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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO CELSO DANIEL
Carvalho nega ter pedido que governo acione STF contra comissão e cancele acareação
Assessor de Lula diz que vai à CPI com "coração aberto"
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto
Carvalho, disse ontem que irá de
"coração aberto" à CPI dos Bingos, na semana que vem, para a
acareação com os irmãos do prefeito Celso Daniel (PT), assassinado em janeiro de 2002.
Carvalho, que à época da morte
de Daniel era secretário de Governo da Prefeitura de Santo André,
aproveitou ontem um rápido
contato com os jornalistas para
desqualificar a tese de que estaria
abalado por ter de enfrentar João
Francisco e Bruno José Daniel.
"Aqui não tem esse negócio de
chorão, não", afirmou, sinalizando que está seguro para a acareação marcada para o dia 26.
Ontem, no Itamaraty, o chefe-de-gabinete da Presidência acompanhou a cerimônia de abertura
de seminário internacional sobre
o programa Bolsa Família. Ao ser
abordado por jornalistas, demonstrou tranqüilidade, deu rápidas declarações e retornou ao
Palácio do Planalto. Suas aparições em eventos são raras.
"Eu fui convocado e vou [à acareação]", afirmou, assim que foi
cercado por jornalistas e questionado se, no governo, há algum tipo de articulação para cancelar o
encontro na CPI dos Bingos. A comissão é alvo de críticas da base
aliada e do Planalto por investigar
casos de suspeita de corrupção
em gestões municipais petistas.
Carvalho não quis polemizar
em torno da CPI, mas admitiu haver setores do governo que defendem uma ação no STF (Supremo
Tribunal Federal) contra a mudança de foco na pauta da CPI.
"Existem as conversas [de acionar
o STF contra a CPI], mas não pedi
nada", afirmou Carvalho, que
completou: "Eu estou tranqüilo e
de coração aberto".
Anteontem, o líder do governo
na Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), disse que qualquer partido ou parlamentar da base aliada
pode entrar com recurso no STF
contra a CPI, caso ela "extrapole
suas funções".
Contradições
Tanto Carvalho como os irmãos
de Celso Daniel já foram ouvidos
pela CPI, que optou pela acareação -marcada para a próxima
quarta-feira- por conta das contradições nos depoimentos. Bruno e João Francisco Daniel afirmam ter ouvido de Carvalho que
havia arrecadação de propina de
empresários da cidade para financiar campanhas de políticos petistas e que o dinheiro era levado pelo atual chefe-de-gabinete de Lula
ao então presidente do partido,
deputado federal José Dirceu.
Carvalho e Dirceu negam.
A promotoria de São Paulo sustenta que o assassinato de Celso
Daniel está ligado ao suposto esquema de arrecadação de propina
em Santo André. O caso -aquecido pela CPI dos Bingos e pela
morte ainda não explicada do legista Carlos Delmonte na semana
passada- até hoje rende turbulência política ao governo e ao PT.
Delmonte defendia que Daniel foi
torturado antes de ser morto.
Ontem, Carvalho foi questionado se irá à acareação ainda como
chefe-de-gabinete de Lula. "Isso é
com o presidente", respondeu,
sorrindo, enquanto via os jornalistas serem retirados do local pelos seguranças da Presidência.
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