EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Coordenador político do governo, o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) atacou ontem os setores petistas que, segundo ele, não reconhecem os méritos da gestão Lula e insistem nos ataques à política econômica.
Na prática, trata-se de uma crítica direta do Planalto aos candidatos à presidência do partido ligados às tendências de esquerda.
Na campanha para as eleições do PT, ocorridas no último domingo, apenas o candidato do Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, amenizou os ataques à política econômica. O tema, aliás, está na agenda da atual direção do partido, que anteontem aprovou resolução na qual aponta a possibilidade de o PT influenciar o governo a realizar "mudanças nas políticas de aliança econômica".
"Alguns dentro do PT precisam se apropriar melhor dos êxitos do governo. (...) Parte das críticas que são feitas são críticas que são feitas até internamente na equipe. Agora, acho que é preciso, antes disso, ter um ponto em comum entre todos aqueles que estão disputando [as eleições do PT] dos êxitos do governo em todas as áreas", afirmou o ministro ontem, em entrevista no Planalto.
Segundo ele, a política econômica da gestão petista está "dando um show", sem semelhanças com as práticas dos antecessores de Lula.
"Querer que seja melhor é super bem-vindo. Agora, a partir do reconhecimento (...) de que a economia está dando um show e que não tem nada a ver com a do governo anterior."
Apesar de sinalizar um exagero de críticas na economia e a falta de reconhecimento em outros setores, Jaques Wagner disse que as cobranças do PT ao governo não preocupam Lula: "Não acho que tenha risco para o governo esse debate. Pelo contrário. A resistência do presidente com o governo, há três meses sob pancadaria, e os resultados da economia é que deixam muita gente nervosa".


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