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"Sei o que é campanha sem proposta", diz Lula
Na 1ª reunião ministerial do ano, presidente afirma que oposicionistas não têm projetos, como ele nas disputas de 94 e 98
Petista prega a união de aliados e lembra caso do Chile, onde Bachelet não conseguiu eleger o sucessor, apesar de alta popularidade
Carlos Humberto/Folha Imagem
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O presidente Lula discursa a sua equipe de ministros durante a reunião de ontem, a primeira do ano, realizada em Brasília
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num discurso de pouco mais
de 40 minutos, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva alinhavou ontem ao final da sua
primeira reunião ministerial
do ano como deve ser a sua estratégia eleitoral. A disputa pelo Palácio do Planalto terá de
ser na base do "quem sou, quem
és tu", focando apenas na comparação entre a atual administração e a anterior, do tucano
Fernando Henrique Cardoso,
de 1995 a 2002.
Escalado para relatar à mídia
como se deu a reunião ministerial, Alexandre Padilha (Relações Institucionais) disse que o
presidente "quer fazer uma
campanha plebiscitária, de disputa de projetos".
Para o presidente, a oposição
estaria "sem propostas" e há
risco de "jogo rasteiro". Lula
então fez um exercício de memória: "Eu sei o que é fazer uma
campanha sem programa e sem
ideias convincentes". Ele disse
ter passado por essa circunstância em 1994 e em 1998.
Lula afirmou que José Serra,
possível candidato a presidente
pelo PSDB, não deverá baixar o
nível. Mas haveria sempre o risco de assessores e outros no entorno da oposição partirem para ataques mais diretos.
Lula repetiu as razões pelas
quais deseja uma eleição "plebiscitária" e disse que já agendou uma conversa em breve
com o deputado federal Ciro
Gomes (PSB-CE), que insiste
em ser candidato a presidente.
Nesse momento de seu discurso, Lula mencionou a recente eleição presidencial chilena.
"O governo lá se dividiu", disse.
Com três candidatos no campo
governista, a atual presidente
chilena, Michelle Bachelet, não
conseguiu fazer seu sucessor.
Já com os números divulgados pelos ministros durante o
encontro de ontem, Lula instruiu os presentes a usarem de
maneira correta os dados disponíveis. Dirigindo-se a Guido
Mantega (Fazenda) e a Henrique Meirelles (Banco Central),
o presidente pediu que passassem a divulgar mais dados relativos à vida cotidiana das pessoas, e menos informações macroeconômicas difíceis de serem entendidas pelos eleitores
mais humildes.
Lula citou exemplos do que
deseja ver em futuras propagandas e discursos: disse que o
programa Luz Para Todos, durante sua administração, levou
energia elétrica a cerca de 95%
das pessoas que não tinham
acesso a esse serviço.
Dados como esses serão levados por Lula a Davos, para onde
embarca no final do mês para
participar do Fórum Econômico Mundial e receber o prêmio
de "Estadista Global".
Na contabilidade de Lula, pelo menos 12 de seus 37 ministros devem ser candidatos na
eleição deste ano. O presidente
disse ter aberto um "confessionário" para ouvir um a um e
tentar demover alguns.
A única exceção mencionada
por Lula como saída certa do
governo é Dilma Rousseff (Casa Civil), que deve ser a candidata a presidente pelo PT.
Ao se referir a uma nota do
PSDB na qual o presidente nacional tucano, Sérgio Guerra,
acusa Dilma de "mentir" e reafirma que o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
não existe, Lula disse que o
oposicionista "falou bobagem".
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