São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ INTELECTUAIS

Filósofa petista defende governo Lula, ataca atuação da mídia e compara o tratamento que diz receber da imprensa a uma "tortura"

Em carta a alunos, Chaui explica seu silêncio

DA REDAÇÃO

A filósofa Marilena Chaui, 63, endereçou a alunos da USP, onde leciona, uma carta na qual dá satisfações a respeito de seu comportamento diante do escândalo do "mensalão". Segundo Chaui, o "silêncio" que a ela se atribui é uma "construção" dos meios de comunicação, os quais ela critica, enumerando as razões que a fizeram encerrar sua "manifestação pública por meio da imprensa". Chaui diz que decidiu escrever a carta porque soube, por colegas, da "perplexidade" de alunos com sua atitude.
A carta data de 31 de agosto. É, portanto, anterior à participação da filósofa num debate sobre a "refundação do PT", realizado em São Paulo no último dia 12. Nele, Chaui afirmou que o partido foi o grande responsável pela construção da democracia no país e, por isso, seria vítima de "ódio" inédito da direita. Concluiu então com o grito de guerra "No pasarán!" -usado pelos comunistas espanhóis nos anos 30, contra a escalada fascista. A fala de Chaui, registrada pela Folha, dividiu opiniões dentro e fora do PT.
A professora já havia provocado controvérsias no mês passado, quando disse no ciclo de debates sobre "O Silêncio dos Intelectuais" que não comentaria a crise do governo Lula porque, entre outras coisas, não dispunha de conhecimentos suficientes sobre o que estava acontecendo.
A carta da filósofa, que a Folha reproduz abaixo na íntegra, está circulando pela internet no ambiente acadêmico. Nela, Chaui diz que "a mídia está enviando a seguinte mensagem: "Somos onipotentes e fazemos seu silêncio falar. Portanto, fale de uma vez!"".
Além de criticar a imprensa e jornalistas, sem no entanto nomeá-los, Chaui mobiliza pensadores de sua predileção, como Merleau-Ponty e La Boétie, para sustentar a tese de que não se submeterá à "vontade dos dominadores", isto é, da mídia.
Filiada ao PT desde os anos 80, do qual se tornou uma das principais ideólogas, Chaui foi secretária da Cultura na gestão de Luiza Erundina (1989-1992). Suas teorizações sobre a democracia, influenciadas pelo pensador e amigo francês Claude Lefort, tiveram forte impacto na formação do partido.

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