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Denúncia do valerioduto do PSDB faz um ano sem decisão
STF ainda não resolveu se aceita a acusação contra Marcos Valério e outras 14 pessoas
Relator do inquérito no STF é
o ministro Joaquim Barbosa,
o mesmo que cuida da ação
sobre o mensalão do PT;
peça já tem 41 volumes
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A denúncia sobre o valerioduto tucano em Minas Gerais
apresentada pelo procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza, completa
amanhã um ano de tramitação
no STF (Supremo Tribunal Federal) sem que o tribunal tenha
se pronunciado se aceitará ou
não a peça, que já tem 41 volumes. Passado um ano, os 15
acusados ainda não são réus.
O relator do inquérito no
STF é o ministro Joaquim Barbosa, o mesmo que cuida do
processo do mensalão do PT. O
valerioduto tucano foi o embrião do que viria a ser o mensalão do PT, já que "o procedimento que se adotou para fazer
o desvio do dinheiro é o mesmo, mas com objetivos diferentes", disse Antonio Fernando.
O esquema foi usado em
1998, na campanha pela reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB),
hoje senador. O operador financeiro do esquema, conforme a denúncia, teria sido o
mesmo do mensalão do PT: o
empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza, que, por
meio de sua hoje inativa agência de publicidade, a SMPB,
atendia ao governo mineiro.
O inquérito no STF oferece
denúncia por peculato e lavagem de dinheiro. São denunciados Valério, Azeredo, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia
e mais 12 pessoas, que teriam
desviado para a campanha R$
3,5 milhões em verbas públicas.
Pelo histórico da tramitação
do inquérito no STF, as partes
acusadas estão sendo intimadas a apresentar suas defesas e
esclarecimentos. Azeredo
apresentou resposta à denúncia em 20 de fevereiro deste
ano. Sete dias depois foi a vez de
Mares Guia, que deixou o ministério por causa dessa denúncia. Por uma semana, em agosto, o inquérito retornou à Procuradoria para vistas.
Nesta semana, o Ministério
Público Federal em Minas
apresentou denúncia contra 26
pessoas. Só duas -Valério e seu
sócio Cristiano Paz- já estão
na denúncia no Supremo.
Foram duas investigações específicas solicitadas pela Procuradoria: a suspeita de que Valério pagou ao então juiz da
Justiça Eleitoral Rogério Tolentino (hoje seu sócio) para
que, na campanha de 1998, votasse sempre a favor da coligação do PSDB; e supostos crimes
financeiros do Banco Rural.
Valério e Rogério Tolentino
estão desde o início de outubro
presos em uma penitenciária
em São Paulo porque são acusados de crime fiscal em outra
investigação da Polícia Federal.
A Folha tentou ouvir ontem
o senador Azeredo. A primeira
tentativa de contato foi pelo celular, que não foi atendido. Depois não houve resposta ao recado deixado na caixa postal.
Em outro contato, a assessoria
do senador disse que ele não se
pronunciará sobre esse novo
fato porque não foi denunciado, nem sobre o anterior, porque já se pronunciou: "Ele não
foi objeto dessa denúncia. A denúncia não é contra ele. Na denúncia que foi feita contra ele,
o senador já prestou todas as
informações à Justiça no sentido de se defender e de reafirmar as lisuras dos seus atos".
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