São Paulo, Quarta-feira, 21 de Julho de 1999
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PAINEL

O abacaxi é de vocês

O fato de FHC ter posto na articulação política cinco tucanos (Aloysio, Pimenta, Madeira, Virgílio e Arruda) causou mal-estar entre os aliados, especialmente no PMDB. ""O PSDB ficou com o bônus, mas também com o ônus de contar votos no Congresso e de mostrar resultado", diz o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN).

Ameaça aliada

Pela 1ª vez em sua gestão, FHC tira todos os articuladores políticos de um único partido. No caso, do PSDB. Um cardeal pefelista, reservadamente, tem avaliação mais ácida que Henrique Alves: ""É burrice. Com três anos e meio de governo pela frente, vai apanhar ou terá de ceder mais aos aliados".

Roteiro acertado

Antes de vetar a emenda Ford, o Planalto negociou até as reações de ACM e Covas. O baiano deveria elogiar a solução. Cumpriu sua parte. O governador de SP, ficar quieto, apesar de contrariado.

Ocupando espaço

Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) não quis perder a chance. Sabendo que ACM viaja hoje e só volta a Brasília no dia 27, já procurou o cacique pefelista para uma conversa.

Leão manso

Everardo Maciel tratou com ACM, no fim-de-semana, sobre os benefícios que serão concedidos para a Ford se instalar na BA. Detalhe: o secretário da Receita era contra os incentivos.

Aval baiano

Para falar com ACM, FHC precisou ligar duas vezes para o cacique pefelista. Além da Ford, só houve um assunto: a nomeação do tucano Arruda para líder do governo no Congresso.

Círculo vicioso

Tucanos voltaram a falar em reforma política no 2º semestre, mas a tendência do Congresso é só tratar do assunto após as eleições municipais. Até lá, no máximo uma ou outra questão pontual será aprovada.

Amigos e parecidos

O presidente ficou cismado com Gregori. Acha que ele trabalhou pelas seguidas recusas para o Ministério da Justiça a fim de ver se pegava a vaga. FHC crê que a Secretaria de Direitos Humanos é o máximo que pode dar a ele, que seria ""falante demais e pouco operacional", segundo palavras presidenciais a um cacique tucano.


Na conta da viúva

Covas está propenso a não intervir nos 80 municípios paulistas que estão com o pagamento atrasado de precatórios. Seu governo tem o feito o mesmo. A saída deve ser negociar com FHC a edição de uma medida provisória parcelando os débitos em oito anos e proibir a emissão de novos títulos.

Túnel sem luz

A comissão de reforma tributária está apreensiva com os últimos sinais do Planalto, que resolveu apostar fichas na aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Sem empenho de FHC, a reforma vai para o brejo.

Sem pai nem mãe

Publicamente, FHC diz que apoiará a reforma tributária. Mas não tem movido uma palha para ajudar nas negociações. A tendência é deixar o tema correr solto no Congresso.


Namoro eleitoral

Além de negociar com o PFL, Rossi tem tratado com Quércia sobre a sucessão paulistana do ano que vem. Fernando Fantauzzi, escudeiro de Rossi, esteve com o cacique do PMDB paulista na semana passada.

Visita à Folha

A primeira-dama Nicéa Pitta, presidente de honra do Casa (Centro de Apoio Social e Atendimento do Município de São Paulo), visitou ontem a Folha.
O presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), Egydio Bianchi, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Renato Faleiros, assessor especial.

TIROTEIO

Do líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), sobre a reforma do ministério:
- FHC prendeu a atenção do país por mais de uma semana para dar outra lição de ""nadalogia". Clóvis Carvalho, por exemplo, não fez nada na chefia da Casa Civil e continuará a fazer nada no Ministério do Desenvolvimento.

CONTRAPONTO

Ótica conciliadora
A posse do ministro Carlos Veloso na presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio, foi realizada sob um clima de tensão.
No Senado, já funcionava a CPI do Judiciário. Na Câmara, a oposição tentava instalar outra CPI para investigar se Fernando Henrique Cardoso beneficiara uma empresa na privatização da Telebrás.
Pelo menos Fernando Collor, convidado por seu primo Marco Aurélio de Mello, não apareceu. Mas Itamar Franco (MG), que defendia a CPI, estava lá.
FHC sentou-se ao lado de Veloso. Encarregado de saudar o ministro, Reginaldo de Castro, presidente da OAB, vestiu a beca preta e se dirigiu ao parlatório.
Sério, FHC virou-se para Veloso e comentou:
- Como o Reginaldo está gordo!
Preocupado em contemporizar, o presidente do STF fez vista grossa aos 89 quilos do presidente da OAB e aliviou:
- Não presidente, é a beca. É a beca!


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