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Congressistas usam R$ 2 mi com divulgação
A um ano das eleições, deputados e senadores intensificam o uso da verba indenizatória para divulgar seus mandatos
Um único deputado gastou R$ 45,5 mil em julho com propaganda; ato assinado em maio proíbe "gastos de caráter eleitoral" com verba
FELIPE BÄCHTOLD
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
A pouco mais de um ano das
eleições, deputados federais e
senadores gastaram juntos
quase R$ 2 milhões de verba indenizatória com "divulgação da
atividade parlamentar" apenas
no último mês de julho.
Os gastos incluem despesas
até com telemarketing, além de
repasses a rádios, jornais e portais de internet -a maioria de
pequenas cidades.
Os pagamentos a rádios com
a verba indenizatória no período somam R$ 107 mil e a jornais, R$ 140 mil. O senador
João Ribeiro (PR-TO) repassou
de uma só vez R$ 10 mil a um site do Tocantins, onde há propagandas de ao menos outros dez
políticos.
Ao todo, 28 senadores e 262
deputados usaram a verba para
divulgação do mandato em julho. Apenas na Câmara, foram
577 repasses no mês. A maior
parte dos gastos foi para gráficas, produtoras e empresas do
ramo de publicidade.
É comum aparecerem também empresas de "estratégia de
comunicação", "eventos", assessorias de imprensa e marketing entre as beneficiadas com
a verba, assim como fabricantes de placas publicitárias.
Em julho, houve pagamento
como divulgação de mandato
até para um disque-táxi, um
restaurante e uma associação
estudantil. A verba foi usada
ainda pelos congressistas em
pelo menos quatro pagamentos
a emissoras de TV. Pessoas físicas também aparecem como
beneficiárias no período.
Um único deputado -Fernando de Fabinho (DEM-BA)- gastou no período
R$ 45,5 mil com a propaganda
sobre sua atuação na Câmara, o
equivalente a quase três vezes o
salário que recebe. O pagamento foi feito a uma gráfica baiana
-uma de suas financiadoras na
campanha eleitoral de 2006.
Entre os senadores, quem
mais gastou em julho foi Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que
repassou mais de R$ 21 mil a
duas editoras de Roraima.
Uso eleitoral
Após escândalos de um uso
irregular de passagens aéreas
por deputados no começo do
ano, a Câmara reformulou o
sistema de pagamento de verbas indenizatórias em maio.
Em abril, já havia passado a
publicar na internet o nome, o
número do recibo e o CNPJ das
empresas que recebem o dinheiro -o Senado também
adotou mecanismo similar.
O valor da verba indenizatória depende de qual Estado é o
congressista e se ocupa cargo
de liderança. Os deputados federais recebem de R$ 23 mil a
até R$ 35,5 mil para gastos como passagens aéreas, combustível e locação de escritório.
Alguns gastaram mais do que
isso só com a divulgação do
mandato em julho porque a
verba que não foi consumida
anteriormente pode ser usada
no mês seguinte, segundo a direção da Câmara.
De acordo com o ato assinado
em maio, não são permitidos
"gastos de caráter eleitoral"
com esse dinheiro. A aplicação
da verba indenizatória com a
divulgação também será proibida seis meses antes das eleições -a partir de abril de 2010.
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