São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2000


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ELEIÇÕES
Deputada diz não ser contra o PT, mas que PSB precisa da eleição em SP para se afirmar como opção
Erundina descarta retirar candidatura

KENNEDY ALENCAR
da Reportagem Local

A deputada federal Luiza Erundina (PSB) sepultou ontem a possibilidade de desistir da eleição paulistana em favor da candidata do PT, Marta Suplicy.
""Sou candidata e ponto. Não tenho rejeição ao PT e à Marta, mas o PSB só se construirá como alternativa no campo das esquerdas se disputar a Prefeitura de São Paulo", disse Erundina à Folha.
A ex-prefeita, que nos bastidores cogitou de desistir há um mês, acabou com a dúvida após obter do PSB autonomia para alianças e condução de campanha.
No último dia 12, a Executiva paulistana do PSB aprovou liberdade total de ação. Erundina foi a Brasília, conversou com lideranças nacionais e teve a garantia de que não seria atropelada.
A deputada temia que a Executiva Nacional costurasse um acordo com o PT. A cúpula do PSB recomendava alianças com PT, PDT, PC do B e PCB -excluindo partidos com os quais Erundina conversava, como PMDB e PV.
Erundina também quer bombardear o discurso de voto útil, pregado pelo PT. A última pesquisa Datafolha, de 10 de fevereiro, mostrou que, se ela desistisse, Marta seria a maior beneficiada.
Com Erundina, Marta tem de 30% a 33%. Sem ela, atinge 37% (leva 54% dos eleitores da deputada). Marta lidera em todos os cenários. Em segundo, está o PPB. Paulo Maluf tem 23%. Francisco Rossi, 15% e 18%. Em terceiro, surge Erundina (11% e 12%).
O presidente petista, José Dirceu, conversou com Erundina na semana passada. Disse que o partido pararia com as pressões públicas. O PT avaliava que os apelos pela mídia levariam Erundina a disputar até sem aliança.
A deputada, que condicionara a candidatura a um arco de alianças, disse ontem: ""Se não fizer alianças, vou sozinha com o PSB".
A Folha apurou que Erundina só desistiria no primeiro turno na hipótese de ela ou de Marta ficarem fora do segundo turno ou de vitória de um candidato à direita, como Maluf, já na primeira etapa. A deputada julga esses cenários praticamente impossíveis.
Erundina diz que não fará campanha contra o PT e que, se não for para o segundo turno, será ""o primeiro cabo eleitoral de Marta".
A prioridade da ex-prefeita nesse momento é fechar apoios e preparar o programa de governo.
Ontem, ela se reuniu com o pré-candidato do PPS Emerson Kapaz, que chegou ao encontro com a esperança de demovê-la da candidatura. Erundina reafirmou sua intenção de disputar, e agora é Kapaz quem sofrerá pressão para sair do páreo em favor dela.
A Folha apurou que Roberto Freire, presidente nacional do PPS, defende essa fórmula.
A deputada pretende ter o apoio do PDT, hoje mais próximo de Marta. As chances de uma composição com o PMDB, hoje, são praticamente nulas.
Erundina vai propor a criação de subprefeituras, reagrupando as administrações regionais. Os subprefeitos seriam eleitos. Avalia que, em um ano, aprova a idéia no Legislativo e a põe em prática.
Cada subprefeitura ficaria com uma parte dos recursos que gera para aplicar na região. ""Todos os partidos vão apoiar, pois abrirei mão de poder. Eles poderão lançar candidatos a suprefeitos, que teriam uma parcela de Orçamento próprio", declara.
Para mostrar que pretende começar logo a campanha, ela diz que o ex-secretário da Segurança Pública Antônio Cláudio Mariz coordena um grupo de programa de governo.


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