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Rodovias onde foram gastos R$ 76,9 mi já têm buracos
Em pelo menos 12 Estados, obras emergenciais lançadas por Lula fracassaram
Levantamento mostra que rodovias ainda apresentam problemas em 4.355,8 km; governo diz que não houve desperdício de dinheiro
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Rodovias federais de 12 Estados que foram alvos do programa emergencial tapa-buracos
do governo, lançado no início
do ano passado, voltaram a
apresentar buracos nos mesmos trechos onde foi investido
dinheiro para tampá-los.
Conforme levantamento feito pela reportagem com base
em dados do próprio Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), nas
rodovias federais há buracos
em 4.355,8 km para os quais foram previstos investimentos de
R$ 76.866.071,93.
O Dnit não questionou o levantamento da Folha, mas defendeu o programa emergencial (leia texto nesta página).
Sobre o programa, conhecido
como operação tapa-buraco e
lançado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) em
2006, o Dnit informa que "foram feitas intervenções em 23
Estados, mais o DF, totalizando 23.149 quilômetros de rodovias federais", com investimentos de R$ 407 milhões.
O valor de R$ 76,9 milhões,
usado pela reportagem como o
total do que foi investido nas
rodovias que voltaram a ter buracos, é a soma do dinheiro estimado para aplicação em cada
obra, segundo publicação no
"Diário Oficial". Não há, porém, dados sobre o valor efetivamente aplicado em cada trecho. A informação do Dnit é
que 93% dos trabalhos em todo
o Brasil foram concluídos.
Os R$ 76,9 milhões representam 18,8% dos R$ 407 milhões destinados ao programa.
Entre os 23 Estados e mais o
Distrito Federal, a Folha verificou que trechos de rodovias
ainda têm buracos -apesar da
aplicação de R$ 76,9 milhões-
em MG, SP, ES, BA, PR, GO,
PE, RR, CE, MA, MS e RN.
Em 11 Estados, os trechos alvos do programa estão em boas
condições, segundo os dados
do Dnit: RJ, RS, SC, PA, DF, PB,
PI, AL, SE, TO e AM. Em Mato
Grosso, os dados sobre as condições de rodovias estão defasados (datam de outubro de
2006). Ficaram fora do programa Amapá, Rondônia e Acre.
Segundo o levantamento,
Minas Gerais tem 842,1 km de
trechos com buracos nos pontos onde o programa emergencial previa investimento de R$
23,66 milhões. O Dnit informa
que 98,9% das obras foram
concluídas em Minas.
Em Goiás, há buracos e novas operações tapa-buraco nos
672,8 km onde foram investidos R$ 9,55 milhões. Segundo o
Dnit, 100% dos trabalhos do
programa emergencial foram
concluídos no Estado.
Também com as obras concluídas, o Paraná ainda tem buracos nos 109,5 km que receberam R$ 11,51 milhões.
Cruzamento
Para fazer o levantamento
sobre pontos precários em trechos de rodovias alvos da operação tapa-buraco, a reportagem se baseou em uma publicação do "Diário Oficial" feita pelo Dnit em abril de 2006. Nesse
documento, o governo informa
o Estado, o trecho da rodovia
que seria recuperado e o valor
do investimento previsto. São
os chamados anexo 1 e anexo 2.
Em seguida, a reportagem
cruzou o relatório do "Diário
Oficial" com informações sobre
as condições atuais das rodovias. Esses últimos dados foram
atualizados em janeiro ou no
fim de dezembro e estão disponíveis na internet
(http://www1.dnit.gov.br/rodovias/condicoes/index.htm). A Folha informou ao Dnit que fez o
cruzamento e detectou buracos
em trechos alvos do programa
emergencial. A forma de cruzamento e os dados obtidos não
foram questionados.
Lançado em janeiro, o programa emergencial foi analisado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Segundo relatório aprovado em maio, de 48
contratos sem licitação analisados, 29 (60,4%) tinham indícios de irregularidades. Com
relação às contratações antigas,
35,8% apresentam problemas
semelhantes. O TCU citou como exemplos de irregularidades o sobrepreço das obras ou trechos que não se enquadravam na classificação de emergencial. O Dnit nega fraudes.
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