|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSIÇÃO
Diretor de Pós-Graduação em Economia da FGV, Marcos Lisboa será secretário de Política Econômica no governo Lula
Palocci escolhe liberal como braço direito
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O principal formulador econômico do governo Lula será Marcos Lisboa, diretor da Escola de Pós-Graduação em Economia da
FGV (Fundação Getúlio Vargas)
do Rio. Lisboa, 38, ocupará a secretaria de Política Econômica do
Ministério da Fazenda. Segundo a
Folha apurou, ele já foi convidado
pelo futuro ministro Antonio Palocci Filho e disse sim.
Liberal com estudos voltados
para a área social, Lisboa coordenou, com o também economista
José Alexandre Scheinkman, uma
agenda de debate econômico e redução da pobreza conhecida como "Agenda Perdida".
Apresentado em setembro, na
reta final do primeiro turno da sucessão presidencial, o trabalho foi
aplaudido pelo mercado, mas não
foi levado em conta pelos presidenciáveis. Nem mesmo pela
campanha de Ciro Gomes (PPS),
candidato para o qual Scheinkman tentava montar um programa e uma equipe.
Entre as propostas de política
macroeconômica, a "Agenda Perdida" defende a manutenção dos
altos superávits primários (economia de gastos públicos para pagamento de juros) e do regime de câmbio flutuante, além da redução da parcela da dívida pública
indexada ao dólar -atualmente
ela corresponde a 37,68% do total
da dívida em títulos.
O documento defende a extensão do programa Bolsa-Escola para adolescentes, como forma de conter a criminalidade, a reforma
do papel da Justiça do Trabalho e
a criação de um sistema único de
aposentadoria para o setor público e a iniciativa privada.
Palocci chegou a Lisboa após algumas sondagens no mercado financeiro e no meio acadêmico,
que recebeu bem o nome. Na
quarta-feira, Lisboa e o futuro ministro da Fazenda foram vistos
em Brasília, numa conversa no escritório da equipe de transição.
Palocci chefia a transição.
Apesar de ser pouco conhecido,
Lisboa tem fama de "geniozinho"
e de bom formulador econômico.
O perfil de Lisboa é diferente dos
tradicionais economistas petistas,
atendendo a um dos requisitos de
Palocci de ter na equipe gente
com pensamento diverso, o que
ampliaria o debate interno.
Nesse contexto, ganha força a
possibilidade de ter Guido Mantega no Planejamento. Nada liberal, Mantega é economista da FGV de SP e um antigo auxiliar do
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva. O deputado federal Jorge
Bittar (PT-RJ) também é cotado
para o Planejamento.
Diminuiu ontem a cotação do
economista Luciano Coutinho
para esse ministério, apesar de
não estar totalmente descartado.
Mantega discordou da maioria
das propostas da "Agenda Perdida" de Scheinkman, Lisboa e outros 15 pesquisadores. Ele defende
política industrial forte, coisa na
qual a agenda não toca, e avalia
que unificar os orçamentos de
programas sociais não funciona.
Médico sanitarista, Palocci não
deseja ver, no governo Lula, a dominância de uma escola econômica, como foi a PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio,
por onde passaram os pais do Plano Real (André Lara Resende, Edmar Bacha e Pérsio Arida) e o ministro Pedro Malan.
Marcos Lisboa é Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. Sua página na internet informa as áreas de pesquisa: teoria econômica, economia da saúde, mercado de seguros e história
do pensamento econômico.
Em trabalho recente sobre medicamentos, Lisboa diz que há
impactos negativos do controle
de preços na oferta de remédios
de qualidade. O destino do controle de preços dos medicamentos será um dos primeiros temas de decisão do futuro governo. A
medida provisória que estabelece
o controle expira no fim do mês.
Texto Anterior: Físico é cotado para a Eletrobrás Próximo Texto: Agora, Ciro deve ir para a Integração Nacional Índice
|