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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Governador intensifica articulações e admite ser presidenciável para evitar que prefeito paulistano vire candidato natural do partido
Alckmin abandona cautela para frear Serra
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
O agravamento da crise política
do governo Lula fez o tucano Geraldo Alckmin alterar seu plano
de vôo na tentativa de concorrer à
sucessão do presidente em 2006.
Antes cauteloso em relação ao
tema, o governador de São Paulo
intensificou suas articulações na
tentativa de evitar que José Serra,
prefeito da capital paulista, abra
uma expressiva vantagem sobre
ele na disputa interna do PSDB a
ponto de se transformar em candidato natural da sigla.
Com isso, Alckmin, que na última semana praticamente admitiu
pela primeira vez em público ser
presidenciável, ampliou seu diálogo com governadores do PSDB
e do PMDB, nomeou representantes na bancada federal tucana
em Brasília para cuidar de seus interesses eleitorais e se aproximou
ainda mais do senador Tasso Jereissati (CE), que sonha presidir o
partido apoiado pelo paulista.
O grupo de Alckmin também
prepara uma candidatura para retomar o controle do diretório do
PSDB no Estado de São Paulo.
Mas é nas pesquisas que deverá
se travar o grande embate entre os
tucanos, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e
até o governador mineiro Aécio
Neves, que, embora chamuscado
pelas ligações do PSDB mineiro
com o empresário Marcos Valério, ainda é lembrado.
Desde o surgimento dos primeiros escândalos envolvendo o PT e
seus aliados, Serra só fez crescer
nas pesquisas, a ponto de ter superado Lula em um eventual segundo turno da eleição, de acordo
com a última pesquisa Datafolha.
Na avaliação do grupo de Alckmin, o governador precisa crescer
nas sondagens a ponto de criar a
sensação de que não apenas Serra
é capaz de bater Lula, o que deixaria o prefeito "desobrigado" de
abandonar seu mandato na metade e entregá-lo ao PFL para concorrer à Presidência.
Já o grupo serrista argumenta
que essa pode ser uma opção de
risco, pois, sem o prefeito no páreo, o peemedebista Anthony Garotinho se fortalece na briga.
Ainda que reservadamente aliados do governador se queixem de
Serra, a movimentação de Alckmin não significa ruptura com o
prefeito ou com FHC, já que, sem
a bênção dos dois, ele dificilmente
sairá candidato em 2006.
No grupo "alckmista" são comuns reclamações de que Serra
"deve sua eleição no ano passado"
ao apoio de Alckmin. Os "serristas", por sua vez, dizem que o governador "ficou pequeno após a
explosão da crise". Atento à disputa, FHC também faz suas costuras (leia texto nesta página).
Do desfecho do impasse, depende a definição do candidato
tucano que disputará a sucessão
do próprio Alckmin. Se não conquistar o direito de concorrer ao
Planalto, o governador tentará
impor um nome de seu time.
O mais cotado é o secretário
Emanuel Fernandes (Habitação).
O vereador José Aníbal, hoje próximo do governador, também está no páreo. Paulo Renato corre
por fora, com o apoio de FHC. O
ex-ministro da Educação encontra resistências no grupo de Serra
e uma situação de neutralidade
em relação ao do governador.
Com o apoio de Serra segue
Aloysio Nunes Ferreira, seu secretário de Governo.
Do lado petista, João Paulo Cunha, abalroado pelo tsunami
Marcos Valério, está fora do páreo. Marta Suplicy e Aloizio Mercadante tentam passar ao largo
das denúncias e se articular internamente no partido.
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