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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO CEARENSE
Assembléia Legislativa rejeita cassação de José Nobre Guimarães por 23 votos a 16
Irmão de Genoino escapa de ter mandato cassado no CE
LUÍS CARLOS DE FREITAS
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA
FOLHA, EM FORTALEZA
Por 23 votos a 16, a Assembléia
Legislativa do Ceará rejeitou, na
noite de ontem, o pedido de cassação do mandato do deputado
estadual José Nobre Guimarães
(PT), irmão do ex-presidente do
PT José Genoino. Todos os 46
membros da Casa votaram -seis
votaram nulo, e um, em branco. A
votação foi secreta.
O processo contra Guimarães
foi iniciado pela denúncia de que
ele recebeu R$ 250 mil de uma
conta do empresário Marcos Valério de Souza. O dinheiro seria
para um suposto caixa dois na
campanha de José Airton Cirilo,
candidato derrotado do PT ao governo do Ceará em 2002.
Guimarães admitiu que recebeu
R$ 250 mil, não oficializados pela
Justiça Eleitoral, para serem gastos na campanha de Cirilo. Disse
que havia recebido o dinheiro do
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, por meio de uma mulher da
qual não lembrava o nome nem a
fisionomia. O Diretório Nacional
do PT negou oficialmente o repasse, o que resultou no pedido
de cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar.
Guimarães ficou conhecido nacionalmente pelo "escândalo da
cueca", quando seu ex-assessor
José Adalberto Vieira da Silva foi
preso em flagrante no aeroporto
de São Paulo, em julho, com R$
200 mil em uma mala e outros
US$ 100 mil em notas na cueca.
O Conselho de Ética da Assembléia recomendou a cassação do
mandato de Guimarães após ter
ouvido o próprio deputado e testemunhas do caso -entre elas,
representantes de empresas que
teriam recebido, em 2003, pagamento das contas atrasadas, totalizando cerca de R$ 250 mil.
Em sua defesa, antes da votação,
Guimarães disse que foi apenas
um interlocutor na entrega do dinheiro. "Não foi para a minha
campanha", afirmou, no plenário. O parlamentar petista, que
dispensou defesa jurídica por
afirmar que não havia provas
contra ele, enfatizou sua origem
humilde, ressaltando que não teria "capacidade de tirar vantagem
em favor de patrimônio próprio".
A próxima estratégia da PSDB,
após o recesso, em 15 de fevereiro
de 2006, é reabrir o arquivo do
processo administrativo contra
Guimarães no episódio da cueca.
É a segunda vez, na atual legislatura, que os deputados votam a
cassação de um deputado. A primeira foi de Sérgio Benevides
(PMDB), em outubro de 2005. Benevides, após ter sido absolvido
na primeira votação, teve o mandato cassado na segunda, sob acusação de ter desviado merenda escolar da Prefeitura de Fortaleza.
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