São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2000

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PERNAMBUCO
Devido à greve da Polícia Militar, governo federal libera a presença de tropas após pedido do governador
FHC autoriza uso de Exército em Recife

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Soldados do Exército ocuparam ontem ruas e avenidas de Recife (PE), na tentativa de oferecer segurança à população em razão da greve dos policiais militares, deflagrada anteontem.
A presença das tropas federais foi solicitada pelo governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), diante do impasse nas negociações com os grevistas, que reivindicam melhores salários.
A autorização para o uso das Forças Armadas no policiamento de rua foi concedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e comunicada ao governador pelo ministro Alberto Cardoso (Segurança Institucional).
Os soldados, armados com fuzis e protegidos por coletes à prova de balas, foram deslocados para os presídios, onde a segurança externa era precária, e para os principais corredores bancários.
O CMN (Comando Militar do Nordeste) não informou quantos militares foram disponibilizados, mas a Secretaria da Justiça do Estado estimou em 150 o número de soldados nas ruas ontem.
Até o início da noite, um grupo com cerca de mil policiais permanecia de plantão ao lado do Palácio Campo das Princesas, sede do governo estadual.
Com faixas, cartazes e apitos, eles afirmaram que só deixariam o local após o fim do movimento. Todos estavam uniformizados e armados. "O mais manso deles é um pitbull sem comer há sete dias", disse o cabo Arnaldo Lima, um dos negociadores.
Segundo o líder do movimento e diretor da Associação dos Cabos e Soldados da PM, Moisés Filho, cerca de 90% da categoria, composta por 15 mil policiais, aderiu à paralisação.
O governo, que estimou a adesão em 10%, classificou a greve de "oportunista", com "nítida inspiração político-eleitoral". Segundo a PM, no interior do Estado o movimento se resumiu ao aquartelamento de "alguns" em Petrolina e Caruaru. Em Recife, porém, não havia policiamento nas ruas. Houve diversos crimes (leia texto nesta página).
No final da tarde, a Justiça determinou o retorno imediato dos grevistas ao trabalho, sob pena de multa de R$ 370 mil por dia, no caso de descumprimento.
A ordem, no entanto, não havia sido cumprida até as 18h (19h em Brasília). A Associação dos Cabos e Soldados da PM informou que iria recorrer da decisão.
Para o diretor da entidade e líder do movimento, soldado Moisés Filho, a greve é legal porque a Constituição proíbe o pagamento de salário inferior a R$ 151.
O menor soldo de um PM no Estado é de aproximadamente R$ 75. A associação reivindica que o valor seja equiparado ao salário mínimo, o que elevaria o vencimento de um soldado em início de carreira, dos atuais R$ 600 para R$ 900. Além disso, a categoria quer também aumentar para 72 horas o período de descanso na faixa de trabalho de 24 horas de serviço por 48 horas de folga.
O governo do Estado alega falta de recursos e pede que a categoria espere até o ano que vem para ser atendida.



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