São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

O corretor

Ao flagrar Celso Pitta como integrante secundário no esquema de evasão de divisas capitaneado pelo megainvestidor Naji Nahas, a Polícia Federal encontrou indícios de que o ex-prefeito atuava, a todo vapor, como um intermediário comissionado de venda de precatórios paulistanos. As escutas que captaram o esquema, chamado pela PF de "operações ilegais com precatórios", são do telefone do escritório de Nahas.
Os diálogos mostram que Pitta tinha acesso a informações privilegiadas no Judiciário paulistano. Numa das falas, sobre um papel de R$ 90 mi da prefeitura, Pitta pede ao doleiro Carmine Enrique para "negociar já embutindo a corretagem" e afirma, confiante, que "haverá interessado se houver deságio atrativo".



Só depois. Na documentação da Operação Satiagraha, a PF cita as operações ilegais com precatórios e diz que "os fatos deverão, em momento oportuno, ser encaminhados aos órgãos competentes".

Memória. Pitta foi condenado pela Justiça neste ano por negócios ilegais com precatórios paulistanos que aconteceram quando ele era secretário de Finanças da gestão Paulo Maluf (1993-1996). Descobriu-se que ele captava dinheiro no mercado para pagar as indenizações, mas usava a verba para pagar empreiteiras de obras públicas.

Bom negócio. O mercado de "compras" de precatórios tem crescido nos últimos anos no país. Para ficarem como futuros credores das indenizações estatais, os investidores pagam em São Paulo, em média, 30% do valor de face do precatório aos que têm direito a recebê-lo -o que está de acordo com a lei.

Contracheque. Num dos diálogos interceptados pelas escutas da Satiagraha, o lobista Guilherme Sodré revela a um interlocutor, denominado "Paulo", que seu "faturamento" é de R$ 450 mil.

Xadrez. Peemedebistas que sonham com a queda de José Gomes Temporão, mas não têm fôlego para emplacar na pasta da Saúde, desenham cenário no qual Geddel Vieira Lima assumiria o posto, e a Integração Nacional, recheada com a transposição do São Francisco, sobraria para outro sortudo do partido.

Jogo é jogo. A interlocutores, o coordenador político José Múcio tem dito que acabou a fase de "se colar, colou" do projeto presidencial de Dilma Rousseff. Para Lula, a candidatura dela já está decidida, diz o auxiliar direto.

Trinca. Luizianne Lins (PT) aposta tudo nos apoios de Lula e de Cid Gomes para se reeleger na capital cearense. O slogan da campanha é "Fortaleza três vezes mais forte", e os panfletos trazem uma foto da prefeita ladeada pelo governador e pelo presidente.

De fora. São Paulo não está na lista de "experiências exitosas de administrações petistas" que consta do site elaborado pela direção da sigla para as eleições municipais. Marta Suplicy, que agora tenta voltar ao posto, comandou a cidade entre 2001 e 2004.

Pedala. Geraldo Alckmin (PSDB) percorrerá as ruas de Bogotá de bicicleta na viagem de quinta-feira à Colômbia. O tucano vai conhecer o Transmilênio (transporte público de veículo leve sobre pneus).

Mesmo peso. Kassabistas tentavam ontem traçar paralelo entre o prefeito, que segue estacionado em terceiro nas pesquisas, e o retrospecto similar de Márcio Lacerda (PSB), candidato de Aécio em BH. "Os dois governadores farão seus candidatos subirem", provoca um kassabista.

Desfalcada. Um ano depois do momento mais agudo da crise aérea, a Anac, agência responsável por regular o setor, só conseguiu preencher pouco mais de 30% das vagas em sua estrutura previstas na lei que a criou, em 2006. São 571 cargos ocupados.

com SILVIO NAVARRO e CONRADO CORSALETTE

Tiroteio

"Se o parâmetro de paciência for o mesmo que ele teve com os mensaleiros e aloprados, a inflação chegará a três dígitos até dezembro."

Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre a afirmação de Lula para quem "a palavra mágica" contra a inflação é "paciência".

Contraponto

Mas os meus cabelos...

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), recebeu o apoio do deputado federal Rogério Lisboa (DEM) para sua reeleição, a despeito das disputas de petistas e "demos" no plano nacional. Lindberg, 38, e Lisboa, 40, se reencontraram na campanha depois de muito tempo sem se verem pessoalmente.
-Nossa, você está com o cabelo todo branco! Você não faz luzes invertidas? -, questionou o petista.
-Nem sei o que é isso. Você faz? -, perguntou o deputado, usando um tom malicioso por causa da improvável preocupação estética do amigo.
Lindberg, porém, estava falando sério:
-Eu sempre faço, claro!


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