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ESTADOS
Governador eleito quer que Lula autorize banco estatal a comprar ações da companhia elétrica que pertencem à empresa americana
Aécio quer dinheiro do BNDES para Cemig
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador eleito de Minas
Gerais, Aécio Neves (PSDB), está
articulando para que o governo
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorize o BNDES a comprar da empresa norte-americana AES as
ações que ela tem da Cemig, a estatal mineira de energia elétrica.
Como a AES já anunciou que
pretende vender seus ativos no
país, o governador eleito teme
que as ações ordinárias da Cemig
(com direito a voto) caiam nas
mãos de investidores sem relação
com o setor. Caso contrário, acha
que poderia não haver investimentos na estatal, segundo apurou a Agência Folha.
Por isso, Aécio quer que o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) "reestatize" as ações da AES,
que no início da gestão Itamar
Franco (sem partido) foi retirada
do comando da Cemig. Recurso
da AES está no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A AES lidera um grupo que tem
a também americana Southern
Electric Brasil Participações Ltda.
e o Opportunity. Juntos, os três
têm 32,96% das ações ordinárias.
A AES tem 65% dessa fatia.
O governo mineiro detém
50,96% das ações, mas Eduardo
Azeredo (PSDB), antecessor de
Itamar e eleito agora senador, fez,
em 1997, um acordo com os sócios privados, que, mesmo minoritários, tinham direito a veto e a
cargos na diretoria.
Aécio, apurou a Agência Folha,
não quer mexer com isso. Vai deixar a situação do jeito que está,
correndo na Justiça. Está preocupado com o futuro comprador
das ações postas a venda.
Ele já levou o caso para o presidente eleito Lula, que concordou
em discutir melhor a proposta.
Aécio está otimista. Acha que ter
o BNDES como parceiro significaria investimentos. Posteriormente, após um amplo estudo e negociações com potenciais investidores do setor, o BNDES venderia sua participação.
Ações
Em junho deste ano, a AES, uma
das maiores empresas americanas do setor de energia, anunciou
que vai desfazer de seus ativos em
todo mundo por dificuldades financeiras. No Brasil, além da participação na Cemig, a empresa
controla a geradora AES Tietê, a
Eletropaulo e a AES Sul.
Analistas de mercado avaliam
que seria difícil, neste momento,
conseguir compradores para os
ativos da AES no Brasil, considerando as indefinições no setor elétrico brasileiro.
Esta é também uma das preocupações de Aécio. Por isso ele defende na negociação o BNDES,
que tem a receber da AES mais de
US$ 500 milhões.
A Cemig foi selecionada, pela
terceira vez consecutiva, pelo
DJSI World (Dow Jones Sustainability World Indexes), compondo
o seleto grupo de 310 empresas de
todo o mundo incluídas na lista
para 2003.
O DJSI World premia empresas
de reconhecida sustentabilidade
corporativa. Considera os ganhos
que as empresas geram aos investidores, o aproveitamento de
oportunidades de negócios, o gerenciamento de riscos associados
a fatores econômicos, ambientais
e sociais e a qualidade da gestão. A
Cemig está classificada como a
terceira melhor empresa de energia elétrica do mundo.
Os resultados financeiros até o
terceiro trimestre de 2002, no entanto, não são favoráveis para a
empresa. A estatal acumula prejuízo de R$ 268 milhões, boa parte
disso por conta da alta do dólar
ocorrida este ano .
Em 2001, o lucro líquido da Cemig foi de R$ 478 milhões; o faturamento, R$ 6,16 bilhões. Os ativos somam R$ 8,27 bilhões.
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