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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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Com Lula, audiência da Agência Brasil cresce 44%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma reformulação na agência oficial de notícias do governo, a Agência Brasil, fez com que a audiência do site na internet dessa empresa estatal aumentasse 44% neste ano -de 4,8 milhões de páginas vistas em janeiro para 6,9 milhões no mês passado.
A gestão petista fez com que o comportamento da Agência Brasil mimetizasse a operação de uma agência privada: pela manhã, um cardápio de pautas (lista de assuntos) é enviado para 2.291 veículos de comunicação e jornalistas de todo o Brasil que se cadastraram gratuitamente para receber o boletim.
O número de cadastrados é do início da semana passada. E aumenta a cada dia.
No meio da tarde, esse grupo de "assinantes" recebe uma atualização do que foi de fato produzido. Até o início da noite, chegam as notícias apuradas pela empresa oficial. O serviço oferece, sem custo, textos e fotos, que podem ser usados por qualquer pessoa ou veículo de comunicação com acesso à internet.
Além da cobertura sobre política e economia, são oferecidos textos sobre cultura, esportes, temas internacionais, ciência e tecnologia e meio ambiente.
No momento, a Radiobrás, que controla a Agência Brasil, prepara um sistema para acompanhar o que de fato está sendo publicado pelos jornais e revistas do país. A prioridade são os veículos regionais de comunicação.
Não há números precisos, mas a Folha apurou que os órgãos do Poder Executivo já confiam mais na sua própria agência oficial para obter notícias sobre o que ocorre em Brasília.
Depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo dados não-oficiais, foram cortadas cerca de 30% das assinaturas de serviços noticiosos oferecidos por empresas privadas de comunicação.
Para suprir a demanda, o site da Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br) costuma agora trazer uma ampla cobertura dos partidos de oposição.
"Oposição quer mudar reforma e trabalho para aprovar projeto no Senado pode ser maior" era o título de um longo texto divulgado neste mês sobre as dificuldades do presidente Lula para conseguir aprovar a reforma da Previdência.
Na sexta-feira, uma das manchetes do site era sobre o fato de o Brasil ser um dos países mais mal colocados nas estatísticas de acidentes de trânsito.
Em 12 de junho, a Agência Brasil anunciou uma falha: "A Agência Brasil errou na quarta-feira na cobertura do protesto organizado pela CUT e por outras entidades contra o projeto de reforma da Previdência".

Autonomia
Segundo o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, 44, a idéia central é fazer a Agência Brasil buscar a produção de um noticiário "objetivo". Ele diz ter autonomia para operar essa mudança na empresa.
Além da Agência Brasil, a Radiobrás tem quatro emissoras de rádio (Nacional AM e FM de Brasília, Nacional em ondas curtas e Nacional AM do Rio) e duas emissoras de TV (NBR, de Brasília, que retransmite a programação do Poder Executivo, mas apenas para quem tem TV a cabo, e TV Nacional de Brasília).
Com um orçamento de R$ 92 milhões (que, contingenciados, caíram para R$ 79 milhões) e 1.151 funcionários, a Radiobrás atual tem uma estrutura quase idêntica à do governo FHC (havia 1.147 funcionários).
No que diz respeito à produção de notícias, em agosto a Agência Brasil divulgou 8.253 textos. Em janeiro, o número havia sido de 9.387. "Estamos racionalizando e priorizando mais qualidade do que quantidade", diz Bucci.
Os programas de rádio produzidos pela Radiobrás são retransmitidos espontaneamente por 188 emissoras no país. Essas rádios fazem parte de uma lista de 700, mas nem todas estariam com o cadastro atualizado.
"Estamos localizando uma a uma para saber exatamente quem reproduz nossos programas", afirma Bucci.
A expectativa é conseguir estabelecer contato com todas as 700 emissoras ainda neste ano. (FR)


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