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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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UM ANO DE LULA

Dos entrevistados, 41% consideram que falta de empregos é o maior problema do país, mas taxa já foi maior

Para 72%, petista ainda não começou a reduzir desemprego

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de bem avaliado, fica bem claro na pesquisa Datafolha qual é o ponto fraco do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o desemprego. O problema é citado como o principal do país por 41% dos entrevistados. Para 39%, combater o desemprego foi a principal promessa de Lula.
Entre os eleitores (54%) que se lembram de alguma promessa feita por Lula na campanha, 72% respondem que o petista ainda não começou a cumprir o que prometeu a respeito de combater o desemprego.
Para 38% dos entrevistados, o desemprego vai aumentar. Outros 21% acreditam que ficará como está, enquanto 37% esperam uma redução da taxa.
Como a maioria dos entrevistados (51%) acha que governo de Lula é melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), uma explicação está na sensação sobre o desemprego que os eleitores tinham durante a administração tucana.
Durante o governo de FHC, houve picos de 53% de respostas apontando o desemprego como o principal problema brasileiro -como em dezembro de 1999, final do primeiro ano pós-reeleição do tucano. A percepção do problema, portanto, chegou a ser muito mais aguda durante alguns períodos do governo anterior.
No caso de Lula, o percentual já foi mais alto: 46% achavam o desemprego o problema mais grave no mês de outubro. Hoje, os 41% refletem o reaquecimento sazonal da economia, que historicamente cria mais vagas de trabalho no comércio no último bimestre por causa das vendas de final de ano.
Para 26% dos entrevistados, o combate ao desemprego é a área em que o governo Lula está se saindo pior. Essa percepção é generalizada em todas as faixas etárias e em todas as classes socioeconômicas, segundo o Datafolha.
Entre os pesquisados de 25 a 34 anos, 30% acham que o combate ao desemprego é onde o governo Lula está se saindo pior.
Depois do emprego, o combate à violência (9%) e a política para a saúde (7%) são as áreas consideradas menos eficazes pelos eleitores pesquisados pelo Datafolha.

Promessas
Entre as promessas eleitorais de Lula identificadas pelos eleitores, depois do combate ao desemprego, a segunda mais citada como mais importante foi uma política para a fome e a miséria: 26% apontaram esse item.
Em terceiro lugar e bem abaixo, com apenas 5%, vem "aumentar salários". Com 3%, a reforma agrária. E, um sinal dos tempos, apenas 1% apontam a luta contra a inflação como uma promessa eleitoral do petista.
Apesar do programa Fome Zero ter apresentado problemas no início de sua implantação, os eleitores acreditam hoje que Lula está cumprindo sua promessa. Para 70%, o governo começou a atuar nessa área, e 62% acreditam que o petista cumprirá o que prometeu.
Há muita esperança nas respostas. Mesmo no caso do desemprego, área considerada insatisfatória pelos entrevistados, 54% acreditam que o governo federal vai acabar cumprindo a promessa eleitoral de Lula. Durante a campanha, ele falava na necessidade de criar 10 milhões de empregos no Brasil em quatro anos, embora recentemente tenha dito que isso nunca foi uma promessa.
Para 53% dos brasileiros, Lula também deve cumprir a promessa de aumentar os salários. E 56% acham que o presidente fará a reforma agrária.

Menos otimismo
Os eleitores continuam otimistas com o governo e o futuro, mas agora há sinais de menos entusiasmo do que havia meses atrás.
Para 35%, o poder de compra dos salários vai aumentar daqui para a frente. Outros 28% acham que vai diminuir e 31% acreditam que ficará igual.
No início do ano, 40% acreditavam num aumento do poder de compra. O percentual recuou para 35% em outubro e permaneceu inalterado -numa demonstração de que o aquecimento da economia neste Natal não foi suficiente para animar o eleitorado.
Para 28%, o poder de compra vai ser reduzido. Há algumas faixas do eleitorado que estão mais pessimistas: 37% dos entrevistados com nível superior e dos que têm renda per capita acima de dez salários mínimos acham que vão perder poder de compra nos próximos meses.
Em relação à expectativa de inflação, para 34% a taxa vai aumentar. Esse percentual foi muito maior no início do ano (44%), recuou para 30% em outubro e agora voltou a subir.
Entre as camadas mais pobres, existe uma percepção de inflação maior no futuro. Para 39% das classes D/E os preços vão subir. E para 38% dos entrevistados apenas com o ensino fundamental também existe a impressão de que a inflação irá aumentar.
(FERNANDO RODRIGUES)



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