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União PT-PMDB dobra tempo de TV de Dilma
Por aliança, peemedebistas exigem a vice na chapa da ministra e solução nos Estados onde há discordância com petistas
Pré-compromisso ajuda a isolar a ala do PMDB que defende o apoio ao PSDB e fortalece a candidatura
única da base governista
LETÍCIA SANDER
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O "pré-compromisso" eleitoral entre PT e PMDB vai garantir à pré-candidata governista
às eleições de 2010, ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil), o
dobro do tempo de propaganda
gratuita na TV. Em troca, o
PMDB exige a vice na chapa e
uma solução nos Estados onde
estão concentradas as principais divergências com o PT.
Os peemedebistas também
querem assento na coordenação da campanha da ministra e
participação ativa na formulação do programa de governo.
Para selar o acordo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
convidou as cúpulas dos dois
partidos para um jantar ontem
no Palácio da Alvorada. Até a
conclusão desta edição, o jantar
estava acontecendo. A expectativa era que, no final, fosse divulgada uma nota à imprensa
detalhando o acerto.
O anúncio é simbólico, já que
a aliança precisa ser aprovada
na convenção nacional do
PMDB em junho de 2010. Mas
serve para isolar a ala do partido que defende o apoio à candidatura do PSDB à Presidência.
Serve ainda como uma demonstração de força, num momento em que o Planalto busca
uma candidatura única da base
governista, o que exigiria tirar o
deputado Ciro Gomes (PSB-SP) da disputa nacional.
O interesse do PT em atrair o
PMDB se explica na força da
máquina peemedebista, a principal legenda hoje do país, com
o maior número de prefeitos e
congressistas. Por isso tem o
maior tempo de TV no horário
eleitoral gratuito da campanha.
Num cenário hipotético com
sete candidatos à Presidência
-Dilma, José Serra (PSDB),
Marina Silva (PV) e Ciro, além
de ao menos três outros de legendas nanicas-, o PMDB pode chegar a ter 16% do tempo
semanal de propaganda na TV.
O PT teria 15% e o PSDB, 13%.
O texto da nota de ontem foi
discutido num almoço de peemedebistas na casa do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), hoje o nome
mais forte para assumir a vice
na chapa. Outros nomes cogitados foram o do presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, e o do ministro das Comunicações, Hélio Costa. O
teor da nota ainda seria submetido ao PT no jantar de ontem.
A nota tem cinco pontos. O
mais importante diz que os
"partidos levarão a suas instâncias o pré-compromisso, construindo soluções conjuntas nas
alianças regionais".
Esse trecho é o que mais interessa ao PMDB e foi colocado
como forma de ameaça velada
ao PT. Se os petistas não abrirem espaço para peemedebistas em vários Estados, o "pré-compromisso" será rasgado.
Outro ponto deixa claro que o
PMDB terá a vaga de vice.
Para aprovar o apoio a Dilma,
é preciso a maioria dos 719 votos da convenção peemedebista -360, portanto. A cúpula governista do PMDB calcula que
hoje há 450 pela aliança. Como
os Estados têm grande força na
decisão, resolver problemas regionais se torna mais relevante.
Hoje, PT e PMDB não se entendem em alguns dos principais Estados, como Minas, Rio,
Bahia e Rio Grande do Sul.
Ontem à tarde, as lideranças
peemedebistas no Congresso
saíram em defesa do acordo
com o PT. Temer afirmou que,
sem dúvida, este é um passo
importante por mostrar "que o
PMDB está presente".
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), que, com o
apoio explícito de Lula, se segurou no cargo após uma série de
denúncias ao longo deste ano,
foi na mesma linha de defesa da
aliança com o PT.
Colaboraram VALDO CRUZ e ADRIANO CEOLIN , da Sucursal de Brasília
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