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Luiz Gushiken concentra a estratégia de comunicação no marqueteiro que fez a campanha do presidente
Duda será "ministro da propaganda" de Lula
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Secom (Secretaria
de Comunicação de Governo e
Gestão Estratégica), Luiz Gushiken, 53, pretende nomear Duda
Mendonça como responsável pela coordenação e integração da
publicidade de todos os órgãos federais, inclusive os ministérios.
"Eu quero o Duda Mendonça
como se fosse -na ausência de
um termo mais adequado- meu
consultor especial. Eu quero discutir com ele toda a estratégia de
comunicação de governo, vendo
os diversos setores, principalmente nos ministérios e a Secom." Para formalizar a nova função do publicitário que fez a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva
em 2002, Gushiken enviará uma
diretriz escrita a todos os órgãos
federais com verba publicitária.
Nunca houve um marqueteiro
com tanto poder no governo. Duda passará a municiar Gushiken
sobre como está o trabalho de todos os ministérios, para garantir
que exista "sinergia" entre as
campanhas. A decisão é legal, diz
ele. Duda foi um dos três vencedores da licitação para cuidar da
publicidade da Presidência. O valor do contrato de 12 meses é de
R$ 150 milhões, para ser dividido
por três agências -as outras são a
Lew Lara e a Matisse, sendo que a
última abriga o publicitário Paulo
de Tarso, responsável por campanhas derrotadas de Lula. Cada
agência tem de receber, no mínimo, 15% do total. No limite, a divisão deve ser de 15%, 15% e 70%.
Folha - Qual é o objetivo das mudanças na Radiobrás?
Luiz Gushiken - É melhorar a
qualidade do trabalho.
Folha - Como se afere a melhora?
Gushiken - Pelo número de pessoas que têm acessado a Agência
Brasil. É a qualidade do trabalho.
Não se adicionou elemento novo.
Houve um salto da qualidade.
Folha - É correto interpretar que a
Agência Brasil vai concorrer com as
agências de notícias privadas?
Gushiken - Se o setor privado tivesse acesso, estrutura de captar
tudo aquilo que é ação de governo
- que é a base principal para justificar a existência da Radiobrás- talvez não precisasse da
Radiobrás. Mas não tem. Então, o
governo tem a obrigação de transmitir à população as ações que estão sendo desenvolvidas no âmbito do governo. Tem obrigação.
Folha - O Poder Executivo cortou
assinaturas de serviços noticiosos
nos últimos meses?
Gushiken - Não sei dizer. Agora,
tem uma coisa: no começo dos
trabalhos nossos, tudo aquilo que
era dispensável, não era um trabalho de muita necessidade, todo
mundo cortou. Até porque a situação financeira obrigava a isso.
Houve um corte muito grande.
Folha - O sr. já decidiu como será
o trabalho das três agências licitadas para atender a Presidência?
Gushiken - Estamos discutindo.
Uma coisa eu já defini. Eu quero o
Duda Mendonça como se fosse
-na ausência de um termo mais
adequado- meu consultor especial. Eu quero discutir com ele toda a estratégia de comunicação de
governo, vendo os diversos setores, principalmente nos ministérios e a Secom. Eu preciso de uma
pessoa que dê para mim pareceres, estudos, articule, converse. Eu
quero colocar o Duda Mendonça
nessa área. O papel da agência de
publicidade é mais de produção.
Mas eu quero o Duda constantemente opinando sobre questões
que envolvem a imagem do governo, para não deixar que a publicidade seja pulverizada. Ele será alguém que analisará isso mais
detidamente, alguém que possa
conversar também, dialogar. Eu
quero o Duda mais nesse papel.
Folha - E os publicitários das duas
outras agências licitadas?
Gushiken - Não há tempo de ficar consultando três agências para esse tipo de trabalho. O que eu
quero é ver se está tudo bem coordenado estrategicamente, quem
está vendo isso, como é que estão
olhando, como é que um criador
vê as diversas publicidades que
existem no âmbito dos ministérios. Têm de ser alguém de confiança mesmo. E o Duda é uma
pessoa com quem eu me relacionei muito tempo e entendo a linguagem dele. Esse trabalho com
certeza quero dar para o Duda.
Folha - E essa função dele se encaixa no contrato da licitação?
Gushiken - Lógico.
Folha - Seria um consultor?
Gushiken - Eu chamo ele de consultor para facilitar o entendimento. Não quero três agências
para ficar dialogando comigo sobre a estratégia da comunicação
no sentido amplo. Eu quero uma
só, e quero aquela pessoa que tenho já mais proximidade e entenda a linguagem, o Duda Mendonça. O resto, como é que vai dividir
o trabalho, ainda não sei.
Folha - Como é que ele teria informações dos ministérios?
Gushiken - Por meu intermédio.
Eu vou oficializar isso. Eu vou dizer para os ministérios que a Secom, por intermédio da agência
do Duda Mendonça, eventualmente pode se relacionar, se reunir para discutir e saber como é
que cada área deve atuar. Para
que tudo fique em consonância
com a linha do governo.
Folha - Sinergia?
Gushiken - Sinergia oficial.
Folha - Há muito ciúmes nessa
área publicitária.
Gushiken - Muito. No campo da
criação eles são muito ciumentos.
Mas ninguém vai querer se intrometer na criação. Será uma troca
de idéias, de como o governo está
pensando. O governo pensa a
partir da Presidência, e o Duda representa, digamos, esse canal que
a Secom expressa da Presidência.
Folha - Isso será feito já?
Gushiken - Já. Quero evitar o que
houve no passado, que foi a absoluta autonomia dos ministérios.
Isso cria dificuldades. Também
tem outra coisa, você pode economizar recursos nesse trabalho.
Folha - De que forma?
Gushiken - É possível casar e
complementar atividades. A ação
de um ministério muitas vezes
tem relação com outro ministério.
Elas são relações transversais. Se
conseguirmos articular essas
ações, juntar os ministérios e produzir material único, economiza-se brutalmente recursos.
Folha - O sr.não acha que isso pode criar uma certa ciumeira entre
os publicitários licitados?
Gushiken - Poderia se entrasse
no campo da criação.
Folha - Mesmo não entrando, ele
não vai interferir da mesma forma?
Gushiken - Não. Por isso que eu
estou dizendo, vou formalizar essa relação. Vou mandar por ofício, com uma política sobre comunicação de governo, que engloba articulações entre ministérios, Secom e ministérios na busca de unidade, de coordenação,
de racionalidade administrativa.
Há uma justificativa correta. Eles
não podem achar que é uma intromissão indevida. Têm que saber que tem um fundamento que
legitima esse tipo de ação.
Folha - Como está o programa de
rádio do Lula?
Gushiken - Está pronto.
Folha - Será no café da manhã?
Gushiken - "Café com o presidente", mas esse título ainda não
foi aprovado.
Folha - Qual a duração?
Gushiken - De cinco a oito minutos. E a veiculação será facultativa.
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