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Bispo deixa UTI e encerra greve de fome
Em missa, d. Luiz agradece apoio da população a seu protesto e pede "perdão por tudo que fiz vocês sofrerem nesses dias'
Gilberto Carvalho, assessor da Presidência, afirma que governo fará campanha para explicar obras e que diálogo com bispo continua
FÁBIO GUIBU
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOBRADINHO (BA)
E PETROLINA (PE)
Menos de 24 horas depois de
ser removido inconsciente para
Petrolina (PE), o bispo de Barra
(BA), dom Luiz Flávio Cappio,
61, voltou ontem a Sobradinho
(BA) para formalizar o fim da
sua greve de fome contra as
obras de transposição do rio
São Francisco e agradecer ao
apoio da população nos quase
23 dias de jejum.
Em uma missa campal em
frente à igreja de São Francisco,
onde d. Luiz jejuou, um assessor do bispo leu um manifesto
assinado pelo religioso, que
acompanhou a declaração sentado em cadeira de rodas e com
soro no braço. "Depois de 24
dias, encerro meu jejum, mas
não a minha luta, que é nossa",
disse o manifesto.
O texto criticou a decisão do
Supremo Tribunal Federal a favor da transposição. "Vimos
ontem [anteontem] com desalento os poderosos festejarem a
demonstração de subserviência do Judiciário."
A leitura do manifesto foi
aplaudida pelas cerca de 800
pessoas que, segundo a PM, estavam no local. "Precisamos
ampliar o debate, espalhar a informação verdadeira, fazer
crescer a mobilização até derrotarmos esse projeto de morte
e conquistarmos o verdadeiro
desenvolvimento para o semi-árido e o São Francisco. É por
vocês, que lutaram comigo e
trilham o mesmo caminho, que
encerro meu jejum."
Durante a bênção final,
d. Luiz se dirigiu ao público.
"Perdão por tudo que fiz vocês
sofrerem nesses dias." Antes de
retornar à ambulância, desejou
um feliz Natal e um "abençoado
ano de 2008" a todos.
Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete da Presidência, afirmou ontem, após saber do fim
da greve de fome de d. Luiz, que
o governo vai fazer uma campanha para explicar o que foi feito
nas obras de transposição. Segundo ele, o diálogo com a igreja e o bispo continua.
"Para o governo, o episódio
foi um aprendizado. Primeiro,
porque a obra precisa ser mais
divulgada. Segundo, precisamos intensificar o diálogo com
entidades sociais porque muitas vezes, mal informadas, elas
se prendem a mistificações e
equívocos", afirmou ele.
Ambulância
Acompanhado por uma equipe médica, o religioso viajou de
ambulância os 70 quilômetros
entre Petrolina e Sobradinho.
Após a cerimônia, voltou ao
hospital Memorial Petrolina,
para onde foi levado anteontem no início da noite.
D. Luiz permaneceu na UTI
até as 6h30 de ontem, quando
foi transferido para um apartamento. Seu estado de saúde ao
chegar foi classificado como de
"extrema fragilidade".
D. Luiz recebeu soro de reidratação intravenosa e medicação para restabelecer as funções renais. Ele deve receber
alimentos sólidos apenas em
uma semana. Seu estado de
saúde foi classificado de "regular". Não há previsão de alta.
A Folha apurou que houve
discussão na igreja sobre a necessidade ou não de remover
d. Luiz para um hospital, após o
desmaio. No hospital, o movimento de pessoas foi grande.
Índios dançaram em frente ao
prédio. Religiosos e políticos
também foram ao local.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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