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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ LEGISLAÇÃO ELEITORAL
Presidente do órgão diz que constitucionalidade da medida que veta divulgação de resultados 15 dias antes de eleições pode ser questionada no STF
Para TSE, proibição de pesquisas é polêmica
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Carlos Velloso, disse ontem que "é
polêmica" a proibição de divulgação de pesquisas de intenção de
voto nos 15 dias anteriores às eleições e sugeriu a possibilidade de o
STF (Supremo Tribunal Federal)
derrubá-la por violação de norma
constitucional.
"Isso é polêmico e pode ser
questionado [no STF] por inconstitucionalidade. A Constituição,
no artigo 220, cuida da liberdade
de informação. Digo só isso porque talvez tenha de julgar", disse
ele, que é ministro do STF e preside temporariamente o TSE.
O parágrafo único desse artigo
diz: "Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer
veículo de comunicação social".
Na mesma linha, o ministro do
TSE e presidente da comissão de
juristas que estuda mudanças na
legislação eleitoral, José Gerardo
Grossi, afirmou que "é complicado" proibir a divulgação de pesquisas por causa da garantia da liberdade de informação. "Eu teria
dúvida sobre a constitucionalidade, porque [a norma] pode ferir a
liberdade das empresas que produzem ou veiculam pesquisas. É
um problema a ser discutido."
Anteontem, a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado aprovou um projeto que
modifica a legislação eleitoral.
Uma das mudanças nele contida é
a proibição da divulgação de pesquisas nos 15 dias antes das eleições, a pretexto de não influir na
vontade do eleitor. O projeto será
votado na CCJ da Câmara. Se sancionada, a lei poderá ser contestada no STF por meio de uma ação
direta de inconstitucionalidade.
Além da violação da liberdade
de informação, esse ministro afirmou que a proibição também pode ferir o princípio da razoabilidade por ser tão longa, de 15 dias.
Para ele, o prazo de 48 horas, previsto na versão original do projeto, seria mais equilibrado.
Os ministros do STF e TSE elogiaram outras medidas no projeto, como redução do tempo da
propaganda eleitoral gratuita de
45 para 30 dias, proibição de gravação de cenas externas nessa
propaganda e de realização de
showmícios. Eles disseram que isso irá colaborar para o barateamento das campanhas.
Auditores
As eleições de 2006 deverão ter
auditores do TCU (Tribunal de
Contas da União) fiscalizando as
contas dos candidatos e dos partidos, na tentativa de aumentar o
controle sobre as arrecadações e
inibir o caixa dois.
Velloso e o presidente do TCU,
Adilson Motta, encontraram-se
nesta semana para discutir um
convênio que instituirá uma auditoria permanente nas prestações
de contas de candidatos e partidos. A idéia da auditoria permanente tem o apoio do procurador-geral no TCU, Lucas Furtado, para quem a estrutura de fiscalização no TSE é insuficiente.
Atualmente cinco funcionários
fazem o controle anual das contas
nacionais de todos os partidos e a
fiscalização, nas eleições, das contas dos candidatos à Presidência.
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