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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Panfleto que será distribuído por partido cobra investigações de caixa dois de Serra em 2002
PT dirá a fórum
é vítima de golpismo
de mídia e oposição
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
O PT preparou um folheto a ser
distribuído entre os participantes
do Fórum Social Mundial em Caracas em que o partido afirma que
a elite reage de "maneira golpista"
ao governo de Luiz Inácio Lula da
Silva da mesma maneira como o
fez com Getúlio Vargas em 54 e
com João Goulart em 64.
O texto, assinado pela Executiva
Nacional do partido, classifica a
crise após as denúncias do "mensalão" de "violenta campanha" da
oposição e dos meios de comunicação. Também descreve os trabalhos das CPIs como "ofensiva
conservadora", da qual também
faria parte a tentativa de "cassar o
mandato de vários deputados petistas" acusados de envolvimento
com o mensalão.
Num documento de tom agressivo contra a oposição, o partido
chama o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, de
representante da "direita fascista"
-"ele disse que era preciso "acabar com esta raça", ou seja, acabar
com a raça dos pobres, dos trabalhadores, da esquerda brasileira".
O texto também afirma que tucanos e pefelistas são hipócritas
por criticarem o PT e pede a investigação dos governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), do
"caixa 2 existente na campanha
de José Serra [candidato a presidente pelo PSDB em 2002], objeto
de uma ação na Justiça Federal de
R$ 32 milhões; as conexões de organização criminosa de Comendador Arcanjo, que já está preso
no Uruguai, suspeito de ter repassado R$ 5,7 milhões para as campanhas eleitorais do PSDB, além
de outros graves ilícitos".
Mas o panfleto, do qual o PT
distribuirá 22 mil cópias na Venezuela, não se concentra apenas
nos ataques à oposição e pede
mudanças no governo Lula -como forma de garantir sua reeleição, que é defendida. "O Partido
dos Trabalhadores -ao mesmo
tempo em que valoriza as realizações do governo Lula e trabalha
por sua reeleição- reconhece a
existência de limitações e aponta a
necessidade de mudanças", diz.
"Consideramos fundamental
reduzir de forma significativa e
sustentada as taxas de juros, algo
totalmente compatível com o cenário internacional, com a situação das contas do governo e com
a estabilidade de preços. Estimamos imprescindível ampliar os
investimentos em infra-estrutura
e nas políticas sociais, acelerar a
reforma agrária e melhorar o funcionamento do conjunto do governo", afirma o panfleto.
Ao dizer que o Brasil não pode
"aprisionar seu futuro dentro da
camisa de força imposta pela dívida pública e pelas altas taxas de juros impostas ao Estado brasileiro", o partido do presidente propõe mudanças imediatas.
"Nossa caminhada não se encerra, mas certamente passa pelas
eleições presidenciais de 2006. Para isso, é preciso não apenas sinalizar para um segundo mandato
superior ao primeiro, mas também implementar imediatamente
mudanças que antecipem o que
ocorrerá neste segundo mandato", diz o panfleto petista.
No discurso "externo", o PT
saúda o fórum na Venezuela como parte do caminho que "nos levará ao socialismo" e manifesta
apoio ao regime cubano de Fidel
Castro, fazendo um "cumprimento todo especial ao heróico
povo cubano, que há 47 anos
mostrou ser possível derrotar o
imperialismo norte-americano".
Sem poder
Embora proponha mudanças,
faz o discurso da "herança maldita" para explicar as dificuldades
do governo Lula e diz que "o PT
não conquistou o poder". "Apenas elegemos o presidente da República." A culpa, dizem, é da
oposição e das "elites": "Os partidos conservadores mantêm, ainda, enorme força no Congresso
Nacional, elegeram a maioria dos
governadores estaduais, prefeitos,
vereadores e deputados estaduais.
Os grandes meios de comunicação e o poder econômico também
seguem controlados pelas elites".
O texto diz que o governo não é
"exclusivamente petista" e que
enfrenta condições "estruturais e
conjunturais muito difíceis".
(RAFAEL CARIELLO)
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