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PAGODE DA DESPEDIDA
Presidente assistiu DVD de Zeca Pagodinho
Lula se compara a Pelé em jantar com
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O sambista Zeca Pagodinho foi
a estrela da festa promovida pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Granja do Torto, em Brasília. O evento, que foi fechado -a
imprensa nem pôde fotografá-lo
-, chegou a ser apelidado de "pagode da despedida" por alguns
políticos. Entre os ministros presentes estavam Miro Teixeira
(Comunicações) e Benedita da
Silva (Assistência Social), que devem perder os cargos na reforma
ministerial.
Durante a conversa com o músico, Lula, 58, disse fazer parte de
uma "geração de craques do Brasil", como Garrincha, Pelé, Caetano Veloso e Chico Buarque. Segundo o presidente, Zeca, 44, era
o "craque da nova geração". O
elogio ao cantor e o auto-elogio fizeram parte de um inflamado discurso de Lula no encontro de pagode que começou por volta das
21h de anteontem e terminou ontem de madrugada.
Zeca foi à Granja acompanhado
da mulher, Mônica, dos pais (Jessé e Déa) e dos três filhos, além de
integrantes da diretoria da gravadora Universal e do produtor musical Rildo Hora. Hora, exímio
gaitista, tocou de improviso a pedido do presidente.
Lula comparou-se aos músicos
Caetano e Chico e aos jogadores
Garrincha e Pelé ao dizer que, na
sua geração, os craques da música
eram da MPB (Música Popular
Brasileira). A inclusão dos jogadores teve como mote apenas o
fato de serem craques do futebol.
Lula, então, disse que o gênero
musical que notabilizou Zeca, o
pagode, também "é música de
qualidade" e que, por isso, ele era
o "craque" dessa nova geração de
músicos.
Além de Lula, Zeca, Miro e Benedita, a reunião também contou
com a presença dos ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda), Miguel Rossetto (Desenvolvimento
Agrário), Ciro Gomes (Integração
Nacional), Márcio Thomaz Bastos (Justiça), o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, e o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles. Todos eles
assistiram à exibição do DVD
"Acústico MTV", de Zeca. "Foi o
melhor DVD que já vi", afirmou o
presidente. Parte da equipe não
teve a mesma opinião. Alguns,
por não gostarem de pagode,
acharam o evento longo e um tanto enfadonho.
Organizado pela primeira-dama, Marisa Letícia da Silva, que
faltou porque estava com "indisposição", segundo a assessoria, o
cardápio teve cabrito, peixe assado, farofa, arroz, feijão e legumes.
Cada convidado levou sua própria bebida. O ministro Márcio
Thomaz Bastos, por exemplo, levou um uísque. Para beber, havia
ainda bastante vinho tinto e refrigerantes. Zeca e seu pai trouxeram cerveja e degustaram cachaça
mineira, a qual Lula também bebericou."Eu trouxe o meu isopor
regado de cerveja, como sempre
faço", disse Zeca à Folha ontem,
por telefone.
No meio do encontro, Zeca saiu
dizendo: "Cadê aquela dona do
Ambiente?". Ele se referia a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. Disse que queria denunciar um desmatamento em Duque de Caxias (RJ).
Os convidados se dividiram em
mesas para dez pessoas. Numa
delas, ficou Lula, Zeca e seus familiares, Miro Teixeira e o deputado
Reinaldo Betão (PL-RJ), amigo
particular do cantor. O governador de Minas, Aécio Neves, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando
Pimentel (PT), e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), conversaram animadamente. "Foi muito bom. Muito
ministro caiu no pagode", disse
Aécio.
De Zeca, Lula ganhou um kit
com DVD e CD do acústico, um
avental para cozinhar, um vídeo
com a história do cantor, um livro
e um boné. O cantor conversou
cerca de 40 minutos com o presidente. "Ele disse que gosta muito
dos meus sambas. Falou que era
meu fã", afirmou o pagodeiro,
que votou em Lula. Mas e a reforma ministerial? "Isso é com o presidente. Eu entendo de música, e
ele, de política", disse.
Em tom de brincadeira, Lula pediu a Zeca que não cantasse "Comunidade Carente". A música
critica políticos que não cumprem o que prometem. "Zeca,
não canta essa, porque aqui está
cheio de políticos", disse Lula, segundo um dos acompanhantes
do cantor. Foi a terceira vez que
Zeca esteve com Lula.
Colaborou MURILO FIUZA DE MELO,
da Sucursal do Rio
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