São Paulo, Quarta-feira, 21 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MUDANÇA MINISTERIAL
No Desenvolvimento, ex-chefe da Casa Civil evita entrar em conflito com metas de ajuste
Carvalho promete "acelerar o passo"

da Sucursal de Brasília

O novo ministro do Desenvolvimento, Clóvis Carvalho, assumiu ontem o cargo prometendo ""acelerar o passo" do projeto de retomada do crescimento econômico sem entrar em conflito com o as metas do ajuste fiscal do governo.
"Temos pressa", repetiu várias vezes durante o discurso de posse, no qual deu igual importância à estabilidade e ao crescimento.
Carvalho não anunciou novas medidas que poderiam marcar a diferença em relação aos primeiros seis meses e meio de vida do ministério. Criado como carro-chefe do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, obteve até agora resultados considerados frustrantes.
O novo ministro disse que perseguirá a meta de aumentar as exportações brasileiras até US$ 100 bilhões em 2002 -a principal missão que FHC lhe deu. ""É uma convocação para valer, é um desafio nacional", afirmou. Na véspera, Carvalho disse que o prazo era ""apertado" para cumprir a meta.
""É fácil? De forma alguma. É ambiciosa, é difícil, mas é possível, sem a menor dúvida", afirmou o ministro, em entrevista, sobre a polêmica meta fixada no programa de governo de FHC na campanha da reeleição.
Apesar do comportamento tímido das exportações após a desvalorização do real, Carvalho enxerga uma recuperação das vendas externas. Ele não disse como o governo pretende tirar do papel a meta das exportações. ""Não há receita específica", respondeu.
A receita de Carvalho foi apresentada em linhas gerais no seu discurso, aplaudido por políticos, empresários e colegas de pasta.
Embora negasse que faltem linhas de financiamento aos empresários, o ministro defendeu uma política ""agressiva" de promoção de investimentos e novas iniciativas para reduzir os custos de investimentos no país. Disse que trabalhará para ver aprovada uma reforma tributária ainda neste ano e defendeu a revisão da Lei das Sociedades Anônimas.
Carvalho condenou o protecionismo e insistiu em que, para apoiar os esforços de reestruturação do sistema produtivo, ""o governo não precisa distribuir subsídios nem escolher quem perde e quem ganha".
Sobre a concessão de incentivos fiscais à futura fábrica da Ford na Bahia, Carvalho fez uma ressalva. Disse que governo estimulará a instalação de indústrias em outras áreas ""acima de São Paulo": ""Precisamos enfrentar as desigualdades regionais".
Na solenidade de transmissão de cargo, Carvalho se esforçou para neutralizar adversários dentro do próprio ministério e da base política de apoio do governo.
""Eu venho para somar. Por mais que alguns duvidem", disse, prometendo trabalhar integrado aos ministérios da Agricultura e da Integração Nacional, este ainda a oficialmente ser criado.
O ministro atribuiu a uma visão distorcida a expectativa de que seria um ""superministro". Mas sua proximidade com FHC foi apontada na solenidade por políticos e empresários como a principal chance de sucesso de Carvalho.
O ex-ministro Celso Lafer teve de pedir silêncio à platéia para poder concluir seu discurso de despedida. Em tom de mágoa, fez uma prestação de contas e elogios ao presidente e a seu sucessor.


Texto Anterior: Antes de sair, Ovídio libera R$ 32 mi a GO
Próximo Texto: A frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.