São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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No Congresso, arcebispo critica aumento

Diante dos presidentes da Câmara e do Senado, d. João Braz de Avis diz que atitudes como essa "matam o espírito do Natal"

Arcebispo diz que políticos estão mais preocupados com seus interesses e com os das corporações do que com a população brasileira


LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O arcebispo de Brasília, dom João Braz de Aviz, fez ontem críticas contundentes ao reajuste dos salários dos parlamentares na missa de Natal celebrada no Congresso.
Sentados na primeira fila, os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ouviram que atitudes como o aumento de 91% "matam o espírito do Natal".
Em meio à homilia, o arcebispo questionou: "Como aceitar que um parlamentar brasileiro receba mais de R$ 800 por dia, quando uma boa parte das pessoas que representa é obrigada a receber R$ 12 por dia?
O sermão continuou: "atitudes como as que temos visto nestes dias matam o espírito do Natal e representam uma ameaça real ao espírito de paz que o Natal anuncia".
Dom João lembrou aos parlamentares presentes, muitos deles defensores da proposta de elevar os salários a R$ 24,5 mil, que a legislatura se encerra com "uma imagem desgastada" diante da população brasileira.
Ele criticou ainda o Judiciário: "As últimas pautas, envolvendo também o Poder Judiciário, nos deixaram a sensação de que muitos dos nossos representantes do povo andam preocupados com seus interesses e com os interesses das corporações com as quais estão comprometidos, distantes, porém, do conjunto de interesses de todo o povo brasileiro".

Transparente
Depois da missa, Aldo preferiu não polemizar: "Se o Congresso Nacional é uma instituição transparente, tem que receber críticas com humildade".
Os parlamentares presentes deixaram rapidamente o Salão Negro do Congresso, local da cerimônia.
Questionado sobre a homilia, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) ironizou: "Não ouvi essa parte".
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil orientou os padres do país para que criticassem o reajuste de 91% nas missas de domingo.


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