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Base aliada de Arruda manobra e encerra CPI
Governistas dizem cumprir decisão da Justiça do DF, que determinou afastamento de 8 deputados acusados de participar de esquema
O presidente da Câmara, Cabo Patrício (PT), afirma que CPI não está "sepultada'; "regimento e Lei Orgânica não podem ser rasgados"
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base aliada do governador
José Roberto Arruda (sem partido) conseguiu ontem encerrar a CPI da Corrupção com base em uma decisão da Justiça
local, que determinou o afastamento de oito deputados distritais. Enquanto a oposição classificou o fim dos trabalhos da
CPI de "manobra", os governistas afirmaram que estavam
apenas cumprindo a liminar.
Com o fim da CPI, a base do
governo conseguiu no mínimo
adiar o depoimento de Durval
Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda,
que revelou o esquema de recebimento de propina conhecido
como mensalão do DEM. Ele
iria depor na próxima terça.
Os trabalhos da comissão terão de recomeçar do zero. Além
do depoimento de Barbosa, vários empresários e políticos seriam ouvidos. A CPI também já
havia aprovado pedidos de cópias de contratos do governo do
DF com empresas de informática, limpeza e conservação.
No início da segunda reunião
da CPI, o presidente da comissão, deputado Alírio Neto
(PPS), disse que iria encerrar os
trabalhos devido à liminar de
anteontem da Justiça do DF.
Pela decisão, oito deputados
teriam de ser afastados de todas as atividades ligadas ao processo de impeachment do governador José Roberto Arruda
-pois são acusados de envolvimento no escândalo- e substituídos por seus suplentes.
A decisão da Justiça local foi
baseada em um pedido do Ministério Público do DF -que
ressaltou ontem que a decisão
se referia somente às ações relacionadas ao impeachment.
Para Alírio Neto, a liminar
anulou todas as ações da Câmara deste ano, inclusive a CPI. Isso porque os deputados voltaram ao trabalho em janeiro por
conta de um pedido de autoconvocação. "A CPI se encontra afetada pela decisão e está
nula desde o início", disse Neto,
que é ex-secretário de Arruda.
Para a oposição, a decisão da
Justiça não atinge a CPI, pois
os pedidos de impeachment
não teriam de passar por ela. Os
três pedidos têm de ser avaliados pela Comissão de Constituição e Justiça e por uma comissão especial. Por último, seriam votados em plenário. "Lamento, pois a base do governo
demonstra não querer investigar nada ao enterrar a CPI", criticou Paulo Tadeu (PT), único
membro da oposição na CPI.
Questionado sobre a acusação de que o encerramento da
CPI seria uma manobra, Neto
disse: "A manobra foi do juiz".
A tática dos governistas surpreendeu a oposição. O presidente da Câmara, Cabo Patrício
(PT), disse que, se os líderes dos
partidos retirarem os integrantes da CPI, ele poderá indicar
novos membros. "A CPI não está sepultada. O regimento da
Câmara e a Lei Orgânica não
podem ser rasgados", disse.
Protesto
A reunião foi também marcada por protestos. Integrantes
do movimento "Fora, Arruda"
jogaram dez sacos de estrume
na rampa da Câmara Legislativa. "É uma forma de mostrar a
sujeira que está sendo feita",
disse Pedro Gondim. Um grupo
de 20 manifestantes foi impedido pela PM de entrar na Casa.
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