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PATRIMÔNIO
Objetivo é saber se houve favorecimento em gestões petistas a empresário que depositou cheque na conta de Lula
Delegado investiga desapropriações no ABC
XICO SÁ
da Reportagem Local
O delegado da Polícia Civil Pedro
José Liberal -que comanda o inquérito que apura supostas irregularidades na compra do apartamento do candidato derrotado à
Presidência pelo PT, Luiz Inácio
Lula da Silva- investiga 37 processos de desapropriação de lotes
em São Bernardo do Campo, região do ABC.
O objetivo é saber se houve favorecimento por parte de gestões petistas na prefeitura da cidade ao
empreiteiro Dalmiro Lorenzoni ou
ao advogado Roberto Teixeira,
amigo que orientou o candidato
derrotado do PT à Presidência na
compra do imóvel, em 1995.
Ao pedir a abertura do inquérito
sobre a compra, o Ministério Público estadual solicitou investigações sobre o suposto favorecimento a Lorenzoni, dono da construtora que ergueu o prédio onde o petista possui o apartamento.
De acordo com o deputado estadual Campos Machado (PTB), autor da representação com pedido
de apuração ao Ministério Público,
Teixeira faria parte de um esquema que controlava desapropriações em São Bernardo.
Entre os casos, poderia ser localizado o próprio terreno onde foi
construído o edifício Green Hill,
na avenida Francisco Prestes Maia,
endereço de Lula.
Cheque
Outro ponto da investigação, um
cheque de R$ 10 mil encontrado na
conta do candidato derrotado do
PT, também tem em comum os
nomes do empreiteiro, de Roberto
Teixeira e de Lula.
O cheque, segundo depoimento
do petista à Seccional da Polícia Civil de São Bernardo, foi depositado
por Teixeira, em julho de 95.
O advogado depôs ontem e também confirmou essa mesma versão (leia texto nesta página).
Para o delegado, o depósito, aparentemente, é um "problema menor" dentro do inquérito.
Em depoimento à polícia, Lorenzoni disse que apenas repassou o
cheque para Roberto Teixeira, resultado de uma dívida relativa a
serviços de advocacia.
Ontem, a Folha tentou falar com
o advogado, mas não obteve resposta às ligações telefônicas feitas
para o seu escritório em São Bernardo do Campo.
Contrato do terreno
Questionado desde a campanha
eleitoral sobre a origem dos recursos para a compra do imóvel, Lula
disse que havia vendido um automóvel Omega, por R$ 40 mil, e
mais um terreno (herança da sua
mulher Marisa) por R$ 72 mil.
Teixeira disse que comprou o
carro, e o empresário Samir Ali
Laila, dono de empresas de fabricação e venda de móveis em São
Bernardo, contou que adquiriu o
terreno do petista, de quem é amigo. Como a transação comercial
do terreno não foi registrada em
cartório, a polícia deverá requisitar cópia de um suposto contrato
particular que Lula e o empresário
dizem ter feito.
O documento comprovaria o
que o petista, além do próprio Roberto Teixeira, disseram em várias entrevistas.
Até o momento, o contrato teria
sido entregue, com o pedido de sigilo, à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e à OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil). A Folha tentou obter o documento, mas as entidades informaram que só seria possível com autorização do PT.
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