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AMAPÁ
Cerca de 3.000 abadás usados em micareta faziam campanha para a governadora Dalva Figueiredo, que disputa reeleição
Petista é acusada de propaganda irregular
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
A governadora do Amapá e candidata à reeleição, Dalva Figueiredo (PT), foi beneficiada com propaganda irregular, segundo a Procuradoria Eleitoral, em um evento
que recebeu R$ 300 mil de patrocínio do próprio governo estadual. Ela corre o risco de ter sua
candidatura cassada.
Cerca de 3.000 abadás do Macapá Folia, uma micareta (Carnaval
fora de época) local realizada no
começo do mês, traziam estampada nas costas propaganda da
candidatura de Dalva.
No entender da Procuradoria,
foi caracterizado uso indevido da
máquina do Estado em favor da
campanha da governadora. Dalva
alega que a propaganda foi uma
iniciativa da empresa organizadora do Macapá Folia e que nem ela
nem o PT foram consultados previamente.
"De qualquer forma, houve irregularidade. A propaganda não
pode ser paga com dinheiro público", disse Manoel Pastana, procurador eleitoral do Amapá.
"A punição pode ser o pedido
de cassação da candidatura, se for
comprovado o dolo [intenção],
ou no mínimo o pagamento de
multa", afirma o procurador.
Dois blocos da micareta usaram
os abadás com propaganda de
Dalva. O nome do candidato do
PT ao Senado, Lourival Freitas,
também aparecia.
A Procuradoria Eleitoral teve
conhecimento da irregularidade
antes da realização do evento
-nos dias 2, 3 e 4- e chegou a
enviar uma notificação à empresa
organizadora, Splash Produções e
Eventos.
Segundo a Procuradoria, a
Splash alegou que não teria condições de substituir os abadás e
que teria que distribui-los. A Comissão de Fiscalização da Propaganda do TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) do Amapá fotografou e
filmou o evento para fundamentar ação contra Dalva.
Abuso de poder
O TRE também recebeu denúncia feito pelo candidato a deputado estadual pela Frente Trabalhista Antônio Maria Costa Silva
(PSL), acusando a governadora
de "abuso de poder econômico"
pelo "uso indecoroso da máquina
do Estado" e exigindo a apresentação do contrato entre o governo
e a Splash.
O Macapá Folia tradicionalmente é realizado em convênio
entre uma empresa organizadora
e o governo. "O problema é que os
anúncios foram pagos com dinheiro público, e não com dinheiro dos candidatos", disse o procurador Pastana.
Ele afirma que ainda precisa ouvir a defesa da governadora para
determinar a pena pela infração.
"Vou evitar ao máximo tomar
medidas drásticas [cassação]. Ela
[Dalva] parecia estar preocupada
em obedecer a lei eleitoral, sempre se aconselhava conosco. Talvez tenha sido mal assessorada."
Dalva foi vice-governadora do
Amapá durante as duas gestões
de João Capiberibe (PSB). Assumiu o governo em abril deste ano,
quando ele se licenciou para disputar o Senado. Os outros candidatos ao governo são Waldez
Góes (PDT), Fátima Pelaes
(PSDB) e Cláudio Pinho (PSB).
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