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PROPAGANDA
Coordenador de programa de Lula falava, em 96, que cidade teria todo esgoto tratado, o que não aconteceu até agora
Palocci inflaciona dados sobre saneamento
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
O petista Antônio Palocci Filho,
membro do núcleo de campanha
de Lula e coordenador do seu
programa de governo, inflacionou a realização de obras referentes ao saneamento básico de Ribeirão Preto. Palocci foi eleito pela segunda vez prefeito da cidade e
se licenciou do cargo em agosto
para se dedicar exclusivamente à
campanha presidencial do PT.
O programa de saneamento básico de Ribeirão Preto está sendo
exibido no horário eleitoral de
Lula e do candidato ao governo de
São Paulo pelo PT, José Genoino,
como uma forma de mostrar que
o PT sabe administrar.
Em uma das cenas sobre realizações de administrações petistas,
o locutor afirma que a Prefeitura
de Ribeirão Preto, governada por
Palocci, está concluindo a segunda estação coletora de esgoto na
cidade e 25 quilômetros de interceptores. Atualmente, somente
14% do esgoto é tratado.
No final de seu primeiro mandato, em 1996, durante a campanha para prefeito na qual Palocci
tentava eleger Sérgio Roxo como
seu sucessor, a propaganda petista afirmava: "Sérgio Roxo, a certeza de seguir em frente com 100%
de esgoto tratado". Até agora, porém, a obra não foi concluída.
Na ocasião, a Prefeitura havia
contratado um consórcio para a
construção de três estações de tratamento, reduzidas a duas por
causa de impedimentos apontados pela Secretaria Estadual de
Meio Ambiente.
A empresa, porém, não teve capacidade financeira para tocar a
obra, provocando a paralisação
por quase três anos. Se a contratação feita na gestão Palocci tivesse
seguido o ritmo normal, a concretização da obra aconteceria na
gestão passada, do PSDB.
"Apesar de ter feito uma campanha em cima do mote de que a
cidade teria 100% do esgoto tratado, isso ainda não aconteceu",
afirmou a vereadora Silvana Resende (PSDB).
Mesmo com a conclusão dessa
estação, o município ainda não terá 100% do esgoto tratado. Isso
porque há na cidade 31 favelas,
onde moram cerca de 10 mil pessoas. Nesses locais, não há coleta
de esgotos. Também ficarão faltando a conclusão de emissários.
Apesar de não ter concluído as
duas estações de tratamento, a
concessionária recebe da prefeitura cerca de R$ 250 mil por mês.
A prefeitura entendeu que a empresa teria direito de receber pela
conclusão da primeira estação, a
Caiçara, que trata 14% do esgoto.
Para tanto, contratou um parecer
do advogado Dalmo de Abreu
Dallari e enviou um projeto pedindo autorização à Câmara Municipal para fazer os pagamentos
mensais ao consórcio.
A entrega das obras também está atrasada. Pelo cronograma
acertado em junho do ano passado entre o Daerp (Departamento
de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) e a empresa, a estação deveria
estar concluída em 31 de agosto.
Correções
O edital para a concessão do serviço previa a construção de três
estações de tratamento. Porém, a
prefeitura submeteu o projeto
executivo da obra à Secretaria Estadual de Meio Ambiente somente durante a licitação.
A secretaria manifestou-se depois que a concorrência já havia
sido concluída e apontou restrições ambientais ao programa, o
que obrigou à alteração do projeto original, obrigando a prefeitura
a excluir uma das estações e ampliar a Caiçara.
Além da necessidade de adequação do projeto, a empresa verificou que a vazão e a carga orgânica eram 21% maiores do que as
indicadas no edital e, mais uma
vez, houve necessidade de adequação. Diante de tudo isso, o
consórcio obteve autorização para alterar o valor que seria cobrado na tarifa.
O problema maior surgiu depois. Para provar que tinha capacidade financeira para tocar a
obra, o consórcio apresentou
uma carta do BNDES na qual o
banco reconhecia o enquadramento do projeto para financiamento de no máximo 65% do investimento total, condicionado à
participação de capital próprio da
empresa de no mínimo 25% do
empreendimento.
A empresa, no entanto, não
conseguiu levantar os recursos e,
logo no início de 1997, o trabalho
foi paralisado, permanecendo assim por 31 meses. A situação só foi
contornada com a entrada de outra empresa no consórcio, em novembro de 1999, quando as obras
foram reiniciadas.
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