de Fortes no lugar de Olívio seria a única forma de um indicado do PP participar do primeiro escalão do governo federal.
Lula disse a Olívio, anteontem, que precisava de seu cargo para atender a uma exigência do presidente da Câmara -no caso, a nomeação de Fortes, que, apesar de não ser filiado ao PP, atuou com ministros do partido nos governos Fernando Collor (1990-1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
O anúncio da demissão de Olívio criou um clima de indignação entre petistas e movimentos sociais ligados à questão da moradia. À frente daqueles que são contrários à saída do petista estão os ministros Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Dilma Rousseff (Casa Civil) e o senador Paulo Paim, todos do PT do Rio Grande do Sul.
Ciente de tal movimentação, Lula decidiu adiar por 48 horas o anúncio oficial da troca de Olívio por Fortes. Oficialmente, está marcado para hoje o anúncio da última etapa da segunda reforma ministerial do governo, que se arrasta há semanas.
Tanto no Palácio do Planalto como na cúpula do PP poucos acreditam que o presidente Lula seja capaz de recuar de um compromisso assumido com Severino. No momento em que o governo enfrenta sua pior crise política, a ruptura com o presidente da Câmara significaria, na prática, a ampliação dos problemas de governabilidade no Congresso.

Severino
Fortes deve assumir o governo como uma cota pessoal de Severino, pois a bancada do PP na Câmara não aprovou a participação oficial do partido no primeiro escalão do governo Lula.
Há ainda outros agravantes a um eventual recuo de Lula. O primeiro fator é que Fortes foi convidado anteontem pelo presidente e, imediatamente após deixar o Planalto, telefonou a Severino comunicando sua aceitação. Outro ponto remete a março passado, quando Lula cancelou mudanças na Esplanada dos Ministério por conta de um ultimato público de Severino, que ameaçou levar o PP à oposição caso integrantes do partido não fossem indicados ao primeiro escalão do governo.
Ontem, Olívio passou o dia trancado em seu gabinete recebendo telefonemas de solidariedades e posando para fotografias ao lado de funcionários do ministério, que o procuraram diante das notícias de sua demissão.
"O Olívio deveria ficar no governo. Diante das circunstâncias [crise política], ele cumpre hoje um papel importante no governo", disse o senador Paim.
"O presidente deve estar considerando mantê-lo no cargo. Há um projeto que está em andamento", afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Hoje, no final da tarde, Lula dará posse a Sérgio Rezende (PSB) no Ministério de Ciência e Tecnologia, que assume na vaga do deputado Eduardo Campos (PSB), que volta à Câmara.
No mesmo evento, no Palácio do Planalto, Fortes pode ser oficializado na pasta das Cidades.


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