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Na reta final de filiações, Lula e Serra articulam palanques
Cinco Estados são considerados essenciais para viabilizar apoio do PMDB a Dilma
Quem quiser disputar as eleições de 2010 tem que entrar para um partido até
3 de outubro, um ano antes da data do primeiro turno
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas do prazo final de
filiações partidárias -a um ano
das eleições de 2010, marcadas
para 3 de outubro- o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e o governador de São
Paulo, José Serra (PSDB), se
dedicam à consolidação de palanques e cooptação de aliados
nos Estados. Os dois trabalham
ainda para debelar crises em
suas bases de apoio.
Disposto a oferecer palanques confortáveis à ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, Lula tem investido nos líderes em
cada Estado. Segundo petistas,
o presidente está convencido
que o sucesso das negociações
-sobretudo com o PMDB- depende da costura regional.
Palcos de turbulência, cinco
Estados são apontados como
essenciais para viabilizar um
apoio formal do PMDB ou, ao
menos, para impedir uma adesão do partido ao PSDB: Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Goiás.
Em alguns casos, Serra e Lula
disputam o mesmo território. É
o caso do Paraná. Na quarta-feira, numa conversa no Palácio do Planalto, Lula propôs
uma aliança ao senador Osmar
Dias (PDT-PR). Na sexta, o senador integrava a comitiva presidencial em viagem ao Paraná.
Segundo Osmar, o presidente prometeu reproduzir, no Estado, sua ampla base de sustentação. Só que Osmar tinha um
compromisso com o PSDB.
"Em 2008, apoiei o prefeito Beto Richa em troca de apoio para
governador. Como eles esqueceram esse acordo, estou negociando com esse campo", queixa-se Osmar.
No Estado, a aliança com Osmar sofre a oposição do governador Roberto Requião
(PMDB). Os planos de Lula esbarram ainda numa articulação
de parte do tucanato que defende um acordo com Osmar para
desidratar Dilma no Estado.
No dia 8 de setembro, Serra
chegou a ventilar a hipótese durante conversa com Richa no
Palácio dos Bandeirantes. O
prefeito é contra. "Coloquei
meu nome à disposição há três
semanas para pararem de dizer
que eu desistiria", disse Richa,
que disputa a preferência tucana com o senador Álvaro Dias.
No Mato Grosso do Sul, a
ofensiva é sobre o governador
André Puccinelli (PMDB). Antes em negociação com o PSDB,
Puccinelli agora diz publicamente que, a pedido de Lula,
abrirá palanque para Dilma no
Estado. Com uma condição: o
PT não poderá concorrer ao governo. "Zeca do PT será candidato", diz o senador Delcídio
Amaral (PT-MS).
Na Bahia, é Serra quem avança sobre o PMDB, hoje em pé-de-guerra com o governador
Jacques Wagner (PT). Aliado
do ministro Geddel Vieira Lima
(Integração), o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro
(PMDB), já agendou uma reunião com Serra.
É na Bahia que PT e PMDB
travam batalha das mais violentas. Para atrair PP e PDT
-até então aliados de Geddel-,
Wagner ofereceu a esses partidos secretarias recém-entregues pelo PMDB.
Na segunda-feira, Serra endossou convite do tucano Luiz
Paulo Vellozo Lucas para que a
deputada Rita Camata (ES) troque o PMDB pelo PSDB.
Em Goiás, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, é causa de apreensão.
Sua possível filiação ao PP impõe, segundo petistas, risco à
aliança com PMDB. Após conversas com Lula -"o presidente sempre pergunta sobre o Estado"-, o prefeito de Goiânia,
Íris Rezende, convidou Meirelles para o PMDB.
Mas, no PP, a candidatura de
Meirelles tem duas vantagens:
o apoio do governo do Estado e
a adesão dos democratas.
"Se o PP tiver candidato, o
DEM poderá se aliar com Meirelles, em vez do PSDB", admite o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Lula -que, quinta-feira conversou com a governadora do
Pará, Ana Júlia Carepa (PT), na
tentativa de aplacar a crise com
o PMDB- deverá arbitrar no
Rio e em Minas.
No Rio, o prefeito de Nova
Iguaçu, Lindberg Farias, ameaça implodir a aliança do PT com
o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Mas é Serra quem
enfrenta situação mais delicada. Com a hipótese de lançamento da candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência, o
tucano pode ver seu palanque
desmoronar no Estado.
Até então candidato de Serra
no Rio, o deputado Fernando
Gabeira (PV) avisou na sexta-feira que pensa em desistir da
disputa ao governo. "É desconfortável essa ambiguidade: ter
um candidato à Presidência, e
os aliados, outro".
Em Minas, o quadro só ficará
definido depois da convenção
do PT, objeto de disputa do ministro Patrus Ananias com o
ex-prefeito Fernando Pimentel. Em comum, a defesa de
candidatura própria, em detrimento do PMDB.
"Nunca o PT esteve tão perto
de conquistar o governo", argumenta Pimentel. "Não tem como se lançar candidato e admitir abrir mão da candidatura",
diz Patrus.
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