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PERNAMBUCO
Devido à greve da Polícia Militar, governo federal libera a presença de tropas após pedido do governador
FHC autoriza uso de Exército em Recife
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Soldados do Exército ocuparam
ontem ruas e avenidas de Recife
(PE), na tentativa de oferecer segurança à população em razão da
greve dos policiais militares, deflagrada anteontem.
A presença das tropas federais
foi solicitada pelo governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), diante
do impasse nas negociações com
os grevistas, que reivindicam melhores salários.
A autorização para o uso das
Forças Armadas no policiamento
de rua foi concedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e comunicada ao governador
pelo ministro Alberto Cardoso
(Segurança Institucional).
Os soldados, armados com fuzis
e protegidos por coletes à prova
de balas, foram deslocados para
os presídios, onde a segurança externa era precária, e para os principais corredores bancários.
O CMN (Comando Militar do
Nordeste) não informou quantos
militares foram disponibilizados,
mas a Secretaria da Justiça do Estado estimou em 150 o número de
soldados nas ruas ontem.
Até o início da noite, um grupo
com cerca de mil policiais permanecia de plantão ao lado do Palácio Campo das Princesas, sede do
governo estadual.
Com faixas, cartazes e apitos,
eles afirmaram que só deixariam
o local após o fim do movimento.
Todos estavam uniformizados e
armados. "O mais manso deles é
um pitbull sem comer há sete
dias", disse o cabo Arnaldo Lima,
um dos negociadores.
Segundo o líder do movimento
e diretor da Associação dos Cabos
e Soldados da PM, Moisés Filho,
cerca de 90% da categoria, composta por 15 mil policiais, aderiu à
paralisação.
O governo, que estimou a adesão em 10%, classificou a greve de
"oportunista", com "nítida inspiração político-eleitoral". Segundo
a PM, no interior do Estado o movimento se resumiu ao aquartelamento de "alguns" em Petrolina e
Caruaru. Em Recife, porém, não
havia policiamento nas ruas.
Houve diversos crimes (leia texto
nesta página).
No final da tarde, a Justiça determinou o retorno imediato dos
grevistas ao trabalho, sob pena de
multa de R$ 370 mil por dia, no
caso de descumprimento.
A ordem, no entanto, não havia
sido cumprida até as 18h (19h em
Brasília). A Associação dos Cabos
e Soldados da PM informou que
iria recorrer da decisão.
Para o diretor da entidade e líder do movimento, soldado Moisés Filho, a greve é legal porque a
Constituição proíbe o pagamento
de salário inferior a R$ 151.
O menor soldo de um PM no
Estado é de aproximadamente R$
75. A associação reivindica que o
valor seja equiparado ao salário
mínimo, o que elevaria o vencimento de um soldado em início
de carreira, dos atuais R$ 600 para
R$ 900. Além disso, a categoria
quer também aumentar para 72
horas o período de descanso na
faixa de trabalho de 24 horas de
serviço por 48 horas de folga.
O governo do Estado alega falta
de recursos e pede que a categoria
espere até o ano que vem para ser
atendida.
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