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JOGO NACIONAL
Senador crê na vitória do PDT em Salvador e afirma que PT só existe com respaldo de Lula
ACM admite derrota e diz que Lula "jorrou" verba na eleição
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 77, admitiu a derrota em Salvador e disse que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva "jorrou" dinheiro público nas
campanhas do PT. "A derrota do
senador César Borges é um reflexo da ligação de todos os partidos
contra mim ou o PFL", disse.
Em seu escritório político, o senador ACM deu ontem a sua primeira entrevista depois de ser
submetido a uma cirurgia no Incor, onde implantou um desfibrilador no coração.
Agência Folha - O que representa
para o sr. uma eventual derrota do
PFL em Salvador?
Antonio Carlos Magalhães - A
derrota do senador César Borges
é um reflexo da ligação de todos
os partidos contra mim ou o PFL.
Mas, daqui a um ano, o cenário
será totalmente diferente. João
Henrique (PDT) vai fracassar, ele
não tem competência, mas o ódio
à cidade por parte de meus adversários fez com que todos se unissem contra o melhor. Vamos para
2006 com vantagem, já que os petistas, que se uniram a João Henrique, não sabem governar.
Agência Folha - O presidente Lula foi criticado por participar diretamente da eleição em São Paulo.
O que o sr. pensa disso?
ACM - Enquanto o presidente
não se convencer que é mais presidente do que presidente do PT,
ele não vai agradar ao país. O PT
só existe em razão do seu respaldo
político. A nação tem de estar acima dos partidos e o presidente
tem de se colocar nesta posição.
Agência Folha - O presidente interferiu muito na campanha?
ACM - Não direi se ele interferiu
ou não. Mas, se não interferiu, fez
muito mal, porque o governo interferiu sem sua ordem, o que demonstra falta de comando. O presidente jorrou o dinheiro público
de maneira inacreditável. Na Bahia, temos exemplos, como Juazeiro e Vitória da Conquista, onde
o ministro da Saúde esteve várias
vezes. A Petrobras agiu de uma
maneira inacreditável, irresponsável, não pode fazer a política suja que fez. Como acionista da Petrobras desde 67, vou procurar
um advogado para questionar a
sua forma de agir na eleição, fazendo convênios absurdos com
várias cidades petistas.
Agência Folha - O que muda no
cenário político após o 2º turno?
ACM - Ao que tudo indica, o PT
perderá em São Paulo e Porto Alegre. Só isso dá uma dimensão de
que o partido não cresceu como
deveria crescer, mesmo utilizando a máquina. O PT colocou ministros como agentes políticos na
vida pública, uma vergonha.
Agência Folha - O sr. acha que Lula deve fazer reforma ministerial?
ACM - Claro que sim, este ministério é muito fraco. Lula é um homem inteligente, ninguém chega
de torneio mecânico à Presidência sem méritos. Só que os seus
méritos estão se diluindo com a
prática de um governo que não
atende aos interesses da nação.
Agência Folha - Quem são os ministros que o sr. considera bons?
ACM - O meu medo é que o presidente Lula, em uma eventual reforma ministerial, coloque os derrotados nos postos de comando,
como fez na formação de seu governo. São fracos os ministros
Rossetto, Olívio Dutra, Tarso
Genro, por exemplo. Para resumir, quem representa bem o governo são José Dirceu, Aldo Rebelo, Márcio Thomaz Bastos, Roberto Rodrigues, Furlan e Palocci.
Agência Folha - O que a eleição
projeta para 2006?
ACM - Há dois meses a reeleição
do presidente Lula era tranqüila.
Hoje, ninguém pode fazer a afirmação. Só que, se o seu governo
continuar assim, acho que ele
nem será candidato à reeleição.
Agência Folha - O PT e o PSDB vão
dominar o cenário político?
ACM - Este foi o erro que o PFL
cometeu, deixar o PSDB agir para
ser o pólo anti-PT. O PFL poderia
tomar essa dianteira, mas o êxito
do PSDB em São Paulo, onde o
governador Geraldo Alckmin está
com grande popularidade, levou
o bastão para o PSDB. O PT, se
não virar para Lula, será derrotado nas próxima eleição presidencial. Mesmo assim, o PFL pode retomar a bandeira anti-PT, principalmente com Cesar Maia (RJ).
Agência Folha - Foi surpresa o desempenho de Serra em São Paulo?
ACM - Na realidade, o Serra não
demonstrou simpatia na eleição
presidencial. Mas, lamento dizer,
a Marta Suplicy tornou o Serra
simpático, imaginem.
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