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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Comandante do PT se fragiliza no cargo
Sucessor de Genoino e Tarso, Berzoini assumiu a presidência com desafio de recuperar imagem do partido para as eleições
Petista concorre à reeleição como deputado federal e era cotado para ocupar um posto em um eventual segundo mandato de Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ricardo Berzoini deverá deixar também a presidência do
PT, mas essa fórmula seria discutida pela Executiva do partido e não pelo presidente da República. Ele foi eleito pelo votos
dos filiados há cerca de um ano
e teria que renunciar.
Eleito para presidir o PT em
outubro de 2005, Berzoini recebeu a missão espinhosa de
reerguer, para a eleição do ano
seguinte, um partido destroçado pela crise do mensalão.
Como Marco Aurélio Garcia,
que assumiu ontem o comando
da campanha petista, já é o primeiro vice-presidente do partido, o mais provável é que Berzoini se afaste em benefício dele, que exerceria o posto temporariamente. Mais à frente,
em reunião extraordinária do
Diretório Nacional, um novo
presidente seria apontado.
Com o surgimento das denúncias contra petistas próximos a ele, Berzoini viu evaporar sua esperança de ser um dos
cardeais de um segundo mandato de Lula. Nas palavras de
um membro da coordenação,
ele foi "rifado" por Lula.
No PT, já se sentem sinais de
inquietação. "Se Berzoini sabia
da transação com o dossiê e não
comentou nem tentou impedir,
precisa explicar isso ao partido.
Isso deve ser avaliado. Esse tipo
de conduta seria surpreendente para mim", disse o secretário-geral do PT, Raul Pont.
Para Romênio Pereira, responsável pela campanha nos
pequenos municípios, os responsáveis pela desastrada operação não avaliaram as conseqüências que isso poderia trazer para a candidatura de Lula.
"Quem fez isso pensou apenas
na campanha do PT em São
Paulo, não na campanha nacional. É inacreditável que isso tenha acontecido", afirmou Pereira, em referência à tentativa
do dossiê de atingir Serra.
Ética
O envolvimento de Berzoini
na crise do dossiê fragiliza a situação de poder que o levou à
coordenação geral da campanha do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva à reeleição. Além
disso, põe o PT de novo num
debate ético, que o partido passou meses tentando contornar.
A eleição de Berzoini foi a
prova de que o núcleo de poder
do PT, o chamado campo majoritário, estava enfraquecido.
Berzoini foi eleito com 51,6%
dos votos válidos, e a outra metade do partido optou pelo gaúcho Raul Pont, que representaria a "esquerda" partidária.
Além disso, o petista assumiu
depois de uma forte disputa interna entre José Dirceu e Tarso
Genro. Hoje ministro de Relações Institucionais de Lula,
Tarso recusou-se a disputar a
presidência do PT caso Dirceu
permanecesse na chapa.
O partido havia perdido seus
principais quadros da articulação política e precisava encontrar um nome para presidir o
PT que tivesse condições de
conduzir o processo eleitoral
de 2006. Estavam foram do circuito José Dirceu, José Genoino, Luiz Gushiken, João Paulo
Cunha e outros.
Berzoini, que tinha exercido,
na avaliação de Lula, uma boa
gestão nos ministérios da Previdência [com a aprovação da
reforma] e do Trabalho, ganhou a confiança de Lula.
O campo majoritário perdeu
poderes, mas a Articulação,
corrente de Lula e de praticamente todo o núcleo que o cercou e cerca no governo, manteve postos-chave. A Secretaria
das Finanças, por exemplo,
saiu das mãos de Delúbio Soares e foi ocupada por Paulo Ferreira, ligado a José Dirceu.
Logo depois de assumir, Berzoini nunca criticou abertamente os colegas envolvidos no
mensalão. Ao contrário. Sustentou que o mensalão, da forma como foi denunciado pelo
deputado cassado Roberto Jefferson, nunca existiu.
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