Rosane Marinho/Folha Imagem

Tavares, aposentado do MEC, que terá rendimentos reduzidos

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

O técnico em assuntos educacionais do Ministério da Educação José Batista Tavares, 52, já está fazendo as contas: a aprovação da contribuição previdenciária para inativos significará um desconto mensal de cerca de R$ 540 dos vencimentos.
Tavares recebe, brutos, cerca de R$ 3.350, mas tem descontados R$ 550 de Imposto de Renda. O imposto e a contribuição, somados, representam uma perda mensal de 32% do salário.
O aposentado paga ainda R$ 450 de plano de saúde para ele e sua mulher -que não trabalha. Sobram R$ 1.810 para as despesas mensais do casal. O filho que mora com eles vive do próprio salário, mas não ajuda em casa.
Tavares se sente duplamente prejudicado pela votação de ontem. Há dois anos, ele optou pela aposentadoria proporcional por temer as mudanças que o governo Fernando Henrique Cardoso prometia implementar no setor.
Assim, perdeu o direito ao plano de saúde pago pela empresa e viu as despesas subirem. Achou que, com o tempo, a redução salarial seria compensada pelo fim da contribuição à Previdência.
Para o fiscal de renda aposentado Hilário Estanislau Jakobskind, 58, a contribuição será de R$ 630. Com o IR, os descontos chegarão a quase R$ 1.600 -para um salário bruto de R$ 4.700.
O ex-fiscal paga R$ 1.100 mensais da prestação do apartamento e R$ 200 de remédios. Sua mulher ganha cerca de R$ 900/mês. O casal não tem filhos.
"Ainda tenho que pagar condomínio, supermercado, outras coisas. Não devo morrer de fome, mas me preocupo. O pior é que tudo isso não vai adiantar nada, porque a inflação vai voltar", diz.
Jakobskind avalia que, se o governo tivesse criado um fundo de pensão como a Previ (do Banco do Brasil), os recursos do fundo seriam uma opção para combater o déficit da Previdência.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice