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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ATAQUE A PALOCCI
Material apreendido em computador contabiliza pagamentos mensais de R$ 50 mil dirigidos a credor identificado como "dr."
Para promotores e polícia, arquivo traz registro de mesada
ROGÉRIO PAGNAN
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Documentos apreendidos na
sede da Leão Leão no ano passado
pela Polícia Civil e pelo Ministério
Público Estadual reforçam a versão do advogado Rogério Tadeu
Buratti de um suposto pagamento de propina da empresa a agentes públicos, incluindo o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci.
O documento, a que a Folha teve acesso, é um arquivo de computador denominado "despesas
diversas" encontrado no notebook do ex-presidente da Leão
Ambiental, Wilney Barquete.
Protegido por duas senhas de oito
dígitos, o arquivo traz uma contabilidade que se alinha ao depoimento de Buratti à polícia.
Há referência ao pagamento de
"mensalidades" entre R$ 3.000 e
R$ 50 mil a cinco cidades (Ribeirão Preto, Araraquara, Sertãozinho, Matão e Monte Alto), para o
Departamento de Estrada de Rodagem e para uma sigla Conter,
não-especificada. Para a Promotoria e a Polícia Civil, isso é o "mapa do pagamento de propina"
que Buratti ajudou a esclarecer.
O arquivo foi mostrado a Buratti anteontem pelo delegado seccional Benedito Antonio Valencise -a prova está incluída na página 4.284 do inquérito sobre a suposta máfia do lixo (que tem 21
volumes). "Posso falar em relação
a Ribeirão Preto que uma parte
das despesas relacionadas eram
destinadas ao prefeito, além de
outras despesas como imprensa e
até entidade de assistência", disse
Buratti, que revelou o esquema
antes de ver o documento.
Quando ele diz que "parte" iria
para o prefeito é porque o total é
de R$ 226 mil, dos quais R$ 50 mil
eram para o prefeito, na época
Gilberto Maggioni (PT). No documento, há a menção ao pagamento de R$ 50 mil a alguém identificado como "dr.". "Trata-se de um
relatório gerencial e não contábil,
sendo que uma parte das despesas era contabilizada. Entretanto,
o valor dado ao prefeito não era
contabilizado", disse Buratti.
Ele citou conhecer o esquema
de pagamento de propina em
quatro dessas cidades -excluiu,
porém, Araraquara. "Nunca houve pagamento ao prefeito, porque
a prefeitura não pagava pontualmente e, pelo contrário, atrasava
uns seis meses. Além do mais não
houve qualquer acordo com o
prefeito Edinho [Silva, PT]."
Os documentos se referem a
2003 e 2004, mas o detalhamento
dos pagamentos ocorre, porém,
só em 2004, quando Barquete assumiu a presidência da Leão Ambiental, braço do grupo Leão Leão
especializado em limpeza urbana.
Antes disso, esse cargo era ocupado por Buratti, que disse à polícia que Palocci também recebia os
mesmos R$ 50 mil mensais e os
enviava para a direção do PT. Buratti fez questão de dizer que sabia
do destino dos R$ 50 mil porque
tinha amizade com o ex-secretário da Fazenda, Ralf Barquete
Santos, que buscava o dinheiro.
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