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Lavrador invade Planalto para pedir ajuda
"Presidente, salva eu", gritava Ângelo de Jesus, que foi imobilizado por agentes e levado a um hospital
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva concedia
uma entrevista ao jornal "The
New York Times", no terceiro
andar do Palácio do Planalto,
um incidente mobilizou a segurança no saguão. Ângelo de Jesus, 37, agricultor baiano, invadiu o local por volta das 9h.
Ele queria falar com Lula.
Passou direto pelo detector de
metais, mas foi rendido pelos
seguranças do Planalto -foram
necessários seis para segurá-lo.
"Presidente, salva eu, salva eu
presidente", gritava o agricultor. Ângelo insistia em falar
com Lula e se debatia, tentando
se desvencilhar dos seguranças.
Disse aos jornalistas que estava há quatro dias sem comer
e que sofria de hanseníase. Saiu
do palácio algemado e carregado por seguranças e policiais
militares, chamados ao local.
De ambulância, foi levado ao
Hospital Regional da Asa Norte, aonde chegou, segundo funcionários, "com desorientação"
e freqüência cardíaca de 144
batimentos por minuto.
Segundo a assistente social
Edna Joaquim de Moraes, ele
disse que havia vindo para Brasília, de carona, "por causa das
injustiças em sua cidade", mas
já havia desistido de falar com
Lula porque "o povo não tem
vez". Edna ligou para um departamento de assistência social do Distrito Federal para
providenciar uma passagem de
volta para o agricultor, mas, ao
pedir um carro do hospital para
levá-lo ao departamento, viu
que ele havia sumido.
Segundo a Presidência, Ângelo foi transferido para o Hospital das Forças Armadas, onde
um médico e um assessor do
gabinete pessoal de Lula acompanham o agricultor. Funcionários também tentavam, até
ontem à tarde, contatar familiares de Ângelo. Ele é natural
de Pindobaçu, Bahia.
Do orelhão da cidade, a mulher de Ângelo e uma de suas vizinhas, que viram tudo pela TV,
disseram que, na segunda-feira, ele encontrou uma amiga da
família no ponto de ônibus e
pediu que ela avisasse que ele ia
a Brasília falar com Lula.
Segundo a vizinha, "ele está
muito revoltado" com a escola
de seus quatro filhos, que tem
um esgoto aberto, com a falta
de policiamento e com o sistema de saúde do município.
Tentativas de invasões e protestos são relativamente comuns nas áreas do governo. Em
2004, um ex-prefeito de Diadema se acorrentou no hall de entrada do Planalto. Em 2005,
um mecânico desempregado
subiu a rampa do Planalto de
mobilete. Em 2003, um vendedor ambulante tentou invadir o
Palácio da Alvorada, e derrubou o portão com um Fiat Uno.
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