São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2000

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Ataques pessoais devem ficar fora da televisão

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que vinham sinalizando desde o início do horário eleitoral gratuito, os estrategistas do candidato do PPB à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, decidiram manter os ataques pessoais do ex-prefeito a sua adversária Marta Suplicy (PT) fora da TV.
Segundo pessoas ligadas ao pepebista ouvidas pela Folha, todas as insinuações sobre a vida particular e sobre o trabalho da petista como sexóloga deverão continuar preferencialmente restritas às entrevistas que Maluf concede diariamente à imprensa.
Na avaliação da equipe que assessora o ex-prefeito, as informações repassadas pelo candidato poderiam perder credibilidade se veiculadas durante o horário eleitoral, sob o argumento de que se tratariam de ""invenções" típicas de campanha.
Divulgadas pela imprensa, as afirmações, sempre indiretas e carregadas de duplo sentido, ganhariam mais força e ao mesmo tempo conseguiriam desestabilizar a candidata petista longe dos olhos da maioria do eleitorado.
As discussões sobre o assunto têm sido uma exigência de Maluf, embora grande parte dos partidários históricos do ex-prefeito defenda claramente essa posição.
Segundo a Folha apurou, o pepebista argumenta que não pode ouvir calado declarações sobre sua honestidade enquanto sua adversária não é ""nenhuma santa".
Eufóricos com pesquisa Datafolha que revelou uma queda de nova pontos percentuais entre Marta e Maluf, os estrategistas do PPB avaliam ter conseguido o que chamam de um ""milagre" no segundo turno: tiraram o ex-prefeito de uma posição defensiva, levando-o para o ataque.
Depois da vitória apertada no primeiro turno, alguns avaliavam ser praticamente impossível dar à campanha um tom que favorecesse Maluf.
À frente nas pesquisas desde o início da eleição, Marta, dizem assessores do ex-prefeito, tem uma imagem muito melhor que a de seu próprio candidato, já que contra ela não pesam denúncias de corrupção e o consequente desgaste que elas provocam.
A partir daí restava tentar transformar os pontos fracos de Maluf em vantagens eleitorais e atacar a petista quanto à sua falta de experiência e à sua ligação com o PT.
O primeiro passo para isso foi aproveitar o fato da ida do ex-prefeito para o segundo turno ter sido definida com a abertura de urnas localizadas na periferia para ""jogá-lo no colo dos pobres".
O segundo, transformar o isolamento político -que as pesquisas internas do partido davam como um problema para o candidato- em mais uma prova de que Maluf seria o candidato do povo.
A estratégia vem sendo considerada um sucesso não só pelos malufistas. Procurados pela Folha, marqueteiros afirmam que, se a petista não aproveitar os pontos fracos de Maluf para ligá-lo, por exemplo, a denúncias de corrupção e a seu ex-afilhado Celso Pitta (PTN), poderá cair ainda mais.


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