|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No Congresso, arcebispo critica aumento
Diante dos presidentes da Câmara e do Senado, d. João Braz de Avis diz que atitudes como essa "matam o espírito do Natal"
Arcebispo diz que políticos estão mais preocupados com seus interesses e com os das corporações do que com a população brasileira
LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O arcebispo de Brasília, dom
João Braz de Aviz, fez ontem
críticas contundentes ao reajuste dos salários dos parlamentares na missa de Natal celebrada no Congresso.
Sentados na primeira fila, os
presidentes da Câmara, Aldo
Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), ouviram que atitudes como o aumento de 91%
"matam o espírito do Natal".
Em meio à homilia, o arcebispo questionou: "Como aceitar
que um parlamentar brasileiro
receba mais de R$ 800 por dia,
quando uma boa parte das pessoas que representa é obrigada
a receber R$ 12 por dia?
O sermão continuou: "atitudes como as que temos visto
nestes dias matam o espírito do
Natal e representam uma
ameaça real ao espírito de paz
que o Natal anuncia".
Dom João lembrou aos parlamentares presentes, muitos
deles defensores da proposta
de elevar os salários a R$ 24,5
mil, que a legislatura se encerra
com "uma imagem desgastada"
diante da população brasileira.
Ele criticou ainda o Judiciário: "As últimas pautas, envolvendo também o Poder Judiciário, nos deixaram a sensação
de que muitos dos nossos representantes do povo andam
preocupados com seus interesses e com os interesses das corporações com as quais estão
comprometidos, distantes, porém, do conjunto de interesses
de todo o povo brasileiro".
Transparente
Depois da missa, Aldo preferiu não polemizar: "Se o Congresso Nacional é uma instituição transparente, tem que receber críticas com humildade".
Os parlamentares presentes
deixaram rapidamente o Salão
Negro do Congresso, local da
cerimônia.
Questionado sobre a homilia,
o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) ironizou:
"Não ouvi essa parte".
A Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil orientou os padres do país para que criticassem o reajuste de 91% nas missas de domingo.
Texto Anterior: Presidente do Senado "empurra" para a Câmara a tarefa de definir aumento Próximo Texto: Perfil: D. João foi nomeado arcebispo por João Paulo 2º em 2004 Índice
|