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Na Índia, governo brasileiro planeja vender aviões do Sivam e negociar G3
DA ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI
Um dos objetivos comerciais da
visita de quatro dias que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à Índia é vender os aviões que a
Embraer produz para serem usados no Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Lula chega a
Nova Déli, capital do país, no próximo dia 25.
"Um país com essas dimensões
precisa ter um sistema de vigilância e monitoramento", diz Marco
Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais de Lula. A
Índia possui 14 mil quilômetros
de fronteira e já travou três guerras com o Paquistão por disputas
fronteiriças.
Um dos modelos de avião que a
Embraer quer vender para a Índia
faz o chamado alerta aéreo antecipado -examina grandes áreas
com radares diversos. O outro faz
o sensoriamento remoto do solo
com grande precisão, podendo,
por exemplo, identificar alvos escondidos na mata.
G3
O governo brasileiro está interessando em fortalecer o comércio com a Índia, país que tem um
mercado consumidor formado
por 200 milhões de pessoas e uma
população total de 1 bilhão.
Além da pauta comercial, haverá negociações para fortalecer o
chamado G3, o grupo de países
formado por Brasil, Índia e África
do Sul. Para o governo, diz Garcia,
fortalecer esse bloco é aumentar o
poder de negociação nas Nações
Unidas e ganhar mais força para
obter um assento permanente no
Conselho de Segurança.
O presidente Lula irá sondar o
primeiro-ministro indiano, Atal
Behari Vajpayee, sobre a possibilidade de ampliar o G3 para incluir a China, país que já possui
assento no Conselho de Segurança e que é o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Garcia
ressalta que a ampliação do G3 é
um assunto "delicado", pois a inclusão de mais um país nesse grupo depende da aprovação dos
dois outros membros.
Há ainda a possibilidade de ser
assinado um acordo entre o Mercosul e a Índia durante a visita de
Lula. Segundo Garcia, os ministros das Relações Exteriores dos
outros países do bloco estão
aguardando um sinal de que o
acordo será realmente assinado
para embarcarem para Ásia.
A agenda internacional de Lula,
diz Garcia, está dividida hoje entre a necessidade de fortalecer o
G3 e a criação do Fundo Mundial
de Combate à Pobreza. "Sabemos
que para essa idéia dar certo é necessário ter o apoio dos países europeus", afirmou o assessor.
Segundo ele, Lula evita fechar
questão em torno do financiamento e da destinação do fundo
para não engessar a negociação
com países que eventualmente se
interessem pela idéia, como os Estados Unidos.
A idéia inicial de Lula é instituir
uma taxa sobre todas as operações financeiras entre países. "Estamos abertos a outro tipo de proposta. O importante era colocar o
bloco na rua e começar a discutir
a idéia", disse Garcia.
Outro ponto em aberto é o que
fazer com o dinheiro após a criação do fundo. Há algumas idéias,
afirma Garcia, como fazer uma
campanha mundial de alimentos,
investir em projetos educacionais
ou até em assistência.
(GABRIELA ATHIAS)
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