São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Denúncia do valerioduto do PSDB faz um ano sem decisão

STF ainda não resolveu se aceita a acusação contra Marcos Valério e outras 14 pessoas

Relator do inquérito no STF é o ministro Joaquim Barbosa, o mesmo que cuida da ação sobre o mensalão do PT; peça já tem 41 volumes


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A denúncia sobre o valerioduto tucano em Minas Gerais apresentada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, completa amanhã um ano de tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal) sem que o tribunal tenha se pronunciado se aceitará ou não a peça, que já tem 41 volumes. Passado um ano, os 15 acusados ainda não são réus.
O relator do inquérito no STF é o ministro Joaquim Barbosa, o mesmo que cuida do processo do mensalão do PT. O valerioduto tucano foi o embrião do que viria a ser o mensalão do PT, já que "o procedimento que se adotou para fazer o desvio do dinheiro é o mesmo, mas com objetivos diferentes", disse Antonio Fernando.
O esquema foi usado em 1998, na campanha pela reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), hoje senador. O operador financeiro do esquema, conforme a denúncia, teria sido o mesmo do mensalão do PT: o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que, por meio de sua hoje inativa agência de publicidade, a SMPB, atendia ao governo mineiro.
O inquérito no STF oferece denúncia por peculato e lavagem de dinheiro. São denunciados Valério, Azeredo, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e mais 12 pessoas, que teriam desviado para a campanha R$ 3,5 milhões em verbas públicas.
Pelo histórico da tramitação do inquérito no STF, as partes acusadas estão sendo intimadas a apresentar suas defesas e esclarecimentos. Azeredo apresentou resposta à denúncia em 20 de fevereiro deste ano. Sete dias depois foi a vez de Mares Guia, que deixou o ministério por causa dessa denúncia. Por uma semana, em agosto, o inquérito retornou à Procuradoria para vistas.
Nesta semana, o Ministério Público Federal em Minas apresentou denúncia contra 26 pessoas. Só duas -Valério e seu sócio Cristiano Paz- já estão na denúncia no Supremo.
Foram duas investigações específicas solicitadas pela Procuradoria: a suspeita de que Valério pagou ao então juiz da Justiça Eleitoral Rogério Tolentino (hoje seu sócio) para que, na campanha de 1998, votasse sempre a favor da coligação do PSDB; e supostos crimes financeiros do Banco Rural.
Valério e Rogério Tolentino estão desde o início de outubro presos em uma penitenciária em São Paulo porque são acusados de crime fiscal em outra investigação da Polícia Federal.
A Folha tentou ouvir ontem o senador Azeredo. A primeira tentativa de contato foi pelo celular, que não foi atendido. Depois não houve resposta ao recado deixado na caixa postal. Em outro contato, a assessoria do senador disse que ele não se pronunciará sobre esse novo fato porque não foi denunciado, nem sobre o anterior, porque já se pronunciou: "Ele não foi objeto dessa denúncia. A denúncia não é contra ele. Na denúncia que foi feita contra ele, o senador já prestou todas as informações à Justiça no sentido de se defender e de reafirmar as lisuras dos seus atos".


Texto Anterior: Funcionários da Abin escolhem hoje seu novo representante
Próximo Texto: STF valida provas contra ministro do STJ
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.