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FAB acena com plano B, mas saída é polêmica
DA AGÊNCIA FOLHA
O "apagão" no sistema de defesa aéreo brasileiro é um risco, mas
a FAB já tem um plano B pronto
para evitar isso. E o plano encerra
uma série de polêmicas.
Por conta dos atrasos do processo, e se nada mais ocorrer, os
novos caças da FAB chegam a
Anápolis em 2007. Só que o brigadeiro Carlos Almeida Baptista dá
dezembro de 2005 como o limite
para os atuais Mirage.
A solução que ele oferece ao
Conselho de Defesa Nacional é o
leasing de 12 caças Kfir C10 que
estão estocados no deserto em Israel. São basicamente Mirage modificados que deixaram de ser
operados nos anos 90.
Economicamente, diz Baptista,
é bom negócio. O preço da IAI
(Israeli Aircraft Industries) é de
cerca de US$ 95 milhões, a serem
pagos em cinco anos.
"Não vou gastar nada em adaptação com equipamento. Além
disso, por exemplo, não teria como reabastecer em vôo um F-16.
Os sistemas são diferentes do que
temos. Se o F-16 fosse escolhido
no F-X [programa de substituição
dos Mirage], poderia até ser", disse, cometendo um ato falho sobre
as chances do concorrente.
Se fizesse o leasing agora oferecido pelos russos, pela Lockheed
(F-16) e pela Dassault (Mirage),
Baptista calcularia US$ 300 milhões. "Com o Kfir e a comunicabilidade de itens de suprimento",
argumenta, "há economia".
De todo modo, o custo unitário
dos Kfir é alto, já que serão em tese descartados após dois anos:
quase US$ 8 milhões por avião.
Para comparar, na única compra recente de Kfir, o governo do
Sri Lanka pagou US$ 2 milhões
por unidade, num negócio cheio
de acusações de irregularidades.
Por fim, uma discussão técnica.
Ao reequipar sua frota de F-5, a
FAB aceitou como padrão o radar
Grifo F, da italiana Alenia, em detrimento ao israelense Elta-2032
-o usado pelo Kfir. "Não há problemas, será apenas uma experiência de uso de equipamentos
diferentes", defendeu Baptista.
Para Israel, é bom negócio. É difícil lucrar com material bélico velho. Em 1998, Tel Aviv auferiu cerca de US$ 200 milhões vendendo
aviões descartados. Só um caça F-15 novo, como o usado pelo país,
custa US$ 85 milhões.
O principal lobista da idéia Kfir
na Aeronáutica é o brigadeiro reformado Lauro Ney Menezes,
presidente da Associação Brasileira de Aviação de Caça e representante da IAI no Brasil.
Ele foi comandante de Baptista
na década de 70, na Base de Santa
Cruz (RJ), e é tido como muito influente junto ao atual chefe da
FAB. Ele não foi localizado para
comentar o caso.
(IGOR GIELOW)
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