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PP exige e Lula dá Cidades a Fortes
EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo diante da pressão de petistas e de movimentos sociais pela manutenção de Olívio Dutra
(PT-RS) no Ministério das Cidades, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem ao presidente
do PP, Pedro Corrêa, que a pasta
será entregue hoje à tarde a Márcio Fortes, atual secretário-executivo do Desenvolvimento e amigo
do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
Ontem, durante visita a Pernambuco, Lula ficou sabendo das
sinalizações de Severino nas quais
a nomeação de Fortes no lugar de
Olívio seria a única forma de um
indicado do PP participar do primeiro escalão do governo federal.
Lula disse a Olívio, anteontem,
que precisava de seu cargo para
atender a uma exigência do presidente da Câmara -no caso, a nomeação de Fortes, que, apesar de
não ser filiado ao PP, atuou com
ministros do partido nos governos Fernando Collor (1990-1992)
e Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002).
O anúncio da demissão de Olívio criou um clima de indignação
entre petistas e movimentos sociais ligados à questão da moradia. À frente daqueles que são
contrários à saída do petista estão
os ministros Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Dilma
Rousseff (Casa Civil) e o senador
Paulo Paim, todos do PT do Rio
Grande do Sul.
Ciente de tal movimentação,
Lula decidiu adiar por 48 horas o
anúncio oficial da troca de Olívio
por Fortes. Oficialmente, está
marcado para hoje o anúncio da
última etapa da segunda reforma
ministerial do governo, que se arrasta há semanas.
Tanto no Palácio do Planalto
como na cúpula do PP poucos
acreditam que o presidente Lula
seja capaz de recuar de um compromisso assumido com Severino. No momento em que o governo enfrenta sua pior crise política,
a ruptura com o presidente da Câmara significaria, na prática, a
ampliação dos problemas de governabilidade no Congresso.
Severino
Fortes deve assumir o governo
como uma cota pessoal de Severino, pois a bancada do PP na Câmara não aprovou a participação
oficial do partido no primeiro escalão do governo Lula.
Há ainda outros agravantes a
um eventual recuo de Lula. O primeiro fator é que Fortes foi convidado anteontem pelo presidente
e, imediatamente após deixar o
Planalto, telefonou a Severino comunicando sua aceitação. Outro
ponto remete a março passado,
quando Lula cancelou mudanças
na Esplanada dos Ministério por
conta de um ultimato público de
Severino, que ameaçou levar o PP
à oposição caso integrantes do
partido não fossem indicados ao
primeiro escalão do governo.
Ontem, Olívio passou o dia
trancado em seu gabinete recebendo telefonemas de solidariedades e posando para fotografias
ao lado de funcionários do ministério, que o procuraram diante
das notícias de sua demissão.
"O Olívio deveria ficar no governo. Diante das circunstâncias
[crise política], ele cumpre hoje
um papel importante no governo", disse o senador Paim.
"O presidente deve estar considerando mantê-lo no cargo. Há
um projeto que está em andamento", afirmou o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP).
Hoje, no final da tarde, Lula dará posse a Sérgio Rezende (PSB)
no Ministério de Ciência e Tecnologia, que assume na vaga do deputado Eduardo Campos (PSB),
que volta à Câmara.
No mesmo evento, no Palácio
do Planalto, Fortes pode ser oficializado na pasta das Cidades.
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