São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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JOGO NACIONAL

Senador crê na vitória do PDT em Salvador e afirma que PT só existe com respaldo de Lula

ACM admite derrota e diz que Lula "jorrou" verba na eleição

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 77, admitiu a derrota em Salvador e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "jorrou" dinheiro público nas campanhas do PT. "A derrota do senador César Borges é um reflexo da ligação de todos os partidos contra mim ou o PFL", disse.
Em seu escritório político, o senador ACM deu ontem a sua primeira entrevista depois de ser submetido a uma cirurgia no Incor, onde implantou um desfibrilador no coração.
 

Agência Folha - O que representa para o sr. uma eventual derrota do PFL em Salvador?
Antonio Carlos Magalhães -
A derrota do senador César Borges é um reflexo da ligação de todos os partidos contra mim ou o PFL. Mas, daqui a um ano, o cenário será totalmente diferente. João Henrique (PDT) vai fracassar, ele não tem competência, mas o ódio à cidade por parte de meus adversários fez com que todos se unissem contra o melhor. Vamos para 2006 com vantagem, já que os petistas, que se uniram a João Henrique, não sabem governar.

Agência Folha - O presidente Lula foi criticado por participar diretamente da eleição em São Paulo. O que o sr. pensa disso?
ACM -
Enquanto o presidente não se convencer que é mais presidente do que presidente do PT, ele não vai agradar ao país. O PT só existe em razão do seu respaldo político. A nação tem de estar acima dos partidos e o presidente tem de se colocar nesta posição.

Agência Folha - O presidente interferiu muito na campanha?
ACM -
Não direi se ele interferiu ou não. Mas, se não interferiu, fez muito mal, porque o governo interferiu sem sua ordem, o que demonstra falta de comando. O presidente jorrou o dinheiro público de maneira inacreditável. Na Bahia, temos exemplos, como Juazeiro e Vitória da Conquista, onde o ministro da Saúde esteve várias vezes. A Petrobras agiu de uma maneira inacreditável, irresponsável, não pode fazer a política suja que fez. Como acionista da Petrobras desde 67, vou procurar um advogado para questionar a sua forma de agir na eleição, fazendo convênios absurdos com várias cidades petistas.

Agência Folha - O que muda no cenário político após o 2º turno?
ACM -
Ao que tudo indica, o PT perderá em São Paulo e Porto Alegre. Só isso dá uma dimensão de que o partido não cresceu como deveria crescer, mesmo utilizando a máquina. O PT colocou ministros como agentes políticos na vida pública, uma vergonha.

Agência Folha - O sr. acha que Lula deve fazer reforma ministerial?
ACM -
Claro que sim, este ministério é muito fraco. Lula é um homem inteligente, ninguém chega de torneio mecânico à Presidência sem méritos. Só que os seus méritos estão se diluindo com a prática de um governo que não atende aos interesses da nação.

Agência Folha - Quem são os ministros que o sr. considera bons?
ACM -
O meu medo é que o presidente Lula, em uma eventual reforma ministerial, coloque os derrotados nos postos de comando, como fez na formação de seu governo. São fracos os ministros Rossetto, Olívio Dutra, Tarso Genro, por exemplo. Para resumir, quem representa bem o governo são José Dirceu, Aldo Rebelo, Márcio Thomaz Bastos, Roberto Rodrigues, Furlan e Palocci.

Agência Folha - O que a eleição projeta para 2006?
ACM -
Há dois meses a reeleição do presidente Lula era tranqüila. Hoje, ninguém pode fazer a afirmação. Só que, se o seu governo continuar assim, acho que ele nem será candidato à reeleição.

Agência Folha - O PT e o PSDB vão dominar o cenário político?
ACM -
Este foi o erro que o PFL cometeu, deixar o PSDB agir para ser o pólo anti-PT. O PFL poderia tomar essa dianteira, mas o êxito do PSDB em São Paulo, onde o governador Geraldo Alckmin está com grande popularidade, levou o bastão para o PSDB. O PT, se não virar para Lula, será derrotado nas próxima eleição presidencial. Mesmo assim, o PFL pode retomar a bandeira anti-PT, principalmente com Cesar Maia (RJ).

Agência Folha - Foi surpresa o desempenho de Serra em São Paulo?
ACM -
Na realidade, o Serra não demonstrou simpatia na eleição presidencial. Mas, lamento dizer, a Marta Suplicy tornou o Serra simpático, imaginem.


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