São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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JANIO DE FREITAS

A cena se agita

A volta dos 40 do mensalão à cena traz novo período de excitação política, seja qual for a decisão do Supremo

A VOLTA DOS 40 do mensalão à cena, com o previsto início amanhã da decisão judicial de submetê-los, ou não, a processo criminal, traz novo período de excitação política, seja qual for a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Caso o processo venha a ser recusado, ou dele se vejam excluídas figuras já incriminadas na opinião pública, pode-se esperar que a decisão seja recebida no país como consagração da norma de impunidade. Com a conseqüência de reações de sentido e vigor determinados muito mais por emoções do que por considerações controladas.
No caso de abertura do processo, sabe-se que a Procuradoria Geral da República tem novidades a apresentar, produzidas por investigações ainda não divulgadas. Estejam ou não entre tais novidades, não há dúvida de que restaram mesmo fatos muito graves que a politicagem na CPI não viu ou não quis ver. Todos, ou quase, com ressonâncias muito incômodas para o governo. Ainda que nem tudo venha à superfície, o que vier terá reflexo político.
Os ministros do Supremo vivem um momento muito especial, mas os meios de comunicação também estão sob o questionamento de suas reações em caso de recusa do processo. Combustível inflamado, com a liberação de impulsos reprimidos a custo, ou, afinal, a oportunidade de aprofundamentos conceituais que têm faltado aos próprios meios de comunicação, ao Congresso, aos governos, intelectuais e "cientistas" disto e daquilo, em favor de uma revisão da vida nacional?
A propósito do Supremo, o ex-ministro Sepúlveda Pertence fracassou nas suas pretendidas explicações para o pedido antecipado de aposentadoria, feito uma semana antes do previsto início da decisão sobre os 40 do mensalão.
Sepúlveda Pertence não precisaria aguardar até 21 de novembro, data de sua aposentadoria compulsória por idade. Bastaria permanecer por uma ou poucas semanas, a qualquer custo, com a atitude que quisesse.
Do ponto de vista do que se deve esperar de um ministro do Supremo Tribunal Federal, e do que ele tem o dever de mostrar, acima de questões pessoais ou ideológicas, a ocasião da aposentadoria pedida por Sepúlveda Pertence e as pretensas explicações são muito mais do que insatisfatórias.

O vitorioso
Ainda que o "Cansei" tenha reunido as 5.000 pessoas estimadas pelo presidente da OAB-SP, Luis Flávio D'Urso, e não as 2.000 calculadas pela PM, a manifestação deu uma vitória política a Lula.
Mesmo explorando o sentimento dos enlutados pelo desastre de Congonhas, a manifestação não conseguiu nem uma presença numericamente representativa dos filiados da OAB-SP. Se a presença fosse paga, o outro líder, João Doria Jr., poria maior número de pessoas, a julgar pelo que fatura com seus "eventos" para empresários muito ricos. E nesses a pancadaria em Lula e no governo é garantida.


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