São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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JANIO DE FREITAS

O petróleo de novo


Ao esvaziar especulação sobre nova estatal petroleira, Lula deu alguma clareza às idéias do governo sobre o assunto

É UMA IDÉIA grandiosa, que tende a ser abrigada pela história como uma das mais marcantes no Brasil, esta de estabelecer por antecipação o destino dos rendimentos esperados das jazidas gigantes de petróleo entre Espírito Santo e Santa Catarina. A pressão, sobretudo externa, já é grande e será maior para que o governo adote fórmulas convencionais do capitalismo privado em relação às perspectivas desse petróleo. Mas, ao esvaziar ontem as especulações sobre nova estatal petroleira, Lula deu alguma clareza promissora às idéias atuais do governo sobre o assunto.
A negação de nova estatal foi direta e bastou, tanto mais que acarinhada por inequívoco e longo sorriso do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. A formação de um grupo ministerial para propor sugestões de uso dos rendimentos, a serem oferecidas ao debate de empresários e entidades, como propósito é salutar e democrática. O escasso debate que há no Brasil é, porém, sempre caótico e irresoluto, assim deixando a brecha para as mesmas resoluções de cima ou para a inação.
No caso da riqueza presumida no novo petróleo, o debate espontâneo por certo estará exposto à força de movimentos públicos e infiltrações dos poderosos interesses, tanto de governos como do grande capital. A história da campanha "O petróleo é nosso", que estimulou a divisão das Forças Armadas entre adeptos dos Estados Unidos e os nacionalistas por isso ainda hoje vistos como "comunistas", passou por isso há meio século e, então, nem havia jazidas petrolíferas senão em hipóteses sonhadoras.
O debate a que Lula se refere vai conectar-se, forçosamente, às soluções formais para as modalidades de empreendimento capaz de transformar as jazidas em renda. Se o governo estiver atento, tratará de estudar, desde logo, não só os fins de tal renda, mas, antes, os meios que de fato conduzam a renda ao cofre nacional.

Assalto
Um princípio útil é o de considerar que estatísticas policiais podem ser policiais, mas estatísticas não são. No levantamento ontem divulgado de percentuais do crime no Rio, feito pelo Instituto de Segurança Pública do Estado, 19% dos cariocas teriam perdido seus carros para a bandidagem. Também em número redondo, só 11%, no entanto, sofreram o "roubo de outro bem".
Não se sabe, assim, onde foi parar a realidade de que celulares, relógios, anéis, bolsas, laptops, iPods, pelo simples fato de serem levados à rua, são roubados todos os dias em tamanha quantidade que ninguém mais apresenta queixa e, se quiser apresentá-la, a própria polícia se incumbe da dissuasão.

Eis aí
Ainda que pareça, não é provocação. É um registro eufórico: cientistas dos Estados Unidos conseguiram produzir hemácias, as células vermelhas do sangue, a partir de células-tronco embrionárias. O que promete o fim, para as transfusões, da necessidade de sangue pelas sempre escassas doações.
As células-tronco embrionárias são as que motivaram o recente confronto no Supremo Tribunal Federal, onde foi dito que não se mostram essenciais para avanços essenciais da ciência médica.


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