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TRANSIÇÃO
Sarney e Requião acreditam que parte do PMDB dará sustentação a Lula, mesmo sem a indicação de ministros
PMDB lulista festeja revés da ala serrista
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O grupo do PMDB que se opôs
ao candidato do governo de Fernando Henrique Cardoso e
apoiou Lula na eleição presidencial aplaudiu a decisão do PT de
romper o acordo que vinha sendo
costurado entre a cúpula do partido e o deputado José Dirceu (PT-SP), futuro chefe da Casa Civil.
Afirmando que não tinha "nada
a ver com isso" e que não vetou
"ninguém" para o ministério, o
governador eleito do Paraná, Roberto Requião, apoiou o desfecho
das conversas.
"A posição mais acertada era essa. Falta unidade interna ao
PMDB para firmar esse acordo. A
cúpula do partido não fala por
nós [o grupo que apoiou Lula]. Fizeram indicações, algumas até
boas, mas eles não falam pelo partido", afirmou Requião.
Uma eventual participação, no
entendimento de Requião, "resultaria de barganha ou do toma-lá-dá-cá que caracterizou a atuação
do partido nos últimos anos".
Ele disse ainda que a decisão de
não aceitar as indicações da cúpula do PMDB mostrou "firmeza"
de Lula. "O PT então iria aceitar
indicação de um pessoal que foi
derrotado na eleição [a cúpula do
partido apoiou o presidenciável
José Serra] e que está massacrando a centro-esquerda do partido?", disse, referindo-se à decisão
de Michel Temer, presidente nacional do PMDB, de intervir no
diretório paulista e afastar o grupo de Orestes Quércia.
"Já não chega indicar o Henrique Meirelles para a presidência
do Banco Central?", declara. Meirelles é do PSDB e não apoiou Lula na eleição.
A Folha apurou que uma parte
do grupo de Quércia considera
que Michel Temer conduziu as
negociações para que elas não
dessem certo, indicando para
ocupar ministérios pessoas que
sofreriam resistência no PT.
Sem citar nomes, o ex-presidente José Sarney também responsabilizou a cúpula do PMDB pelo
fracasso das conversas: "Eu lamento que a direção do PMDB tenha conduzido as coisas de modo
a que o partido não participasse
do governo".
Tanto Sarney quanto Requião
acreditam que parte do PMDB
dará sustentação a Lula, ainda que
sem a indicação de ministros. "A
maior parte do partido quer
apoiar o governo de Lula", diz o
senador. Sarney defende que uma
convenção, convocada para janeiro, aprove apoio ao governo Lula,
e não a "independência", como
quer a cúpula. O senador é candidato à presidência do Senado e
quer o apoio do PT.
Requião afirmou que continua
apoiando o governo do PT. "O
PMDB irá apoiar, e eu particularmente. A cúpula do PMDB diz
que apóia o Brasil, mas eu digo
que apóio o Lula. E quem apóia o
Lula apóia também o Brasil."
Durante as articulações para
formulação do ministério, conduzidas por José Dirceu, o PT negociava com o PMDB de olho nos
votos, em bloco, de 94 parlamentares que o partido deve ter na
próxima legislatura -74 deputados federais e 20 senadores.
Colaborou MARI TORTATO, da Agência
Folha, em Curitiba
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