São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 2006

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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Panfleto que será distribuído por partido cobra investigações de caixa dois de Serra em 2002

PT dirá a fórum é vítima de golpismo de mídia e oposição

DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O PT preparou um folheto a ser distribuído entre os participantes do Fórum Social Mundial em Caracas em que o partido afirma que a elite reage de "maneira golpista" ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva da mesma maneira como o fez com Getúlio Vargas em 54 e com João Goulart em 64.
O texto, assinado pela Executiva Nacional do partido, classifica a crise após as denúncias do "mensalão" de "violenta campanha" da oposição e dos meios de comunicação. Também descreve os trabalhos das CPIs como "ofensiva conservadora", da qual também faria parte a tentativa de "cassar o mandato de vários deputados petistas" acusados de envolvimento com o mensalão.
Num documento de tom agressivo contra a oposição, o partido chama o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, de representante da "direita fascista" -"ele disse que era preciso "acabar com esta raça", ou seja, acabar com a raça dos pobres, dos trabalhadores, da esquerda brasileira".
O texto também afirma que tucanos e pefelistas são hipócritas por criticarem o PT e pede a investigação dos governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), do "caixa 2 existente na campanha de José Serra [candidato a presidente pelo PSDB em 2002], objeto de uma ação na Justiça Federal de R$ 32 milhões; as conexões de organização criminosa de Comendador Arcanjo, que já está preso no Uruguai, suspeito de ter repassado R$ 5,7 milhões para as campanhas eleitorais do PSDB, além de outros graves ilícitos".
Mas o panfleto, do qual o PT distribuirá 22 mil cópias na Venezuela, não se concentra apenas nos ataques à oposição e pede mudanças no governo Lula -como forma de garantir sua reeleição, que é defendida. "O Partido dos Trabalhadores -ao mesmo tempo em que valoriza as realizações do governo Lula e trabalha por sua reeleição- reconhece a existência de limitações e aponta a necessidade de mudanças", diz.
"Consideramos fundamental reduzir de forma significativa e sustentada as taxas de juros, algo totalmente compatível com o cenário internacional, com a situação das contas do governo e com a estabilidade de preços. Estimamos imprescindível ampliar os investimentos em infra-estrutura e nas políticas sociais, acelerar a reforma agrária e melhorar o funcionamento do conjunto do governo", afirma o panfleto.
Ao dizer que o Brasil não pode "aprisionar seu futuro dentro da camisa de força imposta pela dívida pública e pelas altas taxas de juros impostas ao Estado brasileiro", o partido do presidente propõe mudanças imediatas.
"Nossa caminhada não se encerra, mas certamente passa pelas eleições presidenciais de 2006. Para isso, é preciso não apenas sinalizar para um segundo mandato superior ao primeiro, mas também implementar imediatamente mudanças que antecipem o que ocorrerá neste segundo mandato", diz o panfleto petista.
No discurso "externo", o PT saúda o fórum na Venezuela como parte do caminho que "nos levará ao socialismo" e manifesta apoio ao regime cubano de Fidel Castro, fazendo um "cumprimento todo especial ao heróico povo cubano, que há 47 anos mostrou ser possível derrotar o imperialismo norte-americano".

Sem poder
Embora proponha mudanças, faz o discurso da "herança maldita" para explicar as dificuldades do governo Lula e diz que "o PT não conquistou o poder". "Apenas elegemos o presidente da República." A culpa, dizem, é da oposição e das "elites": "Os partidos conservadores mantêm, ainda, enorme força no Congresso Nacional, elegeram a maioria dos governadores estaduais, prefeitos, vereadores e deputados estaduais. Os grandes meios de comunicação e o poder econômico também seguem controlados pelas elites".
O texto diz que o governo não é "exclusivamente petista" e que enfrenta condições "estruturais e conjunturais muito difíceis". (RAFAEL CARIELLO)


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