JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA

A Procuradoria da República no Piauí instaurou inquérito para apurar denúncias de fraude envolvendo o programa do governo federal Bolsa-Família. Entre as denúncias que serão investigadas está o caso de um presidente municipal do PT do Estado que consta irregularmente como beneficiário do programa.
O nome de Raimundo Carvalho de Araújo Filho, 48, presidente do diretório do PT em Miguel Leão (89 km de Teresina) consta no cadastro municipal do Bolsa-Família mesmo não se enquadrando nos critérios para o recebimento dos benefícios.
O programa, o principal da área social do governo Luiz Inácio Lula da Silva, repassa até R$ 95 para famílias com renda inferior a R$ 100 mensais per capita.
Araújo Filho disse à Folha que já havia pedido sua exclusão do cadastro de beneficiados do Bolsa-Família em abril de 2003, após ter começado a receber sua aposentadoria de servidor estadual. Desde então, o petista -segundo ele próprio- possui uma renda mensal de R$ 1.100. E não deixou de receber o benefício.
No Piauí, 203.785 famílias são atendidas pelo programa Bolsa-Família, conforme levantamento da coordenação estadual do programa.
Segundo o procurador-chefe da República no Piauí, Carlos Wagner Barbosa Guimarães, serão fiscalizados os conselhos municipais de controle e participação social do Bolsa-Família -responsáveis pelo cadastramento das pessoas beneficiadas pelo governo federal- e a lista dos beneficiários do programa no Piauí.
A Procuradoria expediu ofícios aos prefeitos do Estado solicitando informações sobre a composição dos conselhos municipais e das coordenações do programa em cada um dos municípios do Piauí.

Duplicidade
A principal irregularidade constatada durante o recadastramento que está sendo feito entre os beneficiários do programa no Piauí é a duplicidade de cadastros -pessoas que estão cadastradas em mais de um programa de auxílio do governo federal-, disse a coordenadora do Bolsa-Família no Estado, Adriana Moura.