São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Lavrador invade Planalto para pedir ajuda

"Presidente, salva eu", gritava Ângelo de Jesus, que foi imobilizado por agentes e levado a um hospital

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedia uma entrevista ao jornal "The New York Times", no terceiro andar do Palácio do Planalto, um incidente mobilizou a segurança no saguão. Ângelo de Jesus, 37, agricultor baiano, invadiu o local por volta das 9h.
Ele queria falar com Lula. Passou direto pelo detector de metais, mas foi rendido pelos seguranças do Planalto -foram necessários seis para segurá-lo. "Presidente, salva eu, salva eu presidente", gritava o agricultor. Ângelo insistia em falar com Lula e se debatia, tentando se desvencilhar dos seguranças.
Disse aos jornalistas que estava há quatro dias sem comer e que sofria de hanseníase. Saiu do palácio algemado e carregado por seguranças e policiais militares, chamados ao local.
De ambulância, foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte, aonde chegou, segundo funcionários, "com desorientação" e freqüência cardíaca de 144 batimentos por minuto.
Segundo a assistente social Edna Joaquim de Moraes, ele disse que havia vindo para Brasília, de carona, "por causa das injustiças em sua cidade", mas já havia desistido de falar com Lula porque "o povo não tem vez". Edna ligou para um departamento de assistência social do Distrito Federal para providenciar uma passagem de volta para o agricultor, mas, ao pedir um carro do hospital para levá-lo ao departamento, viu que ele havia sumido.
Segundo a Presidência, Ângelo foi transferido para o Hospital das Forças Armadas, onde um médico e um assessor do gabinete pessoal de Lula acompanham o agricultor. Funcionários também tentavam, até ontem à tarde, contatar familiares de Ângelo. Ele é natural de Pindobaçu, Bahia.
Do orelhão da cidade, a mulher de Ângelo e uma de suas vizinhas, que viram tudo pela TV, disseram que, na segunda-feira, ele encontrou uma amiga da família no ponto de ônibus e pediu que ela avisasse que ele ia a Brasília falar com Lula.
Segundo a vizinha, "ele está muito revoltado" com a escola de seus quatro filhos, que tem um esgoto aberto, com a falta de policiamento e com o sistema de saúde do município.
Tentativas de invasões e protestos são relativamente comuns nas áreas do governo. Em 2004, um ex-prefeito de Diadema se acorrentou no hall de entrada do Planalto. Em 2005, um mecânico desempregado subiu a rampa do Planalto de mobilete. Em 2003, um vendedor ambulante tentou invadir o Palácio da Alvorada, e derrubou o portão com um Fiat Uno.


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