São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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"Sei o que é campanha sem proposta", diz Lula

Na 1ª reunião ministerial do ano, presidente afirma que oposicionistas não têm projetos, como ele nas disputas de 94 e 98

Petista prega a união de aliados e lembra caso do Chile, onde Bachelet não conseguiu eleger o sucessor, apesar de alta popularidade


Carlos Humberto/Folha Imagem
O presidente Lula discursa a sua equipe de ministros durante a reunião de ontem, a primeira do ano, realizada em Brasília

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num discurso de pouco mais de 40 minutos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alinhavou ontem ao final da sua primeira reunião ministerial do ano como deve ser a sua estratégia eleitoral. A disputa pelo Palácio do Planalto terá de ser na base do "quem sou, quem és tu", focando apenas na comparação entre a atual administração e a anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002.
Escalado para relatar à mídia como se deu a reunião ministerial, Alexandre Padilha (Relações Institucionais) disse que o presidente "quer fazer uma campanha plebiscitária, de disputa de projetos".
Para o presidente, a oposição estaria "sem propostas" e há risco de "jogo rasteiro". Lula então fez um exercício de memória: "Eu sei o que é fazer uma campanha sem programa e sem ideias convincentes". Ele disse ter passado por essa circunstância em 1994 e em 1998.
Lula afirmou que José Serra, possível candidato a presidente pelo PSDB, não deverá baixar o nível. Mas haveria sempre o risco de assessores e outros no entorno da oposição partirem para ataques mais diretos.
Lula repetiu as razões pelas quais deseja uma eleição "plebiscitária" e disse que já agendou uma conversa em breve com o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que insiste em ser candidato a presidente.
Nesse momento de seu discurso, Lula mencionou a recente eleição presidencial chilena. "O governo lá se dividiu", disse. Com três candidatos no campo governista, a atual presidente chilena, Michelle Bachelet, não conseguiu fazer seu sucessor.
Já com os números divulgados pelos ministros durante o encontro de ontem, Lula instruiu os presentes a usarem de maneira correta os dados disponíveis. Dirigindo-se a Guido Mantega (Fazenda) e a Henrique Meirelles (Banco Central), o presidente pediu que passassem a divulgar mais dados relativos à vida cotidiana das pessoas, e menos informações macroeconômicas difíceis de serem entendidas pelos eleitores mais humildes.
Lula citou exemplos do que deseja ver em futuras propagandas e discursos: disse que o programa Luz Para Todos, durante sua administração, levou energia elétrica a cerca de 95% das pessoas que não tinham acesso a esse serviço.
Dados como esses serão levados por Lula a Davos, para onde embarca no final do mês para participar do Fórum Econômico Mundial e receber o prêmio de "Estadista Global".
Na contabilidade de Lula, pelo menos 12 de seus 37 ministros devem ser candidatos na eleição deste ano. O presidente disse ter aberto um "confessionário" para ouvir um a um e tentar demover alguns.
A única exceção mencionada por Lula como saída certa do governo é Dilma Rousseff (Casa Civil), que deve ser a candidata a presidente pelo PT.
Ao se referir a uma nota do PSDB na qual o presidente nacional tucano, Sérgio Guerra, acusa Dilma de "mentir" e reafirma que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não existe, Lula disse que o oposicionista "falou bobagem".


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