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PF ouvirá bicheiro suspeito de envolvimento no dossiê
Turcão deverá dizer que ajudou financeiramente candidato a deputado do PT
Acusado pode alegar que o
dinheiro apreendido veio de
uma doação eleitoral e não
se destinava a financiar a
compra dos documentos
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
RAPHAEL GOMIDE
SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Federal marcou para hoje o depoimento do bicheiro Antonio Petrus Kalil, suspeito de ter fornecido parte do dinheiro utilizado por emissários
petistas na negociação do dossiê contra os tucanos paulistas
José Serra e Geraldo Alckmin.
Conhecido como Turcão, Kalil, 81, é um bicheiro antigo do
Rio de Janeiro. A PF descobriu
que, do R$ 1,1 milhão que seria
utilizado na compra do material contra políticos do PSDB,
R$ 5.000 teriam passado por
bancas ligadas a Turcão.
No dinheiro apreendido com
os emissários petistas Gedimar
Passos e Valdebran Padilha, no
hotel Ibis Congonhas, em São
Paulo, no dia 15 de setembro,
havia fitas de máquinas de calcular antigas muito usadas pelo
jogo do bicho, além de notas de
pequeno valor, o que também
indicaria recursos provenientes de apostas. Uma das fitas
continha a inscrição "Caxias
118", o que seria referência a
uma banca de jogo.
Uma das dificuldades no rastreamento dessa parcela do dinheiro encontradas pelo delegado da PF Diógenes Curado
-responsável pelo inquérito
do dossiê- é que Turcão presta
o serviço de "descarga", uma
espécie de resseguro para bancas menores de jogo do bicho, a
fim de garantir o pagamento a
eventuais ganhadores.
Assim, mesmo se confirmado
que o dinheiro passou por uma
de suas bancas, isso não significaria necessariamente que foi
ele quem doou os recursos.
Intimação
Turcão foi intimado a depor
na semana passada. Caso compareça ao depoimento, ele deve
negar que tenha dado dinheiro
para a compra do dossiê, segundo a Folha apurou.
Mas dirá que ajudou à campanha de pelo menos um candidato a deputado federal pelo
PT do Rio de Janeiro, e que
também fez o mesmo com políticos de outros partidos.
Se havia dinheiro de Turcão
no R$ 1,75 milhão apreendido
pela Polícia Federal, só pode
ter saído dessa doação, de acordo com comentários feitos por
ele com seus advogados, assessores, outros bicheiros e com
os filhos Antônio e Marcelo.
Mesmo assim, ele disse a todos
duvidar muito que se consiga
provar que doou dinheiro para
a compra do dossiê.
Nas conversas sobre o tema,
Turcão argumenta que não pode ser responsabilizado se o
candidato petista, cujo nome
ele tem preferido manter em
segredo, usou o dinheiro para
essa finalidade. A pessoas próximas ele já admitiu, contudo,
que poderá revelar o nome do
candidato à Polícia Federal.
Curado está no Rio desde a
última quinta-feira. Na semana
passada o delegado voltou a ouvir as pessoas usadas como "laranjas" nas operações de dólar
feitas pela casa de câmbio Vicatur, de Nova Iguaçu (RJ), pela
qual passou pelo menos parte
dos US$ 248,8 mil apreendidos
com os petistas que negociavam a compra do dossiê com
Luiz Antônio Vedoin, chefe da
máfia dos sanguessugas.
Segundo a Folha apurou, os
depoimentos reforçam a caracterização dos crimes que teriam sido cometidos pelos dirigentes da casa de câmbio: formação de quadrilha, lavagem
de dinheiro, crimes contra o
sistema financeiro e falsidade
ideológica. Na semana que
vem, Curado pedirá à Justiça
Federal prorrogação do prazo
do inquérito, que vence no dia
26 deste mês.
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