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TRANSIÇÃO
Incertezas diminuíram, dizem investidores
Wall Street elogia os encontros de FHC, mas a preocupação persiste
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Há duas maneiras de verificar o
impacto sobre os mercados da
reunião entre Fernando Henrique
Cardoso e os presidenciáveis sobre os mercados: olhar os números e colher declarações.
A julgar pela maioria das declarações em Wall Street, a reação foi
levemente positiva ou neutra.
"Foi um avanço, apesar de os candidatos não terem abraçado expressamente o acordo", disse à
Folha Tom Trebat, analista-chefe
do banco de investimentos Salomon Smith Barney. "As incertezas políticas ficaram reduzidas",
afirmou Henry Stipp, da Threadneedle Investments.
No entanto, os números não foram tão animadores. O risco Brasil fechou em alta de 1,2%, para 23
pontos. O C-Bond, principal título da dívida brasileira negociado
no exterior, caiu 0,3%, para
56,43% de seu valor de face.
A explicação para a contradição
entre as palavras e os números é
que outros fatores impactaram os
mercados ontem. Os investidores
aproveitaram para vender papéis
brasileiros que compraram quando estavam pouco acima da metade do valor de face, há alguns dias.
No entanto, há outra explicação. Os mercados aprovaram a
reunião de FHC, mas sem muita
ênfase. "É inegável que o saldo
dos encontros foi positivo, pois
todos os candidatos mostraram
que estão tendendo ao centro",
disse Trebat. "Mas isso não significa que as incertezas desapareceram. Os compromissos continuam vagos, sem detalhes. Na
verdade, ninguém tem certeza se,
se forem eleitos, os candidatos pedirão para mudar o acordo."
O presidente do Conselho de
Economistas da Casa Branca,
Glenn Hubbard, disse que "encontros como esse" ajudam a dissipar as dúvidas e criam "chances
muito maiores" de o programa do
FMI com o Brasil dar certo. Mas
deixou claro que ainda há incertezas eleitorais e que elas dificultam
a normalização dos mercados.
Walter Molano, da corretora
BCP, acredita que não são as conversas do governo com os candidatos que vão guiar os mercados,
mas sim a dinâmica da dívida
brasileira. Michael Mussa, ex-diretor do FMI, concorda. "Iniciativas como essa criam a ilusão de
que a crise é política. Não é. A culpa não é dos candidatos, mas da
dívida acumulada nos cinco primeiros anos do atual governo."
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