São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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Na Índia, governo brasileiro planeja vender aviões do Sivam e negociar G3

DA ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI

Um dos objetivos comerciais da visita de quatro dias que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à Índia é vender os aviões que a Embraer produz para serem usados no Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Lula chega a Nova Déli, capital do país, no próximo dia 25.
"Um país com essas dimensões precisa ter um sistema de vigilância e monitoramento", diz Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais de Lula. A Índia possui 14 mil quilômetros de fronteira e já travou três guerras com o Paquistão por disputas fronteiriças.
Um dos modelos de avião que a Embraer quer vender para a Índia faz o chamado alerta aéreo antecipado -examina grandes áreas com radares diversos. O outro faz o sensoriamento remoto do solo com grande precisão, podendo, por exemplo, identificar alvos escondidos na mata.

G3
O governo brasileiro está interessando em fortalecer o comércio com a Índia, país que tem um mercado consumidor formado por 200 milhões de pessoas e uma população total de 1 bilhão.
Além da pauta comercial, haverá negociações para fortalecer o chamado G3, o grupo de países formado por Brasil, Índia e África do Sul. Para o governo, diz Garcia, fortalecer esse bloco é aumentar o poder de negociação nas Nações Unidas e ganhar mais força para obter um assento permanente no Conselho de Segurança.
O presidente Lula irá sondar o primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, sobre a possibilidade de ampliar o G3 para incluir a China, país que já possui assento no Conselho de Segurança e que é o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Garcia ressalta que a ampliação do G3 é um assunto "delicado", pois a inclusão de mais um país nesse grupo depende da aprovação dos dois outros membros.
Há ainda a possibilidade de ser assinado um acordo entre o Mercosul e a Índia durante a visita de Lula. Segundo Garcia, os ministros das Relações Exteriores dos outros países do bloco estão aguardando um sinal de que o acordo será realmente assinado para embarcarem para Ásia.
A agenda internacional de Lula, diz Garcia, está dividida hoje entre a necessidade de fortalecer o G3 e a criação do Fundo Mundial de Combate à Pobreza. "Sabemos que para essa idéia dar certo é necessário ter o apoio dos países europeus", afirmou o assessor.
Segundo ele, Lula evita fechar questão em torno do financiamento e da destinação do fundo para não engessar a negociação com países que eventualmente se interessem pela idéia, como os Estados Unidos.
A idéia inicial de Lula é instituir uma taxa sobre todas as operações financeiras entre países. "Estamos abertos a outro tipo de proposta. O importante era colocar o bloco na rua e começar a discutir a idéia", disse Garcia.
Outro ponto em aberto é o que fazer com o dinheiro após a criação do fundo. Há algumas idéias, afirma Garcia, como fazer uma campanha mundial de alimentos, investir em projetos educacionais ou até em assistência. (GABRIELA ATHIAS)

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